Glossofobia é o medo de falar em público. Saiba como controlar o seu

Essa é uma das fobias mais comuns. Mas há maneiras de contornar esse problema

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Stephanie Vozza 4 minutos de leitura

Você tem glossofobia? Embora isso não seja grave, a maioria das pessoas se enquadra em algum grau nessa condição.  A glossofobia é o medo de falar em público. É uma das fobias mais comuns, porque está ligada à evolução e à sobrevivência humanas.

"Tudo se resume à disputa por maior ou menor status na história de nossa espécie, desde quando nos reuníamos em grupos de cerca de 150 pessoas", explica Matt Abrahams, apresentador do podcast Think Fast, Talk Smart . "Quem tinha mais status não era quem dirigia o carro mais sofisticado ou quem tinha mais curtidas na mídia social. Era quem estava acima na cadeia alimentar."

Qualquer coisa que você fizesse que colocasse seu status em risco, como falar mal de alguém, representava um risco de vida. O seu status em relação aos demais era o que determinava o acesso a recursos, à reprodução, comida e abrigo.

Como muitos traços arraigados, isso permanece. É por isso que ainda ficamos nervosos ao falar em uma reunião ou diante de uma plateia. Essas circunstâncias desencadeiam uma preocupação evolutiva.

No entanto, Abrahams afirma que você pode aprender a controlar sua ansiedade na hora de falar lidando com cada um dos sintomas e suas origens.

REDUZINDO OS SINTOMAS

Uma maneira de controlar a ansiedade é concentrar-se na experiência fisiológica e cognitiva – o que está acontecendo no corpo e no cérebro. "Por exemplo, a frequência cardíaca da maioria das pessoas aumenta e elas ficam com a respiração mais curta, o que faz com que falem mais rapidamente", relata Abrahams. "A adrenalina faz com que as pessoas comecem a tremer um pouco e muita gente fica vermelha e suada."

Concentrar-se na expiração pode aliviar os sintomas da respiração curta. Há muitas técnicas, mas a mais eficaz é respirar bem fundo com a barriga. "A mágica acontece principalmente durante a expiração. O ideal é que a expiração seja mais longa do que a inspiração. A ideia é fazer com que a expiração seja duas vezes mais longa do que a inspiração", explica ele. Uma expiração prolongada diminui a frequência cardíaca e a respiratória, bem como o impulso de falar rápido.

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Você pode lidar com os sintomas da adrenalina por meio do movimento. "O objetivo [evolutivo] da adrenalina é a ameaça, é fazer com que a gente se mova. É por isso que ficamos tremendo", diz Abrahams. Ele recomenda dissipar a adrenalina antes de começar a falar em público, por exemplo, dando um passo à frente e fazendo gestos grandes e amplos. Em uma apresentação, incline-se discretamente para frente e movimente seu corpo.

"As pessoas nervosas ficam retraídas e rígidas, por isso acabam tremendo mais", acrescenta. "Trata-se de ser expansivo e se movimentar de uma forma apropriada e que não distraia."

Por fim, elimine o rubor e a transpiração com o controle da temperatura corporal. Quando você está nervoso, seu coração bate mais rápido e seu corpo fica tenso, fazendo com que sua pressão arterial aumente. A melhor maneira de se refrescar é segurar algo frio nas palmas das mãos, como uma garrafa de água. Você deixará de suar e de ficar tão vermelho.

ATENUANDO AS CAUSAS

A segunda forma de controlar a ansiedade ao falar é se concentrar nas causas que agravam o problema. Uma causa frequente é o medo daquilo que você está tentando alcançar por meio da sua comunicação. Por exemplo, um empresário busca financiamento ou um funcionário quer que seu projeto seja aprovado. Nessas circunstâncias, a meta – um estado futuro – causa nervosismo.

Em vez de pensar nisso, tome atitudes que mantenham você ancorado no presente. Afinal, fica mais difícil se preocupar com o futuro quando se está focado no aqui e agora. Faça algo físico, como sacudir os braços, ou ouvir música, ou contar de sete em sete para trás, ou praticar trava-línguas.

Tudo se resume à disputa histórica por maior ou menor status, desde quando nos reuníamos em grupos de cerca de 150 pessoas.

Outra causa de ansiedade é o desejo de se comunicar perfeitamente. Você fica querendo dar a resposta correta ou o melhor feedback, o que gera pressão. Mas não existe uma maneira "correta" de se comunicar, apenas maneiras melhores e piores.

Quando você tenta se comunicar "perfeitamente", direciona parte dos seus recursos cognitivos para essa finalidade e não para o ato de se comunicar em si. "Não se prenda à preocupação de dizer exatamente a palavra certa no momento exato ", orienta Abrahams. "Concentre-se na conexão com o outro, e não na perfeição. Estabeleça uma conexão com seu público e faça o que for necessário para que ele se sinta valorizado."

Uma terceira maneira de lidar com as causas da ansiedade é com a experiência. As pessoas ficam nervosas quando acham que não têm as habilidades necessárias para alguma tarefa. Mas ninguém aprende aquilo que não pratica. Fazer aulas, ouvir podcasts e ler sobre técnicas de oratória pode ajudar.


SOBRE A AUTORA

Stephanie Vozza escreve sobre produtividade e carreira na Fast Company. saiba mais