Contra o pessimismo silencioso: 3 passos para cultivar otimismo real

O pessimismo pode prejudicar sua empresa sem que você perceba. Veja como ajudar sua equipe a se manter motivada e engajada

silhueta masculina olha para o céu através de uma grande janela circular
Créditos: Mikkel William/ Getty Images/ Clicker Happy/ Pexels

Aytekin Tank 3 minutos de leitura

Quando estava na faculdade, um amigo me convenceu a fazer aulas de improvisação. Como sou bastante introvertido, aquilo estava totalmente fora da minha zona de conforto.

No primeiro dia, fiquei tão nervoso que achei que fosse desmaiar. Mas acabei adorando e aprendendo muito. Além dos exercícios para relaxar e perder a timidez, descobri o poder do “sim, e...”.

No improviso, “sim, e...” não é apenas uma frase: é uma atitude. Significa aceitar qualquer ideia ou proposta que apareça, por mais improvável que seja, em vez de rejeitá-la de imediato. Esse mantra fazia nossas cenas fluírem melhor e acabou se tornando uma lição que levei para a vida. A partir daquele momento, passei a usá-la no meu dia a dia.

No trabalho, o “sim, e...” significa ter uma atitude otimista – tentar enxergar valor na ideia de alguém em vez de descartá-la automaticamente. O pessimismo, como aprendi na prática, pode se infiltrar em silêncio, prejudicando o desempenho, a motivação e a criatividade.

Pesquisas mostram que pessoas pessimistas têm cinco vezes mais chances de sofrer burnout, são menos engajadas e têm mais dificuldade de construir relações fortes com colegas.

Líderes desempenham um papel fundamental nessa mudança de mentalidade, de um pensamento pessimista para uma visão mais otimista. Mas isso não é algo que se resolve com frases motivacionais ou reuniões animadas. Aqui estão três maneiras práticas de estimular o otimismo no ambiente de trabalho:

1. Ter uma mentalidade voltada para soluções

Antes de mais nada, é importante lembrar: pessimismo não é sempre um problema. Especialistas apontam que, em alguns casos, o pessimismo pode ser útil – pode ajudá-lo a proteger recursos e corrigir rotas. Muitas vezes, o trabalho de um pessimista é mais minucioso e detalhado.

O problema surge quando a visão negativa não vem acompanhada de alternativas. Por exemplo: rejeitar a ideia de um novo produto apenas por acreditar que o mercado já está saturado.

Quando líderes respondem a desafios com curiosidade, e não com cinismo, criam um ambiente no qual as equipes se sentem livres para explorar novas possibilidades. No exemplo acima, em vez de descartar a ideia, você poderia investigar o diferencial do produto ou identificar um nicho que a concorrência não atende.

Pensar em soluções não significa aceitar qualquer proposta. Significa entender de onde vem a resistência e abrir espaço para possibilidades que façam a conversa avançar.

2. Reconhecer os desafios sem ficar preso neles

Como qualquer coisa em excesso, otimismo demais também pode ser prejudicial. Existe até um nome para isso: “positividade tóxica” – quando as pessoas são pressionadas a agir como se tudo estivesse bem, mesmo quando não está. Na melhor das hipóteses, é apenas um esforço inútil. Na pior, gera frustração e destrói a confiança.

Imagine um projeto que saiu totalmente do controle, mas o líder insiste em manter um prazo obviamente impossível. Esse tipo de otimismo cego pode até motivar a equipe no começo, mas quase sempre resulta em erros, burnout e perda de confiança.

O verdadeiro otimismo não ignora as dificuldades. Líderes devem buscar o equilíbrio entre ser honesto sobre os desafios e ter visão de futuro: reconhecer os problemas e ajustar as metas e prazos quando necessário, mas sem deixar que a equipe perca o senso de propósito.

3. Celebrar o progresso

Depois de duas décadas como CEO, estou convencido de que fracasso total é algo muito raro. Mesmo situações que parecem grandes retrocessos costumam trazer pequenos avanços que merecem ser reconhecidos. Como líderes, precisamos notar essas pequenas vitórias – mesmo que discretas e celebrá-las.

Imagine que sua equipe de marketing lança uma campanha ousada que não alcança o impacto esperado. Ainda assim, é importante valorizar a criatividade do grupo e refletir sobre o que poderia ter sido feito de outra forma. Esse tipo de postura incentiva as pessoas a continuar experimentando, enxergando cada tentativa como parte de uma jornada maior de aprimoramento.

Celebrar o progresso ajuda a dar incentivo diante de tropeços e lembra as pessoas de que seu esforço é valorizado. É uma forma de aplicar o “sim, e...” mesmo quando o resultado não é exatamente o que se esperava. Com o tempo, isso ajuda a construir uma cultura de otimismo realista.


SOBRE O AUTOR

Aytekin Tank é fundador e CEO da Jotform, solução SaaS de formulários online. saiba mais