Ferramentas de comunicação corporativa são um mal (ou um bem) necessário?

Estudo sugere que as plataformas de mídia social corporativa ajudam a fortalecer as conexões no trabalho – mesmo que muita gente não goste delas

Crédito: beast01/ Getty Images

Chris Stokel-Walker 2 minutos de leitura

Muita gente se incomoda com a maneira como as empresas de hoje funcionam. Ferramentas de comunicação corporativa e as chamadas plataformas de mídia social de trabalho estão entre os aspectos mais odiados, mas que geram grande impacto.

Ali, diversas situações tendem a gerar bastante estresse, como quando a gente lê a última postagem sem graça do cara do financeiro, que vive enchendo de spam a plataforma de troca de  mensagens da empresa. Ou quando ficamos na dúvida se devemos ou não nos meter nos comentários a uma postagem problemática.

Manter contato com os colegas em ferramentas de comunicação corporativa é uma obrigação que irrita muita gente. Mas um novo estudo sugere que essas ferramentas tão criticadas podem, na verdade, ter um propósito e beneficiar tanto os funcionários quanto as empresas nas quais eles trabalham.

O professor Manoel Horta Ribeiro, da Universidade de Princeton, liderou um estudo (junto com dois pesquisadores da Microsoft) para analisar como as pessoas usam o  Viva Engage, da Microsoft – um serviço antes conhecido como “Yammer”. A equipe analisou as interações de funcionários de 99 empresas antes e depois de adotarem o Viva Engage.

O estudo descobriu que usar essa ferramenta aumentou o nível de conectividade entre as pessoas, porque adicionou novas formas de comunicação, em vez de simplesmente transferir as formas que já existiam para o ambiente online.

O uso da plataforma ajudou a fortalecer os laços entre os colegas, melhorou o compartilhamento de conhecimento e a inovação dentro das empresas e foi mais eficaz que o e-mail na hora de permitir que pessoas de diferentes níveis hierárquicos se comunicassem entre si.

Ribeiro confirma que uma das vantagens chave desse tipo de ferramenta foi a ideia de aproximar diferentes níveis hierárquicos. Ele também observa que o uso de ferramentas de comunicação corporativa e de plataformas de mídia social de trabalho, como as estudadas, ajudam a revelar o quanto funcionários de níveis mais baixos são muitas vezes peças-chave que mantêm a empresa funcionando.

"Descobrimos que, em configurações de mídia social corporativa, os funcionários de níveis mais baixos são, na verdade, mais centrais, ou seja, estão em melhor posição para espalhar a comunicação por toda a empresa", explica Ribeiro.

Usar o Viva Engage aumentou o nível de conectividade porque adicionou novas formas de comunicação

Ainda assim, apesar de todos os benefícios e vantagens encontrados nessa pesquisa, a percepção geral continua sendo que essas ferramentas de comunicação corporativa são o pesadelo de trabalho de muita gente, e não uma forma de melhorar as coisas.

Mas por que as pessoas odeiam tanto plataformas como o Viva Engage? Seria necessariamente um problema com essas ferramentas em si, ou com a forma como os participantes se comportam nelas?

"O que as pessoas odeiam nessas plataformas não é algo exclusivo das ferramentas de comunicação corporativa. É a mesma coisa que acontece com o LinkedIn ou com as plataformas de mídia social tradicionais", diz Ribeiro.

"As pessoas estão manipulando o sistema e querendo se tornar criadoras de conteúdo, ao invés de usá-lo para estabelecer conexões significativas."


SOBRE O AUTOR

Chris Stokel-Walker é um jornalista britânico com trabalhos publicados regularmente em veículos, como Wired, The Economist e Insider saiba mais