Como vencer o medo de falar em público usando técnicas de humor

Aprenda três táticas inteligentes para superar sua glossofobia, aerofobia e outras ansiedades

Crédito: Istock

Peter Weltman 4 minutos de leitura

O medo de falar em público assombra muita gente. Segundo a associação norte-americana NSAC (Centro Nacional de Ansiedade Social), essa é uma das fobias mais recorrentes, ficando apenas atrás do medo da morte, de aranhas e de altura. A ansiedade de falar em público, ou glossofobia, afeta surpreendentes 73% da população.

Já organizei eventos e me apresentei em conferências em todo o mundo, mas também sei o que é sentir as palmas das mãos suadas, náusea, aumento da frequência cardíaca, postura enfraquecida, visão turva e o branco total na hora de me apresentar.

Porém, nada se compara ao pânico quando estou prestes a pegar um voo. E não estou sozinho nessa: cerca de 40% da população relata algum medo de voar. Se as mesmas sensações de cortisol que me atormentam cada vez que entro em um avião criam uma reação de medo semelhante à de falar em público, será, então, que tratar uma fobia pode ajudar a melhorar a outra? Eu aprendi que sim.

não se trata de eliminar os efeitos negativos do nervosismo, mas sim de saber administrá-los.

Para acalmar a ansiedade de voo, passei um ano em terapia cognitivo-comportamental (TCC), para retrabalhar meus caminhos neurais confusos que tornavam a viagem de avião insuportável. Essas lições também ecoaram em um curso recente de que participei: “Aprendendo a falar em público através da Comédia”, com Dave Nihill .

O comediante partilhou um pequeno segredo com o público: fica nervoso toda vez que sobe no palco. Ele disse à audiência que, do orador mais novato ao mais experiente, seja na frente de meia dúzia de colegas ou milhares de desconhecidos em um teatro, essas reações corporais podem surgir. 

Para Nihil, contudo, não se trata de eliminar os efeitos negativos do nervosismo, mas sim de administrá-los. Essa declaração me remeteu às técnicas da TCC, que aprendi enquanto trabalhava para superar o medo de voar.

Pode até ser que nunca sejamos capazes de eliminar alguns medos, mas pelo menos é possível mantê-los sob controle. Em algum momento, entre meus ataques de pânico e as técnicas de comédia, aprendi a trabalhar em direção ao equilíbrio.

Há três posturas que qualquer pessoa pode adotar para superar esse tipo de nervosismo e alcançar seus objetivos.

SE APRESENTE COM HUMOR

Uma estratégia crucial que aprendi na TCC foi a de menosprezar meu medo, até mesmo inventando um apelido bobo para ele. Personificar os sentimentos os torna mais concretos e, consequentemente, menos assustadores. É no reconhecimento saudável e alegre do medo que consigo começar a administrar seus efeitos colaterais.

Mostrar a própria vulnerabilidade, com senso de humor, conquista a plateia e deixa o orador mais relaxado.

Nihil propõe algo semelhante, incluindo uma técnica para chamar a atenção para os sintomas do medo e fazer piadas sobre isso.

Por exemplo, se o desconforto te forçar a esfregar as mãos obsessivamente quando está no palco, você pode brincar com isso, dizendo algo como: “Estou tão nervoso que não consigo parar de esfregar as mãos, que nem um vilão de desenho animado!”

Mostrar a própria vulnerabilidade, com senso de humor, conquista a plateia e deixa o orador mais relaxado.

ABRACE A CONEXÃO COM O PÚBLICO

Para mim, o que funciona para barrar o pânico enquanto estou em um voo é conversar com as pessoas ao meu redor. Isso cria um ambiente amigável e ajuda a sair da negatividade em que meu cérebro está tentando me afundar.

o medo nos encolhe. Uma voz firme faz a pessoa brilhar e se conectar com o que está ao redor.

Da mesma forma, Nihill explicou que a maioria dos esquetes de humor começa construindo uma identificação, fazendo o público aplaudir ideias aleatórias, ídolos em comum etc. Isso garante que a multidão desligue o celular, mas também ajuda a construir um relacionamento entre o artista e o público.

Ele também sugeriu que o orador fale uns 20% mais alto quando subir ao palco e começar a falar. Por quê? Porque o medo nos encolhe. Uma voz firme faz a pessoa brilhar e se conectar com o que está ao redor.

Outro benefício de falar mais alto do que o normal é que isso ajuda a eliminar sons de hesitação e falar em um ritmo mais lento – duas habilidades importantes para discursar para muita gente. Essas estratégias criam espaços compartilhados e constroem conexão com os ouvintes – o que pode diminuir os níveis de ansiedade.

CONTROLE APENAS O CONTROLÁVEL

Variáveis ​​que estão fora de controle podem gerar pânico. Embora eu não possa determinar o quão lotado um aeroporto estará, se o voo vai atrasar ou não ou outros imprevistos do dia do voo, há outros fatores que controlo: posso escolher um assento no corredor, mascar chicletes e selecionar músicas calmas para ouvir.

Nihill sugere o mesmo para os palestrantes: embora a falta de familiaridade com o local possa aumentar o medo de um fiasco, é importante assumir o controle daquilo que está sob o seu alcance. Ele sugere, por exemplo, chegar mais cedo para se familiarizar com o ambiente, garantir que a apresentação funcione e preparar o palco da maneira mais confortável.

Todos esses detalhes aumentam o relaxamento devido à sensação de controle. Seja para enfrentar o medo do público ou o de avião, o segredo é se preparar. Quando as coisas saírem do controle, pelo menos seu quadro emocional estará melhor para lidar com isso.


SOBRE O AUTOR

Peter Weltman é empresário e contador de histórias, diretor da empresa de mídia Man of the World Media. saiba mais