Mulheres da GenZ são menos propensas do que homens a usar IA no trabalho

Pesquisa aponta que os homens da geração Z têm 25% mais chances de já ter experimentado a tecnologia de inteligência artificial do que as mulheres

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Henry Chandonnet 3 minutos de leitura

A geração Z está crescendo em plena era dos grandes modelos de linguagem baseados em IA, como o ChatGPT e o Gemini AI. Agora, essa geração de jovens trabalhadores nascidos entre 1997 e 2012 está se preparando às pressas para um mercado de trabalho em rápida transformação.

Mas um enorme problema aflige esse grupo de trabalhadores que está por vir: a diferença de gênero no que diz respeito à familiaridade com a IA. 

De acordo com um novo estudo do Slack Workforce Lab, os homens de 18 a 29 anos têm maior probabilidade de experimentar a tecnologia de inteligência artificial do que as mulheres. Christina Janzer, diretora do Slack Workforce Lab, diz que ficou surpresa ao constatar o abismo na experiência no uso de IA.

"Não sei por que as mulheres da geração Z têm menos probabilidade de experimentar IA do que os homens da geração Z", reconhece Janzer. "Para mim, é um alerta muito grande de que os líderes precisam fazer tudo o que puderem para habilitar todo mundo para o uso da IA."

Conforme as ferramentas de IA vão sendo integradas ao ambiente de trabalho, essa lacuna pode colocar as mulheres da Geração Z em desvantagem profissional. Dos 10 mil trabalhadores que participaram da pesquisa, 35% dos homens relataram ter testado a tecnologia de IA em seu trabalho, contra apenas 29% das mulheres. 

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O Slack também constatou que os homens da geração Z têm 25% mais chances de ter testado ferramentas de IA do que as mulheres. De todas as gerações, essa foi considerada a maior diferença de gênero em IA. 

"Há obstáculos reais que impedem as pessoas de experimentar IA", diz Janzer. "Podemos garantir que as mulheres sejam capacitadas, podemos nos certificar de fornecer suporte para que elas tenham a mesma oportunidade de experimentar. Acho que a mensagem para os líderes é essa." 

MAIS CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO

Essa lacuna de gênero na IA é especialmente preocupante, considerando o modo radical como a IA está revolucionando os locais de trabalho. Além disso, dados recentes do LinkedIn sugerem que a IA tem mais probabilidade de substituir as mulheres no trabalho do que os homens. 

Uma análise dos dados dos usuários do LinkedIn de todo o mundo revelou que a proporção de homens que terão seus empregos afetados pela IA é estimada em 43%, número que sobre para 57% no caso das mulheres. Ou seja, aqueles que podem ser os mais afetados pela IA também são os menos propensos a experimentá-la por conta própria. 

A pesquisa aponta que os homens da geração Z têm 25% mais chances de ter testado ferramentas de IA do que as mulheres.

Theresa Fesinstine, fundadora da empresa de consultoria de RH com foco em tecnologia peoplepower.ai, usa sua plataforma para educar as mulheres sobre o uso da inteligência artificial no trabalho. Ela acredita que é a falta de educação que contribui para a diferença de gênero na IA.

Fesinstine diz que se lembra de ter visto "mulheres em uma sala de reuniões ou de conferências em que se falava de IA, e elas apenas acenavam com a cabeça e sorriam, porque não tinham sido instruídas". 

A solução proposta por ela? "Sessões de aprendizado dedicadas aos cargos que são proporcionalmente mais dominados por mulheres", como administradores, gerentes de escritório e líderes de RH. 

Para as mulheres, pedir para serem treinadas em novas tecnologias pode ser difícil. "A única maneira de termos confiança para dizer 'vou lutar para ter acesso a essas outras ferramentas' é se entendermos como as ferramentas funcionam e o que elas fazem para beneficiar os funcionários, antes de qualquer outra coisa'".


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