“Cool” é universal: os traços em comum de pessoas admiradas no mundo todo

Pesquisadores descobriram que pessoas consideradas “legais” têm algumas características semelhantes – seja em que parte do mundo for

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Chris Morris 3 minutos de leitura

A definição de “cool” (algo como "carismático" ou "legal") pode parecer algo efêmero. O que leva alguém a admirar outra pessoa tende a variar de indivíduo para indivíduo. Mas isso não impediu um grupo de cientistas do mundo todo de investigar o que significa, afinal, ser cool. E o que eles descobriram é que se trata de algo muito mais universal do que se imaginava.

“Todo mundo quer ser cool, ou pelo menos evitar o estigma de ser visto como careta. E a sociedade precisa de pessoas cool porque elas desafiam normas, inspiram mudanças e impulsionam a cultura”, explica o pesquisador Todd Pezzuti, professor de marketing na Universidade Adolfo Ibáñez, no Chile.

O estudo, revisado por pares e publicado no "Journal of Experimental Psychology", da Associação Americana de Psicologia, envolveu cerca de seis mil participantes de diferentes partes do mundo, entre 2018 e 2022. Os voluntários precisaram pensar em alguém que considerassem cool, não cool, bom ou não tão bom, e avaliar a personalidade e os valores dessas pessoas.

Ser cool é universal em mais aspectos do que se imagina. O estudo mostrou, por exemplo, que mesmo em países com alfabetos não latinos, como Coreia do Sul e Turquia, as pessoas usam a palavra cool, muitas vezes pronunciando-a de forma parecida com o inglês.

COOL É ADMIRÁVEL, MAS NEM SEMPRE "BOM"

Não surpreende que haja uma sobreposição entre quem é considerado "legal" e quem é visto como uma boa pessoa. Mas, apesar de algumas semelhanças, os pesquisadores constataram que uma coisa não é necessariamente igual à outra.

“Para ser visto como cool, geralmente a pessoa precisa ser simpática ou admirável, o que a aproxima de uma pessoa boa”, diz Caleb Warren, coautor do estudo e professor de marketing na Universidade do Arizona.

Ser cool é universal em mais aspectos do que se imagina.

“No entanto, quem é cool costuma ter outros traços que não são necessariamente considerados ‘bons’ em um sentido moral.” Isso ajuda a explicar por que anti-heróis, especialmente em filmes e séries, costumam ser vistos como cool.

Por outro lado, há um risco de homogeneização da ideia de "ser legal", à medida que música, cinema e moda se tornam produtos globais. Quando nomes como Taylor Swift ou os Vingadores passam a dominar as conversas e a cultura pop em praticamente todos os países, as definições pré-existentes do que é ser cool tendem a se tornar mais fixas.

De fato, os pesquisadores escreveram que a percepção de "ser legal" “é hoje estável entre diferentes países, o que sugere que o significado se cristalizou em torno de um conjunto parecido de valores e traços pelo mundo”.

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Ainda assim, ser cool não perdeu seu charme, apenas evoluiu. “A definição de cool definitivamente mudou com o tempo, mas não acho que perdeu seu impacto. Ela só ficou mais funcional”, diz Pezzuti.

“O conceito começou em pequenas subculturas rebeldes, como entre músicos de jazz negros nos anos 1940 e os beatniks nos anos 1950. À medida que a sociedade se torna mais veloz e valoriza criatividade e mudança, pessoas cool são mais essenciais do que nunca.”

O QUE FAZ AS PESSOAS ACHAREM ALGUÉM COOL?

A pesquisa aponta que ser cool depende, em grande parte, de seis traços: pessoas assim costumam ser mais extrovertidas, poderosas, hedonistas, aventureiras, abertas e autônomas.

Mas há limites. No caso de músicos, por exemplo, um grupo parecia mais cool quando exibia um grau moderado de autonomia – como não tentar agradar a todos – do que autonomia extrema – como não dar a mínima para a opinião do público.

“O mesmo provavelmente se aplica a outros atributos cool. Alguém hedonista que faz festas sem parar, abusa de drogas e tem sexo imprudente na certa será visto mais como irresponsável do que como cool”, dizem os autores do estudo.

Já as pessoas boas, segundo os pesquisadores, também compartilham algumas dessas qualidades, mas exibem outros traços em maior destaque.

“Ser calmo, consciencioso, universalista, agradável, acolhedor, seguro, tradicional e conformista é mais associado a ser bom do que a ser uma pessoa cool”, afirmam. “Ser capaz é tanto cool quanto bom – mas não define inteiramente nenhum dos dois.”


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é jornalista, escritor, editor e apresentador especializado em tecnologia, games e eletrônicos. saiba mais