A liderança e seu papel na construção de uma cultura inclusiva

Uma abordagem vertical, que não escute as pessoas, está fadada ao fracasso

Crédito: Nnadia_Bormotova/ GettyImages

Harvey Deutschendorf 4 minutos de leitura

No mundo corporativo, muito tem se falado sobre a necessidade de “construir uma cultura inclusiva”. Mas, na maioria das empresas, o plano tem sido mais ou menos esse: a alta administração cria uma proposta, compartilha com o resto da empresa e motiva seu pessoal a agir. No entanto, como acontece com qualquer iniciativa que vem exclusivamente do topo, a adesão da base nem sempre é a esperada.

Quando não recebem informações verdadeiras, os funcionários tendem a responder com apatia, ou pior, com desprezo. Por isso, é preciso criar oportunidades reais para que as pessoas, em todos os níveis, possam contribuir com o processo geral de melhorar a inclusão na empresa.

Da parte dos líderes, é importante que eles se eduquem, incentivem, orientem e apoiem fortemente as iniciativas de inclusão. Para que elas sejam bem-sucedidas, todos os níveis de uma organização precisam estar envolvidos.

A seguir, destacamos algumas formas de os funcionários participarem do processo, fazendo com que se sintam parte importante das iniciativas de inclusão.

DAR OPORTUNIDADES DE FEEDBACK

Primeiro, crie oportunidades para que os funcionários deem feedback sobre o que a diversidade deveria significar para a empresa e quais deveriam ser as metas. Permita que as pessoas descubram como seu papel se encaixa na diversidade geral da empresa.

Cada um pode se envolver em um comitê de diversidade em sua área ou unidade, reunindo-se regularmente para compartilhar ideias com os demais participantes.

Permita que as pessoas descubram como seu papel se encaixa na diversidade geral da empresa.

É importante que essas ideias sejam levadas em conta no nível gerencial, onde as decisões são tomadas. Mesmo que não sejam implementadas, os líderes precisam deixar claro que as ideias foram ouvidas e consideradas.

Além disso, precisam explicar as razões pelas quais uma determinada ideia não foi aceita. Ignorar a contribuição que foi solicitada destruirá rapidamente qualquer entusiasmo inicial que os funcionários tenham em apoiar uma iniciativa.

DISCUTIR OS PRECONCEITOS

Preconceitos, muitas vezes, vêm de ignorância e mal-entendidos. Quanto mais aprendemos sobre grupos diferentes de nós mesmos, maior a probabilidade de abraçarmos a importância de uma cultura inclusiva.

Os líderes podem encorajar oportunidades para compartilhar o que torna a equipe diferente e única, organizando eventos onde as pessoas tragam pratos típicos de sua cultura de origem ou oferecendo oportunidades para falarem sobre ela, compartilharem músicas e costumes significativos dessa cultura.

Mesmo que as ideias não sejam implementadas, os líderes precisam deixar claro que elas foram consideradas.

No entanto, devemos ter cuidado para não deduzir que todos ficarão confortáveis ​​com essa proposta e que sempre desejarão compartilhar suas experiências. A participação tem que ser inteiramente voluntária. Pode ser necessário trazer palestrantes de fora ou funcionários de outras partes da organização.

PROMOVER A EMPATIA

Um dos principais determinantes da inteligência emocional, a empatia aumenta a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro e de entender o que ele está vivenciando. Pessoas empáticas promovem um local de trabalho mais inclusivo e diversificado.

Os líderes podem aumentar a empatia ao procurá-la nos candidatos durante o recrutamento, mas também podem desenvolvê-la no local de trabalho.

Embora a administração possa oferecer dias de folga e financiamento para cursos e outros métodos para aumentar a empatia, os próprios funcionários devem ter a possibilidade de escolher como querem proceder. Permitir a participação e escolha da equipe, seja por voto direto ou por meio de comitês, aumenta o nível de participação e de adesão.

Quando a empatia aumenta, tanto os líderes quanto os membros da equipe se sentem ouvidos e incluídos.

“Construir empatia também contribui para melhorar a capacidade dos funcionários de serem melhores líderes e membros de equipe”, garante Lynne Azarchi, especialista no assunto. “Quando a empatia aumenta, tanto os líderes quanto os membros da equipe se sentem ouvidos e incluídos.”

Outra maneira de promover a empatia é incentivar o voluntariado. As pessoas precisam ter tempo livre e receber créditos pelo trabalho voluntário em empresas que são conhecidas por trabalhar com diversos grupos e culturas. Mas devem sempre ter a chance de escolher onde querem ser voluntários.

Os esforços pela diversidade e inclusão precisam estar enraizados na empresa. Os funcionários podem ser incentivados a compartilhar o que aprenderam trabalhando com outras pessoas. Por exemplo, podem falar sobre como trazer diferentes perspectivas foi útil para desenvolver um plano, tomar uma decisão sobre um projeto ou criar harmonia entre a equipe.

A inclusão não é uma corrida de 100 metros rasos. É uma jornada contínua, por isso o esforço também tem que ser contínuo e constante. O papel dos líderes é dar suporte, direção e recursos, garantindo que a equipe receba o máximo de informações possível para determinar como realmente deseja implementar a inclusão.


SOBRE O AUTOR

Harvey Deutschendorf é especialista em inteligência emocional, escritor e palestrante. Para responder ao teste de inteligência emocion... saiba mais