Muito além do CEO: chegou a vez do chief energy officer

Lições de Pharrell Williams em sua nova função na Louis Vuitton, sobre como trazer energia e mudança por meio da liderança

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Chris Kay 4 minutos de leitura

Já se passaram mais de dois meses desde que Pharrell Williams levou sua alegria e magia à Ponte Neuf, em Paris, em seu primeiro desfile de moda como diretor criativo da Louis Vuitton.

Muito já foi dito sobre como aquela noite capturou o espírito da reformulação dos setores da moda e das celebridades, que estão se unindo em uma nova era da alta costura. Mas, para mim, a lição mais impressionante daquela noite foi como Pharrell está dando início a uma nova era da liderança.

Quando alguém assume um cargo como esse na Louis Vuitton, herda mais de 55 departamentos, 2,5 mil mestres artesãos, um número incalculável de recursos que uma marca desse tamanho tem à sua disposição, bem como a oportunidade de formar sua própria equipe de design.

A equipe de Pharrell na Louis Vuitton agora inclui mais de 50 talentos diversos, que foram celebrados na ponte Pont Neuf no meio do desfile.

Pharrell Williams e equipe desfilam pela Pont Neuf (Crédito: Reprodução/ YouTube)

O QUE É UM CHIEF ENERGY OFFICER

É aqui que começam as lições sobre o que podemos aprender com a contratação de Pharrell Williams e com a forma como vem administrando o espetáculo nos bastidores.

Ele tem uma equipe enorme para gerenciar, com uma grande quantidade de talentos. E precisa apresentar resultados claros. Isso exige uma nova maneira de liderar e marca uma mudança do cargo de diretor executivo para o que estamos chamando agora de "chief energy officer".

O trabalho de um líder não se limita mais a gerenciar a empresa no mais alto nível e operar da forma mais eficiente possível. Esse é apenas o ponto de partida. O novo normal no mundo do trabalho, depois das várias crises que enfrentamos nos últimos anos, é que o executivo-chefe faça mais – muito mais.

Seu trabalho é criar uma visão tangível e compartilhar os valores para operar na atualidade, trazer impulso e personalidade para sua organização, invocar o espírito de criatividade e competitividade para vencer, ouvir, aprender e liderar, e aprimorar seus talentos para que eles ofereçam seu mais alto nível de desempenho, a fim de criar uma vantagem praticamente injusta para os concorrentes. 

Essa é a energia que um chefe precisa trazer. É por isso que a função está evoluindo para a de chief energy officer, e é fundamental que o líder encontre o caminho certo para definir sua própria assinatura, seus valores e sua vibração para impulsionar e fazer com que a empresa atinja o mais alto nível de desempenho.

PHARREL RENOVA AS ENERGIAS

Isso é o que Pharrell parece estar fazendo, e todos podemos aprender com seu exemplo. Ele está trabalhando em conjunto com forças externas para trazer nova energia para a Louis Vuitton e seus designs.

Está transformando a bolsa Speedy em um dos itens de moda mais procurados. Está trabalhando com os donos da LV nos lançamentos para "matar três leões por dia", trazendo uma energia recalibrada para o setor com mais de um bilhão de visualizações de eventos. Ele se mudou para Paris e criou um estúdio que está conseguindo capturar sua concepção revitalizada do que pode ser um ateliê de alta costura.

Bolsa Speedy (Crédito: Reprodução/ YouTube)

Além disso, ele reconheceu o efeito financeiro e o crescimento da comunidade negra nos negócios da Louis Vuitton, honrando esse apoio por meio da ampliação do programa de embaixadores. Isso inclui profissionais que vão desde acadêmicos negros até um campeão negro de pesca, porque, em suas palavras, "temos que apoiar a cultura, porque a cultura contribui para o resultado final".

Ele está valorizando e atraindo a energia colaborativa – energia que impulsiona os lucros, energia que molda os negócios, energia que desperta talentos – e muito mais.

Crédito: Reprodução/ YouTube

O que percebemos é que todas essas ações estão criando um sistema operacional de alto desempenho que permite que o líder ou CEO impulsione a organização de novas maneiras. Isso está trazendo para a empresa um nível de competitividade nunca antes visto e, em última análise, todas as decisões são tomadas para impulsionar os resultados financeiros.

Isso é algo que aprendi em meu último posto como CEO de uma das maiores agências de publicidade do mundo, a Saatchi & Saatchi. Éramos uma empresa de 51 anos que precisava reciclar sua visão, valores e energia para criar uma dinâmica capaz de competir de forma significativa em um cenário contemporâneo.

Recalibramos as ideias, nos reconectamos com nossas bases e rapidamente vimos resultados impressionantes em termos de produção, reconhecimento e receita. Isso também é algo que temos observado em muitos CEOs que os instrutores e educadores da minha nova empresa, a andOpen, encontram diariamente.

Desfile da Louis Vuitton em Paris (Crédito: Reprodução/ YouTube)

Vemos CEOs que desejam criar um novo tipo de ambiente nas empresas, baseado na dualidade do crescimento pessoal e empresarial. Eles almejam ser eficazes, enfáticos, sensíveis e energizantes na forma como aperfeiçoam a si mesmos e a suas empresas, rumo a um desempenho superior. 

E esse é o cerne da questão. 

Nosso trabalho como líderes continua sendo o de executar, como no passado. Mas agora também precisamos nos energizar e energizar nossas equipes, para vencer como nunca.


SOBRE O(A) AUTOR(A)

Chris Kay é fundador do coletivo de coaches andOpen.xyz. saiba mais