Mulheres e tecnologia: o ativismo alto astral da CEO da Girls Who Code

Como a líder de uma das maiores organizações sem fins lucrativos do mundo para meninas e pessoas não-binárias transforma alegria em mudança social

Créditos: Carey Wagner/ Pngtree

Jenna Abdou 4 minutos de leitura

Quando Tarika Barrett estava transformando os programas da Girls Who Code (GWC) em aulas online durante a pandemia, ela ouviu uma história que acabou servindo como fonte de inspiração para sua equipe.

Karina Popovich, ex-aluna da GWC, criou a Makers for Covid-19, uma coalizão global que imprime em 3D 22 mil unidades de equipamentos de proteção individual (EPIs) para profissionais de saúde por semana.

É fundamental dar às alunas a esperança de que elas se tornarão profissionais brilhantes no futuro.

“Pensei comigo mesma: estamos lidando com uma situação de vida ou morte e uma de nossas ex-alunas decidiu usar a tecnologia para ajudar resolver parte do problema’”, ela reflete. “A alegria e resiliência de nossas alunas me inspiram. É a motivação de que preciso.”

Barrett dedicou sua vida à equidade na educação e, mais recentemente, vem trabalhando na missão da GWC de eliminar as barreiras de gênero na tecnologia. A seguir, ela compartilha como usa a alegria como ativismo.

Fast Company – Por que usar a alegria como forma de ativismo?

Tarika Barrett – A questão é que nossos problemas são enormes. E vamos enfrentar alguns deles pelo resto de nossas vidas. Quando se entende isso, toda interação se torna preciosa. Cada momento de conexão precisa ser valorizado e respeitado como sua própria manifestação de mudança positiva.

É fundamental entender os caminhos complexos e inspiradores de nossas alunas e dar a elas a esperança de que se tornarão profissionais brilhantes no futuro.

Não há como não sentir raiva e frustração quando se está lutamos contra injustiças. Mas também sei o quanto atos de bondade e se sentir vistas e valorizadas significam para nossas jovens. A conexão é o elemento central da nossa abordagem.

Tarika Barret com alunas do projeto Girls Who Code (Crédito: Carey Wagner Photography)

Fast Company Como você reage quando não valorizam seu otimismo?

Tarika Barrett – Vivi momentos em que tanto eu quanto outros ao meu redor agiram de forma positiva e foram diminuídos por isso. Mas sempre me pego ao otimismo. Procuro ver o lado bom das pessoas. Esperar o melhor nos liberta da influência de pensamentos negativos, o que é muito importante em situações difíceis.

Fast Company A alegria coletiva é fundamental na sua filosofia. Como você a estimula na sua equipe e na comunidade?

Tarika Barrett – No final do ano passado, levamos todos os nossos funcionários para uma viagem. Eles foram divididos em grupos para que pudessem explorar Nova York e passar um tempo com membros da equipe com quem não costumam trabalhar.

Procuro ver o lado bom das pessoas. Esperar o melhor nos liberta da influência de pensamentos negativos.

Quando nossa vice-presidente de pessoas e cultura, Jana Chandler-Ligon, apresentou a ideia, eu estava presa ao velho paradigma de metas e resultados. Mas ela disse que era “sobre como as pessoas se sentem, sobre se basear na alegria.”

Apesar de confiar nela plenamente, ainda assim demorei um pouco para entender o que ela queria dizer. Jana sabia que o que precisávamos era de conexão. Precisávamos lembrar a equipe do propósito do nosso trabalho.

É importante confiar no próprio instinto e não deixar a alegria e a conexão em segundo plano. Criamos uma cultura onde a alegria importa e, por causa disso, nos esforçamos mais. É uma motivação intrínseca e coletiva, bem diferente da cultura do burnout.

Fast Company Como manter a esperança em momentos difíceis?

Tarika Barrett – Nosso diretor de programa, Daniel Voloch, e eu recentemente visitamos um clube GWC onde as meninas me perguntaram sobre a parte mais difícil do meu trabalho. Naquele momento, decidi ser sincera: “posso estar aqui falando com vocês agora, mas dar o primeiro passo foi muito difícil para mim”.

Reconhecer momentos de alegria é uma jornada contínua. Você para o que está fazendo e se permite aproveitá-la.

O potencial de nossas alunas foi o que me fez deixar de ser tão relutante e me tornou uma pessoa acolhedora. Compartilho suas histórias porque sei que todos que as ouvirem entenderão a urgência de dar oportunidade a pessoas que nunca tiveram.

Nossas meninas não serão deixadas para trás, pois a tecnologia está em todos os campos das nossas vidas. Não dar voz às nossas jovens, especialmente jovens negras, é inescrupuloso. Elas me motivam e me enchem de esperança.

Fast Company Você já disse que, quando reconhece momentos de alegria, encontra mais deles. Como a alegria te ajuda e onde podemos encontrá-la?

Tarika Barrett – A alegria me ajuda todos os dias. Reconhecer momentos de alegria é uma jornada contínua. Você para o que está fazendo e se permite aproveitá-la.

Um conselho que posso dar, inclusive para mim mesma, é prestar atenção. De vez em quando, acabo perdendo a chance de me conectar quando fico presa ao meu e-mail, em vez de parar para ouvir minha filha cantar ou brincar com meu filho.

Todos têm uma luz dentro de si; apesar de algumas estarem meio apagadas. Mas quando você compartilha a sua, a luz do outro brilha. Minha forma de liderar é estar sempre aberta e vulnerável para que outros também possam mostrar todo o seu brilho. Você pode mudar sua maneira de agir.


SOBRE A AUTORA

Jenna Abdou é criadora e apresentadora do portal 33Voices. saiba mais