Este é o arrependimento mais comum na carreira, mas dá para superá-lo

Uma nova pesquisa sugere um tema comum entre os principais arrependimentos relacionados à carreira

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Jared Lindzon 4 minutos de leitura

Dar um salto no escuro é assustador, mas se manter na zona de conforto é uma escolha com mais chances de resultar em arrependimento ao longo do tempo, especialmente no trabalho.

De acordo com uma pesquisa recente realizada pela Resume Now, dois terços dos trabalhadores relatam ter arrependimentos relacionados à carreira, sendo que no topo da lista estão os remorsos relacionados a ações não tomadas.

Seis em cada 10 se arrependem de não ter pedido aumento de salário, 59% se arrependem de não ter priorizado o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, 58% se arrependem de ter ficado muito tempo em um emprego e 40% se arrependem de não ter mudado de carreira.

"As pessoas que desistiram de trocar o certo pelo incerto – ficando em um emprego insatisfatório ou não pedindo aumento – se arrependem mais do que aquelas que agiram e trabalharam para mudar sua situação para melhor", diz Heather O'Neil, especialista em carreira do Resume Now.

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De acordo com a pesquisa, os arrependimentos tendem a aumentar conforme a carreira avança e diminuem perto da aposentadoria. Enquanto 61% dos entrevistados da geração Z se arrependem da carreira, essa proporção sobe para 70% entre os millennials e a geração X, caindo para apenas 52% entre os baby boomers.

Aqueles que estão no auge de suas carreiras parecem estar mais culpados por suas decisões "ruins", enquanto aqueles que estão se aproximando ou já estão na aposentadoria têm uma atitude mais do tipo "o que está feito, está feito" em relação à vida profissional", diz O'Neil.

O CAMINHO NÃO PERCORRIDO

Os dados destacam várias falácias sobre a natureza humana que nos levam a optar pela opção mais segura ou familiar, mesmo quando existem alternativas melhores. Temos a tendência de superestimar o risco da mudança e subestimar o risco de não mudar.

"É o que chamamos de 'viés do status quo', no qual escolhemos manter o estado atual das coisas, mesmo que as condições não sejam boas", explica O'Neil. "Esse viés pode fazer com que as pessoas relutem em mudar de emprego ou fazer mudanças significativas na vida, porque elas temem o desconhecido."

o arrependimento tende a aumentar conforme a carreira avança e diminuir perto da aposentadoria.

Muitos arrependimentos de carreira também são consequência de se sentir confortável demais com uma situação que não é a ideal e de uma aversão ao desconforto temporário que vem com a mudança, aponta a coach de carreira Caroline Castrillon, fundadora da Corporate Escape Artist.

"Resistir às mudanças é uma tendência humana, porque interpretamos as mudanças como um perigo", ela explica. "Para crescer como ser humano e profissional, é preciso sair da zona de conforto. Ou seja: em algum momento, você terá que enfrentar algum desconforto para crescer em sua carreira."

Castrillon acrescenta que os riscos da falta de ação podem estar aumentando. Há menos incentivos ligados à longa permanência do que nas gerações passadas, como plano de aposentadoria ou bônus por tempo de casa. Ao mesmo tempo, estudos mostram que a troca de emprego é, muitas vezes, a maneira mais eficaz de garantir um aumento de salário ou uma promoção.

PASSOS MENORES EM DIREÇÃO A METAS MAIORES  

Em vez de dar um grande salto, Castrillon recomenda começar com passos menores e ir avançando. As pessoas geralmente mantêm o status quo porque se sentem sobrecarregadas pelas possíveis alternativas e não têm clareza para tomar uma decisão com confiança. É por isso que

Resistir às mudanças é uma tendência humana, porque interpretamos as mudanças como um perigo.

ela recomenda dividir as grandes decisões em etapas menores e passar algum tempo estudando as opções antes de tomar uma decisão. 

"Digamos que você esteja interessado em trabalhar em uma empresa específica. Estabeleça como meta entrar em contato com cinco pessoas dessa empresa e começar a fazer contatos para saber mais sobre a cultura de lá", ela aconselha. "Defina pequenas metas e, quando começar a ver os resultados, você vai começar a ganhar confiança e motivação."

NUNCA É TARDE PARA FAZER UMA MUDANÇA

Quando se trata de fazer mudanças significativas na carreira, muitos são vítimas da ideia do custo de mudar de rota, que nos torna mais relutantes em abandonar decisões nas quais investimos, observa Scott Anthony Barlow, CEO da Happen to Your Career, que ajuda profissionais a mudar de carreira.

Defina pequenas metas e, quando começar a ver os resultados, você vai começar a ganhar confiança e motivação.

Ele explica que as pessoas muitas vezes sentem que foram longe demais em uma direção para mudar de rumo, não importa o quão longe elas realmente estejam. "A realidade é que nunca é tarde demais; em questão de meses, a maioria dessas situações pode ser remediada."

Barlow enfatiza que mesmo aqueles que estão buscando uma carreira completamente nova não devem deixar que o tempo e a energia que investiram em outro lugar os impeçam de mudar de rumo. Mudar de direção não significa admitir a derrota ou o fracasso, mas sim reconhecer que as situações, prioridades, pessoas e oportunidades mudam com o tempo.

"A pesquisa é bastante clara", diz Barlow. "Se você estiver frente a frente com a pergunta 'devo ou não tomar essa atitude?', a resposta é quase sempre sim."


SOBRE O AUTOR

Jared Lindzon é jornalista especializado em temas como futuro do trabalho e profissões ligadas a inovação tecnológica. saiba mais