Zoom integra IA e outras funcionalidades para continuar relevante no pós-pandemia
A empresa está expandindo seus negócios para além do vídeo, incorporando ferramentas colaborativas e inteligência artificial

Durante a pandemia de Covi-19, o Zoom virou sinônimo de chamadas por videoconferência. Mas, recentemente, a empresa mudou seu nome de Zoom Video Communications para Zoom Communications – um sinal de que está expandindo seus negócios para além do vídeo.
Outros produtos do Zoom incluem uma solução de bate-papo em equipe comparável ao Slack, uma plataforma de documentos colaborativos que se integra às videoconferências, recursos de telefone empresarial e um assistente de inteligência artificial.
O CEO do Zoom, Eric Yuan, conversou com a Fast Company sobre as ofertas da empresa e suas ambições além do vídeo, sua visão para o futuro do trabalho impulsionado por IA e o impacto do movimento de retorno ao trabalho presencial no uso do Zoom.
Fast Company – Recentemente, vocês removeram “vídeo” do nome da empresa. O que isso significa para o futuro do Zoom?
Eric Yuan – Quando fundei o Zoom, em 2011, a missão era muito simples: tornar a comunicação por vídeo sem atritos. E foi o que fizemos.
No início, tudo girava em torno do vídeo. Agora, temos uma plataforma completa: temos o Zoom Phone, Contact Center, Team Chat, Whiteboard, Zoom Docs.
Nossa nova missão é construir uma plataforma de trabalho baseada em inteligência artificial para conexão humana. Não é mais apenas sobre vídeo.
Fast Company – E qual será o papel da IA nisso tudo?
Eric Yuan – Antes mesmo de todos falarem sobre IA generativa, já investíamos pesadamente em IA – tanto tradicional quanto generativa. Temos uma equipe inteligente e construímos nosso próprio modelo de linguagem de grande escala, mesmo antes do ChatGPT.
Hoje, quando a pessoa abre o Zoom Workplace, ainda gasta muito tempo realizando tarefas manualmente. Verificando e-mails, mensagens de diversos canais, chamadas telefônicas, calendário, reuniões, e às vezes ela preciso tomar notas em reuniões. Muito trabalho manual.
Nossa missão era muito simples: tornar a comunicação por vídeo sem atritos. E foi o que fizemos.
Acredito que a IA pode mudar isso completamente. O primeiro passo é liberar tempo e tornar o trabalho mais produtivo, ajudando a coordenar tarefas – como reservar passagens, gerenciar planos de viagem e agendar reuniões de forma mais eficiente, aproveitando a tecnologia de agente de IA para melhorar a produtividade.
O segundo passo é ainda mais interessante. Trabalhamos cinco dias por semana. Mas nos próximos 10 ou 15 anos, acredito que a semana de quatro dias poderá se tornar o padrão, graças à IA.
A tecnologia de assistentes digitais vai evoluir para algo como um gêmeo digital – um modelo de IA pessoal com seus contatos, conhecimento, habilidades e tudo mais. Você poderia até enviar seu gêmeo digital para participar de uma reunião.
Fast Company – Muitas empresas estão investindo em IA, softwares para escritório e videoconferência. O que diferencia o Zoom?
Eric Yuan – Uma coisa é nossa velocidade de inovação. Estamos muito próximos dos clientes, entendemos suas dificuldades e buscamos ser os primeiros a oferecer soluções.

A segunda é nossa filosofia: queremos construir um produto que simplesmente funcione. Quando comparamos nosso produto com os concorrentes, os clientes dizem que preferem o Zoom porque é uma experiência intuitiva e simples, sem curva de aprendizado. Funciona bem em qualquer ambiente de rede e em todos os tipos de dispositivos.
A terceira coisa é a IA. Antes, em toda reunião, nosso chefe de equipe escrevia notas e criava um Zoom Doc para compartilhar. Hoje, usamos a IA do Zoom para gerar automaticamente Zoom Docs após cada reunião. Nosso agente de IA também cria tarefas atribuídas a mim ou a outras pessoas. É uma experiência focada em IA.
Fast Company – Ao ouvir as necessidades dos clientes, como vocês decidem quais recursos desenvolver?
Eric Yuan – Atendemos clientes desde freelancers e pequenas empresas até grandes corporações. Olhamos para cada segmento e pensamos em como melhorar a experiência do produto.
Também exploramos novos casos de uso, recursos e oportunidades. Por exemplo, já temos a funcionalidade de agendamento, mas um cliente nos perguntou como poderia agendar uma reunião facilmente com alguém de fora da empresa. Esse é um tipo de feedback que usamos para melhorar.
Além disso, queremos expandir nosso mercado total. O Zoom Docs é um ótimo exemplo. Não é como o Google Docs ou o Word tradicional. É um novo serviço. E agora, na era da IA, estamos pensando em como usar a tecnologia para criar serviços totalmente novos.
Fast Company – O retorno ao trabalho presencial afetou o uso do Zoom?
Eric Yuan – A forma como as salas de conferência são utilizadas mudou. Antes da pandemia, se você e eu estivéssemos em uma sala e outras pessoas participassem remotamente, provavelmente elas ficariam apenas ouvindo, pois a conversa era dominada por quem estava na sala.
nos próximos 10 ou 15 anos, a semana de quatro dias poderá se tornar o padrão, graças à IA.
Agora, é diferente. Mesmo remotamente, as pessoas querem ter a mesma experiência de quem está presencialmente. Se há cinco pessoas na sala, quem está remoto quer ver cada uma delas individualmente. Essa experiência de conferência mudou e estamos melhor posicionados que os concorrentes para atendê-la.
Outra mudança é que, ao trabalhar remotamente, há mais reuniões e chamadas. Com o retorno ao escritório, algumas interações internas voltaram a ser presenciais – como ir até a mesa de alguém para conversar. Isso aumentou o uso da colaboração assíncrona. Temos o Zoom Team Chat, que está sendo mais utilizado, assim como os Zoom Docs.
Se você não consegue falar com um colega em tempo real, pode criar um Zoom Doc e compartilhá-lo no Team Chat para que outras pessoas vejam depois. Esse tipo de colaboração assíncrona está se tornando cada vez mais popular, especialmente com a IA.