Como funcionários da Accenture e do Walmart estão usando a realidade virtual

As tecnologias imersivas passaram da teoria para a prática

Crédito: Accenture

Phil Simon 4 minutos de leitura

Durante décadas, muita gente achava que a realidade virtual não passava de uma fantasia futurista. Nos últimos anos, porém, as tecnologias imersivas avançaram bastante. Agora, são as empresas que estão começando a adotar esse tipo de tecnologia. Veja como:

Walmart abraça o treinamento de funcionários com uso de alta tecnologia

Em 2017, o Walmart começou a utilizar os Oculus Rift, óculos de realidade virtual (RV), em seus centros de treinamento. Graças à RV, a empresa começou a ter uma nova percepção sobre as habilidades dos funcionários e como desenvolvê-las.

A rede varejista usou essa tecnologia para oferecer treinamento de maneiras inovadoras. Segundo a empresa, os resultados têm sido animadores, com melhorias nas pontuações dos testes de funcionários em sessões de treinamento baseadas em RV.

Nas palavras de Andy Trainor, vice-presidente de aprendizado da empresa:

a realidade virtual permite que você crie, de maneira artificial, cenários seguros que recriam situações da área de vendas.

“Quando usamos o Oculus Rift VR nas salas de aula, notamos um aumento de 5% a 10% nas pontuações dos testes. Estamos começando a substituir alguns módulos do sistema de gerenciamento de aprendizado global, que podem levar de 30 a 45 minutos, e fazendo a transição para um módulo de três a cinco minutos em um ambiente de realidade virtual."

“Obviamente, na vida real as pessoas não têm a oportunidade de treinar depois do expediente e não querem atrapalhar as interações que estão acontecendo na loja com os clientes. Mas a realidade virtual permite que você crie artificialmente cenários seguros que recriam situações da área de vendas.”

Os executivos do Walmart descobriram que a RV funciona especialmente bem quando a empresa está lançando e ensinando novas tecnologias e processos. A UPS e a Fidelity também incorporaram com sucesso essa tecnologia aos seus programas de treinamento.

 Accenture reinventa as reuniões, a colaboração e a integração

A Accenture é uma empesa de consultoria de TI que emprega mais de 700 mil pessoas. Seus serviços incluem segurança de rede, computação em nuvem e gerenciamento de mudanças. Por que não ganhar algum dinheiro ajudando outras pessoas a entender o tão comentado metaverso?

Mas como os consultores da Accenture podem justificar suas altas apostas se a própria empresa não cumpre dentro de casa o que promete? Bem, em meados de março de 2022, a empresa publicou uma nova página em seu site promovendo suas ofertas de metaverso.

Ao mesmo tempo, detalhou seus esforços internos para fundir os mundos físico e digital.

“O metaverso empresarial da Accenture, conhecido como Nth floor, refere-se aos ambientes virtuais que criamos para reunir as pessoas para conhecer, colaborar e aprender. Seja hospedando reuniões ou socializando, o metaverso é uma solução versátil e escalável para reunir uma força de trabalho geograficamente distribuída."

“Além disso, a Accenture criou gêmeos digitais de muitos de seus escritórios físicos, de Bangalore(Índia) a Madri (Espanha) e São Francisco (EUA), proporcionando ambientes familiares para que seu pessoal se encontre, colabore e faça networking.”

A empresa informou que 150 mil novos funcionários trabalharam em seu metaverso no primeiro dia. Outros milhares participaram de eventos e sessões de treinamento. Para ajudar a inaugurar esta nova era e promover as ofertas da Accenture, alguns funcionários estão incorporando o Nth Floor em suas mídias sociais.

A expectativa é que mais organizações sigam os passos da Accenture e do Walmart, especialmente em relação ao treinamento de funcionários.

A RV VAI SE ESPALHAR 

Em seu livro "Experience on Demand" (de 2018), o professor de comunicação na Universidade de Stanford Jeremy Bailenson, fundador do Virtual Human Interaction Lab. diz:

A expectativa é que mais organizações sigam os passos da Accenture e do Walmart, especialmente em relação ao treinamento de funcionários.

“Para mim, o aspecto mais empolgante do ensino de RV é seu potencial de democratizar o aprendizado e o treinamento. Com certeza, não será tão fácil quanto apenas fazer o download de um programa de kung fu em poucos segundos, como o personagem Neo faz no filme 'Matrix'. Aprender habilidades especializadas exige dedicação, foco e muita, muita prática. Mas os avanços na RV significam que, eventualmente, todos terão acesso a recursos que podem colocá-los no caminho do desempenho especializado – caso estejam dispostos a praticar.”

Já nos acostumamos a fazer cursos universitários online ou comprar aulas avulsas em diversos outros mercados. Em um futuro não muito distante, diremos o mesmo sobre tecnologias imersivas, especialmente quando as empresas de tecnologia melhorarem seus dispositivos, adicionarem novos recursos e reduzirem os preços.

Resumindo: as tecnologias imersivas passaram da teoria para a prática. Pode apostar que vai haver uma adoção generalizada em várias disciplinas, especialmente conforme as empresas forem adotando o trabalho híbrido.

Extraído com permissão de "The Nine: The Tectonic Forces Reshaping the Workplace", de Phil Simon, publicado pela Racket Publishing.


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