Entenda quando não se deve confiar no instinto – e o que fazer nessa hora
Algumas situações exigem tomadas de decisão conscientes, que não são guiadas por impulsos ou emoções de momento
A maioria das pessoas acha que a experiência é o melhor farol que temos para iluminar nossas escolhas. Muitas vezes, isso é verdade. Mas o conhecimento também pode nos atrapalhar se não percebermos que aquilo que funcionou no passado não se aplica à situação atual.
Até mesmo as pessoas mais brilhantes e experientes podem cair em armadilhas difíceis de prever na hora de tomar decisões. Isso vale principalmente para situações cotidianas, porque é quando costumamos andar mais distraídos.
Existem três cenários muito comuns que exigem decisões conscientes em vez de instintivas. São momentos nos quais é melhor ignorar o instinto e a experiência e confiar no pensamento consciente e estratégico.
1. Quando o contexto mudou
Muitas vezes, incorremos em dois extremos: minimizamos a probabilidade de que uma mudança nos afete ou imaginamos consequências muito piores do que as prováveis. Fusões, aquisições e reestruturações são um bom exemplo.
Mesmo quando os líderes prometem que “nada vai mudar”, é prudente tomar nota da mudança e evitar agir com base em otimismo cego ou no medo exagerado.
Até mesmo as pessoas mais brilhantes e experientes podem cair em armadilhas difíceis de prever na hora de tomar decisões.
Em vez disso, é mais útil tentar imaginar de que formas o futuro da empresa provavelmente será diferente e analisar como você pode desempenhar um papel em seu sucesso. Existem três perguntas a ser feitas nesses casos. Elas ajudam a orientar sua carreira, não importa onde você trabalhe.
- No que eu sou bom? (citar três habilidades é mais útil do que se apegar apenas ao que você considera ser o seu “superpoder”.)
- Das coisas em que sou ótimo, o que realmente amo fazer?
- Como as coisas em que sou bom e amo fazer me tornam valioso no trabalho?
Manter essas questões em mente pode ajudá-lo a permanecer no “modo de tomada de decisões conscientes” e evitar as reações instintivas, que muitas vezes tomam conta da gente e nos levam a fazer besteira por impulso.
2. Quando os riscos são altos, mas a visibilidade é baixa
Para cada decisão pessoal, há consequências. Por exemplo: com quem vamos manter relações mais próximas; quanto estamos dispostos a pagar por uma casa; onde vamos trabalhar. No entanto, essas escolhas também vêm com uma onda inicial de energia e otimismo que podem trazer uma alegria genuína. Isso nos permite embarcar na fase de ideias de uma decisão importante, mesmo que o risco seja muito alto.
Por mais forte que seja o impulso de agir, o coração pode nos levar a decisões que apenas agravam a crise.
Infelizmente, esse entusiasmo – que costuma durar pouco – pode nublar a nossa visão e distorcer o nosso pensamento. Assim, somos levados a tomar decisões que, mais tarde, percebemos que poderiam ter sido mais bem ponderadas.
Em vez de se precipitar e tomar atitudes com consequências de longo prazo, devemos usar a emoção trazida por uma ideia empolgante como uma oportunidade de observação, um convite para sonhar e desconstruir.
No começo, pode parecer um pensamento estraga-prazeres. Mas a desconstrução – ou engenharia reversa – de uma ideia pode ser um processo altamente criativo, que leva a uma compreensão mais profunda do que realmente queremos e do que estamos dispostos a fazer para alcançá-lo.
3. Durante uma crise
Quando eclode uma crise, até mesmo o líder mais experiente fica com medo. O instinto grita para abortar a missão, fugir ou descarregar o problema sobre outra pessoa e nunca olhar para trás.
O instinto também pode nos levar a descontar nossas emoções nos outros. Quando estressados, exaustos e com medo, uma alternativa é buscar a simpatia dos outros, contando como a situação está sendo difícil para nós.
Desenvolver o pensamento estratégico é uma forma de evitar que confiemos demais na experiência.
O instinto, por si só, pode não ser confiável para guiar nossas ações. Por mais forte que seja o impulso de agir, o coração pode nos levar a decisões que apenas agravam a crise. Mas é claro que podemos usar nossos impulsos como uma pista.
No modo de tomada de decisão consciente, os impulsos servem como informações. A consciência intensificada permite decidir se devemos agir ou nos mover mais lenta e cautelosamente. Uma maneira de avaliar as opções é se perguntar: “o que você aconselharia alguém a fazer na sua situação?”.
ESCOLHA UM CONSELHEIRO DE CONFIANÇA
Escolher a pessoa certa para pedir conselhos é extremamente importante. Mas mesmo seus conselheiros mais confiáveis podem desviá-lo se não estiverem cientes dos limites de seus conhecimentos. Confiando demais, podemos involuntariamente abrir mão de alguma autonomia, e pode ser difícil recuperá-la quando outra pessoa assume a autoridade.
Acreditamos que quanto mais experiência, melhor. No entanto, quando o contexto muda, os riscos são altos e a visibilidade é baixa, ou quando ocorre uma crise, nossa experiência e instintos podem nos colocar em ciladas. Nessas situações, não é preciso ignorar o instinto completamente.
Em vez disso, devemos considerar até emoções fortes como pistas importantes e utilizá-las no processo de tomada de decisão. Desenvolver o pensamento estratégico é uma forma de evitar que confiemos demais na experiência, permitindo-nos ver o que os outros não veem e tomar decisões acertadas, mesmo quando as apostas são altas.