Como ter (ou não ter) filhos afeta a carreira de homens e mulheres
A Pew Research divulgou dados de uma pesquisa recente que analisa o que significa não ter filhos nos Estados Unidos em 2024
Enquanto algumas pessoas dizem que ter filhos é um imperativo biológico, outros podem argumentar que ser uma mulher sem filhos – ou ser apenas "mãe de pet" – facilita muito a realização de grandes projetos profissionais. Afinal de contas, entre os adultos sem filhos estão nomes como o da bilionária Taylor Swift.
As mulheres que não são mães dispõem, de fato, de mais tempo, mais energia e mais recursos para fazer o que bem entenderem, inclusive para iniciar uma carreira brilhante na política. Isso porque vivemos em uma sociedade na qual as mulheres geralmente carregam a maior parte da responsabilidade pelos cuidados com as crianças.
Para entender melhor o que significa não ter filhos nos Estados Unidos de hoje, a Pew Research divulgou um estudo sobre as pessoas que não são pais ou mães.
Os pesquisadores entrevistaram mais de 2,5 mil adultos com mais de 50 anos que não tiveram filhos e 770 adultos com idade entre 18 e 49 anos que também não são pais, para obter informações sobre o impacto da ausência de filhos na vida de uma pessoa. Infelizmente, os dados não dizem nada sobre a adoção de gatos e cães, mas cobrem as diferenças de gênero.
Veja a seguir os principais destaques da pesquisa.
DIFERENTES MOTIVOS
De modo geral, os adultos mais jovens têm maior chances de não desejar filhos porque preferem canalizar sua energia para outras atividades ou porque simplesmente não têm dinheiro para arcar com as despesas.
Cerca de 44% dos adultos mais jovens declararam que não tiveram filhos porque queriam focar em outras coisas, em comparação com 21% dos adultos mais velhos.
Quanto às condições financeiras para criar um filho, 36% dos adultos mais jovens afirmaram que não tinham recursos, em comparação com 12% dos adultos mais velhos.
IMPACTO
Os dois grupos etários estão de acordo sobre o fato de terem mais tempo disponível e mais recursos para dedicar ao trabalho, aos hobbies e à socialização. Os entrevistados mais jovens (61% versus 44%) foram mais propensos a afirmar que isso os ajudou a ter sucesso em suas carreiras.
50% das mulheres afirmaram que o fato de não serem mães facilitou o sucesso em suas carreiras.
Enquanto 45% do grupo mais jovem e 35% do grupo mais velho disseram que tinham mais tempo para fazer networking, um terço disse que tinham mais responsabilidades e menos flexibilidade no trabalho se comparados aos seus pais.
DIFERENÇA ENTRE GÊNEROS
No caso dos adultos mais velhos, 50% das mulheres afirmaram que o fato de não serem mães facilitou o sucesso em suas carreiras, em comparação com 39% dos homens. Além disso, 42% das mulheres com 50 anos ou mais disseram que sentiam pressão social para ter filhos, em comparação com apenas 27% dos homens.
As mulheres mais jovens (41%) são mais propensas do que os homens mais jovens (26%) a declarar que o assunto sobre ter ou não ter filhos surge em conversas com amigos.
Os autores do relatório também observaram que, entre as mulheres que trabalham, as que não têm filhos ganham salários mais altos (US$ 4.232 por mês) em comparação com as mães (US$ 3.407). Já para os homens, o oposto é verdadeiro – os pais ganham mais (US$ 5.292 versus US$ 4.392).
Os dados ilustram o que já sabemos intuitivamente: vivemos em uma sociedade desigual, onde homens sem filhos ainda ganham mais do que as mulheres sem filhos (em média). Para as mulheres, por conta do machismo arraigado, o caminho mais óbvio e mais curto para se destacar na carreira continua sendo dizer não à maternidade.