Como dar suporte à saúde mental no ambiente trabalho

Crédito: Fast Company Brasil

Kathleen Davis 3 minutos de leitura

Várias palavras definiram o ano de 2020, como: Doomscrolling (tendência de continuar navegando ou percorrendo notícias ruins, mesmo que sejam entristecedoras, desanimadoras ou deprimentes), distanciamento social e rastreamento de contatos. Mas, à medida que 2021 chega ao fim e entramos em mais um ano de pandemia, muitos citam “burnout” como a palavra que definiu o ano. Este ano, um número recorde de pessoas abandonou seus empregos e o burnout é um dos principais motivos.

Isso não é nenhuma surpresa, a pandemia gerou ansiedade, solidão e angústia e muitos de nós ainda estamos processando esses sentimentos. Além disso, o trabalho começou a exigir mais de todos. Trabalhadores essenciais, especialmente os da área da saúde, continuam trabalhando horas extenuantes em condições péssimas. Mesmo quem teve a sorte de poder trabalhar remotamente viu sua jornada aumentar, com o trabalho invadindo a vida pessoal e a sensação de exaustão por passar o dia em frente a uma tela.

Uma pesquisa do Centro americano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) apontou que 37% das pessoas afirmaram estar ansiosas ou deprimidas, dado que, antes da pandemia, em 2019 era de apenas 11%. Além disso, segundo estimativas, metade da população americana terá algum sintoma de doença mental em algum momento da vida.

Embora muitas empresas ofereçam planos de saúde como benefício aos seus funcionários, a maioria deles possui cobertura de saúde mental quase insignificante, quando possui. E, em muitos ambientes, este ainda é um assunto considerado tabu.

Mas agora abordar a saúde mental no trabalho tem se tornado um imperativo empresarial. Dar suporte ao bem-estar mental dos funcionários traz ganhos para a cultura da empresa e para a produtividade; segundo estimativas, a cada U$1 investido no suporte à saúde mental no trabalho, há um retorno de U$4.

Para ajudar a entender como esse suporte deve ser feito, conversei com a psicóloga Jessica Jackson. Jackson também é Líder Global de Diversidade, Equidade, Inclusão e Pertencimento na Modern Health, que presta serviços de saúde mental para empresas.

Neste episódio do podcast The New Way We Work, ela apontou alguns dos motivos pelos quais a saúde mental finalmente entrou no debate público. Como as pessoas estão sentindo estresse prolongado e fadiga devido a pandemia, elas começam a se sentir mais confortáveis em admitir quando não estão bem. Jackson diz que tem ouvido pessoas dizerem “Não consigo mais fingir que estou bem quando não estou”. E explica: “Isso ajuda a normalizar a conversa já que, quando você admite não estar bem, você abre espaço para que outras pessoas possam dizer o mesmo. Isso ajuda a criar um ambiente em que as pessoas se sentem confortáveis para falar sobre o assunto.” Jackson também cita a mudança geracional que está acontecendo em muitas empresas, “A Geração Z fala abertamente sobre saúde mental. Para eles o assunto já está normalizado.”

Ela aponta que é crucial que empresas ofereçam benefícios que atendam a saúde mental, não apenas porque funcionários mais jovens já esperam que elas o façam, mas também porque é uma importante ferramenta de retenção. “Eles [funcionários mais jovens] buscarão esses benefícios. Se você deseja contratar funcionários de uma forma competitiva, você precisa oferecer às pessoas o que elas procuram. A Geração Z não enxerga mais esse benefício como um privilégio. Virou parte do contrato.”

Porém, ela aconselha, não basta apenas oferecer o benefício, é preciso demonstrar como ele pode ser utilizado. Ela explica: “Falamos sobre bem-estar mental quando as pessoas estão angustiadas ou em crise, [mas precisamos] normalizar que isso, na verdade, é um espectro. Talvez você não esteja sentindo nada, mas ainda assim, quer se sentir melhor, quer aprender, quer crescer. É um benefício que não é restrito àqueles que estão passando por um momento difícil.”

Ouça o episódio para saber mais sobre como esse suporte está diretamente ligado à Diversidade, Equidade, Inclusão e Pertencimento, também como reduzir o estigma em relação ao tema e sobre os benefícios de priorizá-lo no trabalho.


SOBRE A AUTORA

Kathleen Davis é editora adjunta da Fast Company. saiba mais