Como a técnica L.O.V.E. vai ajudar você a se tornar alguém “bom de papo”

Habilidades interpessoais podem ajudá-lo a promover conexões genuínas

Crédito: Rawpixel.com

René Rodriquez 5 minutos de leitura

Todos nós conhecemos alguém que é muito bom de papo. O tempo voa, a gente dá boas risadas, se aproxima, cria laços, entra em assuntos mais profundos e sente que o encontro foi significativo. Uma relação de confiança é estabelecida e ficamos ansiosos para trocar ideia com essa pessoa outra vez.

Mas o que determina se alguém é ou não bom de papo? Mágica? Alguma espécie de química aleatória? Ou existe uma fórmula que explique essa habilidade?

A comunicação humana é um campo muito amplo, então vamos focar em apenas uma situação: as conversas entre duas pessoas. Dominar esse tipo de situação é o que algumas pessoas chamam de “a arte de saber conversar”.

Depois de estudar os fenômenos da comunicação por muitos anos e de praticar com milhares de pessoas, acredito que existe uma fórmula e uma sequência para dominar essa arte: o método L.O.V.E. (que tem esse nome por conta das iniciais de suas etapas em inglês: Listen, Observe, Validate e Expand).

Ouvir, Observar, Validar e Expandir. Fazer tudo isso pode até parecer relativamente fácil. Mas o processo de fazer isso corretamente e em sequência é difícil e, como quase tudo na vida, requer prática. Também envolve desaprender aquilo que já sabemos e fazemos no automatismo. Vou explicar cada etapa:

OUVIR

Um dos maiores erros que cometemos é esquecer de realmente ouvir o que os outros estão dizendo. Quando ouvimos com atenção de verdade, conseguimos formular uma resposta melhor e travamos uma conexão mais forte.

Basta uma revirada de olhos para mudar totalmente o significado da mensagem.

Um dos segredos para saber escutar os outros é exercitar a capacidade de limpar nossas mentes e ouvir sem nenhuma segunda intenção, sem querer se manter sempre no centro das atenções. Não podemos esperar que os outros nos escutem, a não ser que estejamos dispostos a escutá-los primeiro.

OBSERVAR

A observação inclui perceber a linguagem corporal e como ela, fisicamente, combina com o tom de voz, bem como perceber as outras mensagens não verbais que alguém nos envia quando fala. Se não observarmos, podemos perder essa pista chave para o cerne da mensagem.

Basta uma revirada de olhos ou uma inflexão diferente para mudar totalmente o significado da mensagem. Devemos procurar por pontos de conexão, como paixões em comum e gostos semelhantes. Os lugares onde nossas paixões se cruzam são o terreno ideal para manter diálogos e construir relacionamentos.

VALIDAR

Embora muitas vezes essa seja uma etapa esquecida, a validação é um dos elementos mais importantes para criar o sentimento de confiança e de que o outro está sendo valorizado na conversa.

Validar o discurso de alguém significa refletir de forma autêntica que, de alguma forma, o que aquela pessoa disse que nos impactou. Incline-se na direção do interlocutor, abra um sorriso, acene positivamente com a cabeça e mostre entusiasmo e emoção diante das palavras e ações que lhe são dirigidas.

Se omitirmos a validação, nossas conversas soarão mais como um interrogatório. Também devemos perceber que as conversas – pelo menos no começo – não são necessariamente um jogo de pingue-pongue.

EXPANDIR

Muitas conversas começam e terminam sem que os participantes se aprofundem, sem que eles saiam da zona da

Não podemos esperar que os outros nos escutem, a não ser que estejamos dispostos a escutá-los primeiro.

banalidade. São conversas superficiais, em que não conseguimos nos conectar com a outra pessoa. Precisamos ir além das pautas mais superficiais, que não contribuem para revelar quem somos e o que valorizamos.

Para ultrapassarmos essa barreira, é necessário expandir nossas interações, fazendo as perguntas certas, prestando atenção aos detalhes e conquistando a outra pessoa.

Ser proativo em encontrar interesses mútuos é a estratégia chave. Isso acontece quando exploramos nossa curiosidade sobre as pessoas. Alguns aspectos a abordar:

• O que motiva alguém?

• O que essa pessoa valoriza?

• Por que essa pessoa faz o que faz?

• Quais são suas paixões?

Quando seguimos essas pistas e fazemos perguntas expansivas, a conversa se aprofunda e segue através do fio que revela as paixões de cada um.

As pessoas dizem que construir uma relação de confiança leva tempo. Isso nem sempre é verdade. A confiança é uma fórmula e um processo que geralmente leva tempo para acontecer. Mas quando seguimos essas etapas autenticamente, a confiança acontece mais rapidamente.

PESSOAS QUE DRENAM NOSSA ENERGIA

Às vezes nos deparamos com pessoas que não são muito legais ou mesmo egoístas, arrogantes e até mesquinhas.

Se o outro realmente se provar uma má pessoa, podemos seguir em frente e dar graças a Deus por esse livramento.

Nesses casos, nossa tendência é simplesmente encerrar a conversa e seguir em frente. Em um ambiente de vendas, isso é bom porque ninguém quer fazer negócios com alguém que não compartilhe os mesmos valores.

No entanto, não estamos falando de interações nas quais estamos tentando obter algo em troca, mas de conversas em que queremos, de fato, encontrar algo de que gostamos nos outros. Se o outro realmente se provar uma má pessoa, não haverá motivo para nos sentirmos rejeitados. Poderemos apenas seguir em frente e dar graças a Deus por esse livramento.  

Cultivar conexões verdadeiras não é fácil. É preciso disciplina para ouvir em vez de falar apenas sobre si mesmo. É preciso autoconsciência, esforço e força de vontade. Mas, quando feito de forma eficaz e com sinceridade, o resultado é uma conexão mais profunda e bate-papos que fluem sem esforço.

A melhor parte é que, com o tempo, você esquecerá do processo, pois ele estará entranhado em quem você é: uma pessoa curiosa e humilde, que tem um interesse genuíno nas pessoas.


SOBRE O AUTOR

René Rodriguez é escritor, palestrante e coach de liderança. É autor de "Amplify Your Influence" (Amplie sua Influência). saiba mais