Como a inteligência artificial generativa vai impactar o futuro do trabalho
O que é IA generativa e o que ela significa para o futuro de nossos empregos
A inteligência artificial generativa está se tornando a nova menina dos olhos do Vale do Silício. Especialistas acreditam que em breve ela vai estar presente nos escritórios e em outros locais de trabalho: a Sequoia Capital, empresa focada em investimentos de alto risco, prevê que até 2023 a IA generativa será capaz de reunir artigos científicos e maquetes de design visual; até 2030, será capaz de escrever, projetar e codificar melhor do que os profissionais humanos das mesmas áreas.
No entanto, ninguém têm uma ideia muito clara de como isso vai se dar. Depois de ter passado mais de duas mil horas trabalhando com IA generativa e de ter fundado uma empresa que cria bots de IA para transformar o futuro do trabalho, passei a ter certeza de que provavelmente essa tecnologia será a maior impulsionadora da produtividade desde o advento da máquina a vapor. Mas isso só vai acontecer se entendermos tanto o seu potencial quanto as suas limitações.
Para começo de conversa, não há motivos para desespero: não acredito que a IA generativa vai tirar os empregos dos trabalhadores criativos. Contudo, ela mudará a maneira como eles trabalham e onde seu tempo e energia estarão concentrados.
A seguir, formulei algumas perguntas que nos ajudam a compreender o que uma IA generativa pode (e não pode) fazer e como isso afetará a maneira como trabalhamos:
O QUE É IA GENERATIVA?
A IA generativa é essencialmente uma forma muito avançada de texto preditivo. Ela permite que os usuários
A IA generativa mudará a maneira como as pessoas trabalham e onde seu tempo e energia estarão concentrados.
insiram prompts (descrições curtas) de texto e recebam de volta uma obra de arte, uma postagem de blog ou uma resposta sarcástica a uma pergunta. Mas como ela produz essa informação? Ela se tornou autônoma, pegando nossas opiniões e nos entregando algo novo de volta? Ela tem um algoritmo para responder a qualquer entrada possível?
Modelos avançados de IA digeriram centenas de bilhões de palavras. Agora, eles já são capazes de prever as combinações de palavras e frases mais prováveis. Isso permite que a IA generativa sugira qual palavra digitar a seguir. Mas, embora você até possa pedir a ela para contar uma piada, a resposta vai se limitar ao conjunto de dados que foram processados. Portanto, embora os bots de IA pareçam entender as nossas instruções, não é algo comparável à compreensão humana. Funciona mais como um preenchimento automático elaborado.
Por exemplo, se você pegar um bot de IA generativa e fornecer a ele o prompt 2+2 =, ele responderá com “2+2 = 4”. Mas não é porque ele tem um algoritmo interno, como uma calculadora, que processou sua solicitação. Ele apenas deduziu, a partir de todas as informações disponíveis na internet, que a resposta mais provável para 2+2 é de fato 4. Nesse caso específico, a resposta também é factualmente correta.
embora os bots de IA pareçam entender instruções, não é algo comparável à compreensão humana.
Dito isso, um preenchimento automático muito bom pode ser realmente produtivo. Pode pegar suas ideias, anotações e desenhos mal estruturados e produzir algo bonito a partir disso. Um brainstorming bruto pode se tornar o primeiro rascunho de um artigo. Uma lista de notas estratégicas pode se transformar em um plano de ação. Esses resultados podem até ser fantásticos, mas não são o produto final e não devem ser tratados como tal.
A IA GENERATIVA VAI MUDAR A FORMA DE TRABALHAR?
Em resumo, sim. Mas ela é limitada por natureza.
O primeiro passo para integrar a IA ao seu local de trabalho é entender suas limitações. Depois de receber bilhões de pontos de dados, a IA tem a inteligência teórica de um adulto, mas seu julgamento da vida real é equivalente ao de uma criança de dois anos. Ou seja, essa tecnologia é muito boa em seguir instruções, mas é péssima em saber quando tomar uma decisão ou se é a coisa certa a fazer.
Por causa disso, a IA generativa de hoje só é confiável para assumir atividades muito bem definidas. E, mesmo assim, apenas com uma estrutura robusta e personalizada para orientá-la e para revisar qualquer conteúdo antes de ser implantado. Se você é um CEO esperando que a IA substitua o pensamento de seu melhor funcionário, saiba que é improvável que isso aconteça tão cedo.
COMO APROVEITAR A IA GENERATIVA?
Acredito que, no curto prazo, a inteligência artificial não substituirá a maioria dos empregos. Mas, ao assumir tarefas que não exigem grande esforço mental, mas que consomem muito tempo, pode liberar espaço no dia para que a pessoa consiga fazer todo o resto que uma IA não pode fazer – coisas que exigem percepção humana de alto nível, empatia e pensamento crítico. Aqui estão três exemplos:
1. Escrita mais rápida
A IA generativa pode acelerar o processo de escrita. Você pode anotar alguns assuntos em sua mensagem principal, executá-la por meio de um programa como o copy.AI e obter em segundos um esboço de postagem com dois terços do caminho andado. Isso significa que sobrará mais tempo para você se aprofundar nas histórias, analisando quais tópicos estão despertando interesse e indo mais ao encontro das pessoas.
2. Melhoria no atendimento ao cliente
As funções voltadas para o cliente também têm vários usos para uma IA generativa. Se um funcionário tiver em mãos uma transcrição de qualquer conversa, uma IA generativa poderá produzir um resumo analítico do que foi dito. Ele pode quebrar elementos como: qual é o principal problema trazido pelo cliente? O que ele deseja de você? A IA consegue rapidamente filtrar os detalhes inúteis de uma conversa.
3. Esboços rápidos para produtos
Designers de produto podem usar a IA generativa para criar modelos visuais básicos de ideias, sem precisar passar horas na frente de um computador. Ao construir uma estrutura básica nos estágios iniciais, antes do feedback e das modificações, essa tecnologia pode dar mais tempo para os funcionários explorarem os aspectos criativos junto aos clientes.
A IA vai devolver às pessoas um tempo inestimável para fazer o trabalho que realmente importa.
Qual é o denominador comum disso tudo? Quando a IA executa todas essas tarefas altamente necessárias, presume-se que um humano está coordenando e idealizando o trabalho a ser feito. Porque a IA ainda não criou sequer um único pensamento original.
Por outro lado, a contribuição que um funcionário traz é um relacionamento mais profundo com o cliente, traduzindo o entendimento dessas conversas em comandos específicos e claramente definidos que a IA pode ajudar a executar.
Esse é o verdadeiro valor da inteligência artificial generativa no local de trabalho: eliminar tarefas demoradas, que não aproveitam a inteligência dos funcionários, e liberar tempo para os seres humanos fazerem tudo o que é “inautomatizável”: interagir com clientes em potencial, descobrir o que faz os olhos deles brilharem, fazer um brainstorming de soluções inovadoras para suas necessidades individuais.
A IA não substituirá os humanos. Mas vai revolucionar o futuro do trabalho, devolvendo às pessoas um tempo inestimável para fazer o trabalho que realmente importa.