O que as Olimpíadas me ensinaram sobre liderança

De enfrentar a concorrência a valorizar o trabalho em equipe, este empreendedor de fintech compartilha como participar das Olimpíadas o ajudou na liderança

Créditos: amriphoto / iStock

Tejs Broberg 5 minutos de leitura

Assistir aos Jogos Olímpicos pela TV me traz muita nostalgia. Ainda sinto o frio na barriga de quando andei atrás da bandeira da Dinamarca no desfile dos atletas durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas de 1998. E até hoje atribuo às Olimpíadas o crédito por ter me preparado para a liderança.

Minha jornada olímpica começou uma década antes dos Jogos de Nagano de 1998, quando representei a Dinamarca nos eventos de esqui alpino Super G, Slalom Gigante e Combinado. Como esquiador competitivo, experimentei na pele as linhas finas que separam a vitória da derrota. Os números me ajudaram a entender, medir e melhorar meus esforços e a me comparar com os outros. 

Posteriormente, quando fiz a transição para uma carreira empresarial, continuei a buscar por dados e permaneço focado no acesso e no aproveitamento de grandes quantidades de dados para obter correlações, percepções e tendências interessantes. 

Existem muitas semelhanças entre minha carreira nas Olimpíadas e minha liderança como fundador de uma startup de tecnologia. As lições que aprendi nas pistas influenciaram profundamente a forma como lidero minha equipe e construo minha empresa. Aqui estão algumas recomendações importantes que tenho para futuros empreendedores, inspiradas pelas Olimpíadas.     

Aprecie a caminhada

Você vai fracassar mais do que vencer, portanto, assegure-se de aproveitar o processo. Se sua única motivação for o sucesso, você se sentirá infeliz, mesmo que seja bem-sucedido. Aprendi isso logo no início. No início de minha carreira de atleta, eu estava obcecado em subir nas classificações e queria desesperadamente passar da segunda página para a primeira página das planilhas de resultados - basicamente ser um dos 15 melhores competidores.

Quando finalmente alcancei o cobiçado patamar, não apenas de estar na primeira página, mas de estar no pódio, tive uma epifania. Quando fui para a cama na primeira noite depois de uma vitória no pódio, não me senti diferente. Não estava mais feliz (foi logo após a corrida, é claro) e estava apenas concentrado na preparação para a corrida da manhã seguinte.

Percebi, então, que vencer não faz ninguém feliz; a ideia de vencer e o medo de perder certamente podem motivá-lo e fazer com que você se esforce mais, mas o verdadeiro truque é encontrar alegria no caminho. Trata-se de ter metas e um propósito, ser feliz e sentir-se orgulhoso por trabalhar com afinco e consistência para viver esse sonho - ganhando ou perdendo. 

Descobri que o verdadeiro incentivador é o próprio caminho, com todos os seus altos e baixos.

    Aprenda com o fracasso

    O fracasso, por mais contraintuitivo que possa parecer, tornou-se uma parte crucial dessa jornada. Ele despertou minha curiosidade. Alimentou meu desejo de melhorar e inovar, e manteve vivo o entusiasmo da competição. Esse princípio se aplica diretamente ao mundo dos negócios. Como empreendedores, muitas vezes temos a "mega empreitada" como nosso objetivo final. Mas se você não fracassar, não vai superar os limites.

    As vitórias são importantes, mas é a busca incessante pelo crescimento que realmente acende a alma de uma empresa. Ao abraçar a trajetória em vez do destino, você forma uma equipe que não se limita ao desempenho - ela evolui, inova e prospera diante de cada desafio. Esse é o ponto crucial onde nasce a excelência cotidiana. 

    Prefira competir contra os melhores, todos os dias 

    Para quem não sabe, a corrida de esqui é um esporte de lobo solitário. Mas no nível olímpico, é como uma sinfonia de ambições compartilhadas. Não só treinávamos, mas construíamos uma vontade coletiva, cada dia uma busca incessante por melhorias individuais e coletivas. Quando compartilho essa realidade da nossa preparação olímpica - a competição intensa e diária entre os colegas de equipe -, invariavelmente surgem duas perguntas: essa estratégia criou conflito ou discórdia entre colegas de profissão? 

    Os técnicos colocavam os corredores mais lentos contra os mais rápidos para ajudar a aumentar a confiança dos corredores mais rápidos? 

    Minha resposta a ambas as perguntas vai ao cerne da cultura de alto desempenho: É absolutamente essencial que cada membro da equipe deixe de lado seu ego em prol do bem coletivo e se comprometa a ser "melhor a cada dia", mesmo que isso signifique superar a versão de ontem de si mesmo.

    [Source Photo: Getty Images]

    Fortaleça sua equipe

    As Olimpíadas, como qualquer marco empresarial, são apenas um ponto culminante de uma vasta cadeia de desafios. No mundo corporativo, nunca compreendi o fascínio de ser a pessoa mais inteligente da sala ou de se cercar de funcionários submissos". Esses ambientes geram complacência, não excelência.

    O verdadeiro sucesso é gerado quando os membros da equipe pressionam uns aos outros incansavelmente. Praticar contra uma concorrência inferior é um canto de sereia, que o leva a uma falsa sensação de segurança. É uma armadilha que pode levar tanto empresários quanto atletas a tirar o pé do acelerador.

    Quando você ajuda seus colegas de equipe a melhorar, você ajuda a elevar o nível entre seus pares e desfruta de uma equipe mais forte, o que, por sua vez, ajuda você a melhorar mais rapidamente à medida que aprende com eles.

    Ao visar consistentemente concorrentes maiores e melhores, você não apenas melhora, mas internaliza o verdadeiro valor da disciplina e da humildade. Essa busca incessante por "melhor" não apenas aprimora suas habilidades; ela transforma toda a sua abordagem, tornando a excelência um hábito e não uma meta.  

    O verdadeiro ouro

    Vou poupar vocês de pesquisar no Google: eu não trouxe para casa o ouro de Nagano em 1998. E sabe de uma coisa? Tudo bem. É mais do que normal. Minha experiência nas Olimpíadas ajudou a moldar minha visão da liderança empresarial e da vida de uma forma que uma medalha jamais poderia. Há um velho ditado (ou ouso dizer, um clichê) que diz que as pessoas devem "começar com o fim em mente".

    Mas aqui está a verdade: precisamos parar de nos fixar em começos e fins. Em vez disso, precisamos abraçar a jornada mais ampla. Se acordarmos todos os dias com um propósito - fazer o melhor que pudermos e ir para a cama todas as noites sabendo que demos tudo de nós - então os inevitáveis fracassos serão menos devastadores e os sucessos se tornarão meros estágios ao longo do caminho. Para aqueles com o verdadeiro espírito empreendedor, não há fim - apenas evolução constante. 

    O verdadeiro ouro? Está na busca incessante por ser "melhor". Cada dia. A todo momento.


    SOBRE O(A) AUTOR(A)

    Tejs Broberg é ex-atleta olímpico e diretor global de dados da Reorg. Ele fundou a FinDox, adquirida pela Reorg em 2022. saiba mais