Como descobrir se um candidato a emprego está mentindo no currículo

Alguns sinais de alerta podem indicar que você precisa investigar mais a fundo o histórico de um candidato a uma vaga de emprego

Crédito: zhazhin_sergey/ Getty Images

Stephanie Vozza 3 minutos de leitura

O seu currículo usa um pouquinho de imaginação? Você dá uma exagerada aqui e ali? Conta alguma mentira descarada? De acordo com uma pesquisa feita com mil candidatos realizada pelo construtor de currículos online Resume Genius, quase metade dos candidatos a vagas já mentiu ou pensou em mentir no currículo.

O relatório revela que a mentira mais comum é esconder "vazios" na carreira, seguida por exagero nos cargos e alteração nas datas de emprego. Candidatos da geração Z são os mais propensos a mentir – o que faz sentido, pois eles geralmente têm um histórico menor. Além disso, homens são uma vez e meia mais propensos a mentir do que mulheres, especialmente quando se trata de cargos anteriores.

As mentiras podem assumir diferentes formas, explica Victoria Potapenko, recrutadora do site de empregos Jooble. “Se falarmos sobre informações falsas relacionadas a nomes, locais de trabalho, educação ou diplomas, isso é problemático, claro”, diz ela.

“É uma questão completamente diferente se a mentira diz respeito a responsabilidades, conhecimentos ou conquistas. Na minha opinião, essas mentiras não têm como ser descobertas apenas com base no currículo, sem uma comunicação presencial.”

SINAIS DE ALERTA

Se você está contratando, alguns sinais de alerta podem indicar que nem tudo naquele currículo é verdade. Nathan Soto, especialista em carreira do Resume Genius, sugere procurar por responsabilidades e resultados exagerados.

“Os candidatos vão apresentar as responsabilidades que tinham da melhor forma possível, incluindo números, e usando termos poderosos. Por isso, ver alguns exageros não é nada de mais e nem, necessariamente, um sinal de alerta”, afirma. “Mas números que parecem bons demais para ser verdade – como afirmar que trabalhava com orçamentos de muitos milhões, por exemplo – precisam ser verificados.”

O oposto também pode indicar que algo não está certo, por exemplo, listar habilidades de forma vaga, como “ajudei a aumentar as vendas”, diz Avery Morgan, especialista em produtividade no trabalho e diretora de recursos humanos da EduBirdie. “Todo mundo sabe que resultados mensuráveis são importantes nos currículos, então, se eles existissem, seriam mencionados.”

Tetiana Hnatiuk, chefe de RH da Skylum, uma empresa de software de edição de imagens, concorda. “Se as descrições e responsabilidades dos empregos anteriores forem muito genéricas e não forem sustentadas por exemplos concretos, como portfólios, isso é um sinal de alerta para mim”, diz ela. “Na hora já acho que o candidato não sabe do que está falando, porque nunca trabalhou realmente naquele cargo.”

Antes de entrar em contato com um candidato, verifique as informações que ele colocou no currículo.

Se você nunca ouviu falar de uma faculdade ou universidade que alguém afirma ter frequentado, Soto recomenda fazer uma pesquisa sobre a instituição e o diploma listado pelo candidato. “Falsificar grau de educação é uma mentira séria no currículo, que pode ser facilmente comprovada fazendo uma pesquisa”, diz ele.

Mais um sinal sutil de que um currículo pode ser bom demais para ser verdade é quando ele combina perfeitamente com a descrição da vaga, usando as mesmas palavras. “A IA pode gerar currículos assim facilmente”, ensina Morgan.

O QUE FAZER EM CASO DE SUSPEITA

Antes de entrar em contato com um candidato, verifique as informações. “Cheque referências, confirme os cargos, faça uma checagem no LinkedIn e solicite verificações de antecedentes que possam confirmar o histórico de um candidato”, sugere Morgan. “Outra medida é entrar em contato com alguém da empresa em que o candidato trabalhou, mas que não tenha sido indicado por ele.”

Se um currículo for claramente fabricado e o candidato não se encaixar no perfil desejado, Hnatiuk diz que a pessoa não chega à primeira rodada de entrevistas. “Se o candidato for o que estamos procurando mas eu tiver dúvidas sobre o currículo dele, sempre pesquiso as empresas em que ele trabalhou e o LinkedIn da pessoa”, diz ela.

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Se você decidir prosseguir com uma entrevista, Hnatiuk recomenda anotar os detalhes que quer verificar. “É muito mais difícil mentir em uma reunião presencial”, diz ela.

Morgan sugere fazer perguntas detalhadas sobre a experiência de trabalho e os desafios anteriores. “Preste atenção nas lacunas ou na falta de detalhes”, ela afirma.

No entanto, não pressione demais se suspeitar de desonestidade – as pessoas tendem a ficar nervosas durante as entrevistas, e um questionamento muito agressivo pode criar estresse desnecessário, levando a respostas defensivas ou menos pensadas.


SOBRE A AUTORA

Stephanie Vozza escreve sobre produtividade e carreira na Fast Company. saiba mais