Muitos temem mais o sucesso que o fracasso. Veja como superar esse medo

O guru do empreendedorismo Patrick Bet David costuma contar uma história tão maluca que mal consigo acreditar que seja verdade. Há vários anos, um envelope pardo pesado chegou pelo correio do escritório. Dentro dele havia um tablet fino, no qual uma jovem havia gravado um vídeo se apresentando para ser estagiária.

Naquela época, ninguém nunca tinha visto aquele tipo de tecnologia e o escritório inteiro ficou em polvorosa de espanto e admiração. Patrick Bet David enviou uma resposta imediatamente, convidando aquela mulher para trabalhar com ele.

Ele nunca recebeu retorno. É isso mesmo: ele nunca recebeu nenhuma resposta dela.

Ele ficou surpreso, mas eu fiquei completamente indignado. Quantos aspirantes a empreendedores dariam tudo pela oportunidade que essa mulher tinha nas mãos? Mesmo assim, ela simplesmente deixou a chance escapar, deixando de responder a um e-mail que ela mesma havia solicitado, e a um custo considerável.

É claro que pode haver uma série de explicações razoáveis. Talvez a conta de e-mail dela tenha sido invadida e desativada. Talvez tenha ocorrido alguma morte repentina na família. Talvez ela tenha ganhado na loteria e perdido o interesse nos negócios. Mas a explicação mais provável é uma doença que agora faz parte do léxico ético:

Em seu livro "To Sell is Human" (Vender é Humano), Dan Pink explica que todos trabalhamos, de algum modo, com vendas.  Muitos vendem produtos ou serviços. Mas todos vendemos nossas ideias, nossas filosofias e, em última análise, nós mesmos.

Talvez você já tenha experimentado a dor da rejeição de suas propostas e argumentos. Para a maioria, a antecipação dessa dor produz medo. Meros mortais como nós podem se consolar em saber que os vendedores mais bem-sucedidos também precisam se proteger contra o fantasma da rejeição.

Entretanto, às vezes o medo de ouvir "não" disfarça um medo muito mais traiçoeiro: o medo de ouvir "sim".

Uma vez que você se compromete, precisa honrar sua palavra, cumprir suas promessas e entregar os resultados.

Imagine que você é um soldado. Seu comandante reúne sua unidade e pede um voluntário para assumir uma missão extremamente perigosa. Enquanto você fica parado e discute consigo mesmo se deve ou não atender ao chamado, o colega ao seu lado dá um passo à frente.

Como se sente? Parte de você fica desapontada consigo mesmo. Você não conseguiu dar um passo à frente e outra pessoa tirou a sua chance de ser o herói. Mas outra parte de você se sente aliviada. Agora você não precisa mais escolher entre estar à altura da oportunidade ou permanecer anônimo, em segurança, entre os demais colegas do mesmo nível.

Será que o risco de sofrer prejuízos pessoais superou a possibilidade de uma conquista extraordinária? Talvez você nunca saiba.

Na melhor das hipóteses, o medo do fracasso pode te paralisar e levar à inação, fazendo com que perca oportunidades de sucesso em potencial. Na pior, pode te levar a sabotar seus próprios esforços, de modo que você acaba arrancando a derrota das garras da vitória porque não confia em si mesmo para aceitar o desafio.

Oportunidades trazem consigo responsabilidades. Uma vez que você se compromete, precisa honrar sua palavra, cumprir suas promessas e entregar os resultados para que possa estabelecer ou preservar sua reputação e, ao mesmo tempo, servir àqueles que depositaram sua confiança em você. Se der rédea solta às suas dúvidas e inseguranças, elas vão se alimentar de perguntas autodestrutivas:

• E se eu não estiver à altura da tarefa?
• E se eu ficar aquém do esperado?
• E se eu não for aprovado?

A trágica ironia é que aqueles que se fazem esse tipo de pergunta são os mais propensos a ter sucesso, mantendo-se nos mais altos padrões. 

Sendo assim, o que você pode fazer para combater seus medos internos?  Comece invertendo o roteiro, fazendo a si mesmo perguntas diferentes:

• No que eu preciso trabalhar para garantir que terei sucesso?
• Quanto tempo preciso investir para fazer o melhor trabalho possível?
• Quais recursos posso utilizar para aprimorar ao máximo minhas habilidades?

Essas perguntas têm uma dupla finalidade. Primeiro, servem para que você se oriente antes de tomar medidas práticas que o preparem para ter o melhor desempenho possível. Ao fazê-las, você sinaliza para si mesmo que pode ser bem-sucedido, que é o único responsável pelo seu sucesso: não é sorte, não é destino.

O medo do fracasso é natural. É um sintoma de consciência, e isso é bom. Mas o medo do sucesso é uma doença fatal para todas as suas esperanças e sonhos.

O que é fundamental lembrar é que a coragem não é a ausência de medo. É a disposição de enfrentar seu medo e não deixar que ele o domine. Toda vez que você enfrenta seus medos, fica mais forte, mais confiante e consegue seguir em frente.