Como falar de IA na entrevista de emprego se você sabe pouco sobre isso
Três especialistas em recrutamento compartilham a melhor forma falar sobre IA na entrevista de emprego, mesmo para iniciantes na tecnologia

Conforme a inteligência artificial vai roubando a cena, quem busca uma vaga no mercado de trabalho precisa adaptar sua estratégia para se destacar no processo seletivo, incluindo aprender a falar sobre IA na entrevista de emprego – mesmo que saiba pouco sobre o assunto.
Isso porque os recrutadores começaram a incluir perguntas sobre como os candidatos utilizam a IA no trabalho. De acordo com especialistas da área, essas perguntas vão se tornar cada vez mais comuns conforme o tempo for passando e a IA continuar a evoluir.
Aliás, 88% dos líderes de empresas afirmam que acelerar a adoção da IA é uma prioridade para o próximo ano, de acordo com o Relatório de Mudanças no Trabalho de 2025 do LinkedIn.
Isso pode ser assustador para quem não trabalha diretamente com tecnologia. Na certa, você não quer dizer a um entrevistador que usa o ChatGPT para escrever e gerar ideias para tudo, mas também não quer parecer desatualizado.
Perguntamos a três especialistas em recrutamento de diferentes setores como quem não é especialista em tecnologia pode falar sobre IA na entrevista de emprego.
Dica 1: demonstre curiosidade
Boa notícia! Não ter habilidade com IA não é um impeditivo. Mesmo que você esteja longe de ser um expert, é importante demonstrar sua curiosidade sobre a tecnologia durante a entrevista, afirma Gillian Davis, diretora de pessoas da empresa de comunicação estratégica Mission North.

Ela recomenda que os candidatos falem sobre sua disposição para aprender e se adaptar rapidamente. “É mais importante que você tenha interesse em IA, que tenha curiosidade sobre ela e que esteja disposto a vê-la como um complemento poderoso ao seu talento”, aconselha.
Davis sugere que você mostre sua compreensão sobre as capacidades da IA, sobre como aplicá-la em cenários do mundo real e sobre sua disposição para continuar aprendendo e se adaptando à nova tecnologia. Por exemplo: você pode falar sobre formas como usou a IA para ser mais produtivo e reservar tempo para realizar as tarefas de maior valor do seu trabalho.
Segundo a executiva, quando ela conversa com candidatos que têm receio de integrar a IA ao trabalho, vê isso como um “sinal vermelho”. “Este já não é o mundo em que vivemos”, afirma.
Dica 2: saiba com quem você está lidando
A maioria das maiores empresas, no mundo todo, está adotando IA e buscando maneiras criativas de usar essa tecnologia, afirma Siobhan Savage, CEO da plataforma de inteligência corporativa Reejig.
Para entender melhor a visão de qualquer empresa sobre a IA, Savage recomenda analisar o relatório financeiro mais recente da companhia, já que os CEOs costumam ser “bem verborrágicos” sobre as atitudes das suas empresas em relação à IA.

Ela sugere que você forneça exemplos específicos sobre como usa a IA para otimizar seu trabalho, caso esteja sendo entrevistado para uma empresa que está adotando a tecnologia.
Se, por outro lado, a empresa não falou muito sobre a adoção de IA, ela sugere destacar o fato de que você está se mantendo atualizado em relação aos últimos desenvolvimentos.
Por exemplo, você pode contar que usou IA para automatizar as partes mais simples do seu trabalho ou falar sobre como outras pessoas do seu setor estão utilizando a inteligência artificial.
“Não importa se você trabalha com tecnologia ou relações públicas”, diz Savage. “Todo mundo em uma empresa se importa com a produtividade.”
Dica 3: forme uma opinião
Quando está entrevistando candidatos para sua empresa de RP, o presidente da Shore Fire, Mark Satlof, gosta de usar perguntas sobre IA como uma conversa casual. Mas ele trata as respostas como um teste, onde aprende muito sobre o trabalho e os valores dos candidatos.
“Você pode responder de mil maneiras diferentes e não sei se há uma resposta certa ou errada”, diz Satlof. No entanto, ele observa que não teria interesse em contratar alguém que diga que nunca usaria IA.

Ele quer que os candidatos “tenham alguma opinião” e “mostrem engajamento” com os desenvolvimentos tecnológicos. Não tem problema se alguém for cético em relação à IA ou, por outro lado, totalmente entusiasmado com a tecnologia. Satlof só quer que sua opinião seja baseada em pesquisa e conhecimento.
O executivo recomenda que os candidatos façam sua lição de casa antes de qualquer entrevista sobre as diversas áreas e capacidades da IA. Por exemplo, os candidatos devem entender a diferença entre o conceito amplo de IA e os detalhes sobre o que é um grande modelo de linguagem (LLM).
Se você está se perguntando qual seria essa diferença, IA refere-se a tudo o que um computador faz para simular tarefas complexas e os LLMs são um tipo de IA que interpreta e gera linguagem humana.
Candidatar-se a um emprego, muitas vezes, é uma experiência estressante e pode ser difícil saber o que dizer em todos os momentos. Mas pesquisando sobre a empresa, revisando os fundamentos da IA e expressando sua disposição para aprender, você tem tudo para se apresentar como um bom candidato para qualquer vaga.