Estes são os benefícios nos quais os funcionários estão mais interessados
Trabalhadores e empresas estariam prontos para recalibrar o pacto trabalhista e renegociar o futuro?

Em meio à volatilidade econômica, à escassez crônica de talentos e às mudanças nas expectativas da força de trabalho, a relação entre empregadores e profissionais passa por uma transformação profunda. Mas os dados mais recentes revelam um cenário de possibilidades, e não de ruptura.
Trabalhadores de diferentes gerações e setores não estão deixando seus empregos; estão, na verdade, renegociando o que realmente importa.
Muitos estão dispostos a abrir mão de conquistas recentes, como o trabalho remoto, se isso significar ganhos mais duradouros, como oportunidades de capacitação, autonomia sobre o próprio tempo e funções que estejam alinhadas aos seus valores.
Este é um momento de reequilíbrio, que exige uma liderança mais atenta, capaz de ouvir e se adaptar às novas prioridades das pessoas e dos negócios.
FUNCIONÁRIOS QUEREM TROCAR, NÃO ACUMULAR
O recado é claro: os profissionais estão abertos à negociação – mas não se trata de simplesmente empilhar benefícios. Eles querem repensar o que vale mais. Salário e localização, os pilares clássicos da atração de talentos, já não bastam. O que cresce em valor agora é a flexibilidade, o propósito, o desenvolvimento e o bem-estar.
A seguir, os quatro principais pontos de troca que todo líder precisa entender e incorporar:
1. Empregabilidade e crescimento: os novos pilares da retenção
A prioridade deixou de ser o trabalho remoto. Segundo uma pesquisa global, 67% dos profissionais agora valorizam mais a empregabilidade a longo prazo e 52% escolheriam se capacitar em vez de manter o direito ao home office.

O salário, isoladamente, não sustenta vínculos. Profissionais querem desenvolvimento, apoio e conexão com algo que faça sentido. Empresas que apostam em aprendizado contínuo e suporte de carreira constroem um ativo valioso: a confiança. Quem ignora isso corre o risco de perder os melhores talentos.
2. Tempo virou moeda de troca
O conceito de flexibilidade está sendo redefinido. Não se trata mais apenas de onde se trabalha, mas quando.

Para 59% dos entrevistados, ter autonomia sobre o tempo pesa mais do que ganhar um salário maior. Mais da metade (56%) colocam isso acima da liberdade de localização.
Para se manterem competitivas, as empresas precisarão ir além de políticas inflexíveis de presença física. Oferecer controle sobre os horários – com turnos flexíveis, semanas mais curtas ou autogestão de tempo – pode ser o diferencial decisivo em um mercado restrito.
3. O dilema do retorno ao presencial
Entre os que trabalham totalmente em esquema remoto, três em cada quatro só aceitariam voltar ao presencial em tempo integral mediante aumento de salário. Outros 74% exigiriam mais flexibilidade de horário e 66% pediriam folgas adicionais como contrapartida.

Isso não significa que o retorno seja inviável, mas sim que precisa ser justificado com clareza. Propósito, autonomia e apoio devem entrar na equação para que o retorno seja compreendido como troca justa e não imposição.
4. Bem-estar é prioridade
Mesmo com o foco crescente na carreira, flexibilidade e capacitação, um fator permanece transversal: o bem-estar. A busca por um trabalho com propósito e uma carreira sustentável não sobrevive em ambientes de estresse constante.

Empresas que querem reter talentos precisam tratar o bem-estar como estratégia. Isso passa por remover as fontes de estresse – como sobrecarga, sistemas engessados e falta de autonomia –, criando ambientes mais saudáveis e produtivos.
O cenário atual exige um novo pacto entre empregadores e profissionais. A lógica tradicional de benefícios acumulados está dando lugar a trocas conscientes, com foco no que realmente importa para cada lado.
Organizações que souberem equilibrar as necessidades do negócio com os desejos das pessoas terão mais chances de prosperar. Isso significa liderar com visão de longo prazo, investir na empregabilidade, valorizar o tempo e cultivar a confiança em cada decisão e em cada relação.