Mulheres esportistas têm mais tendência a chegar a cargos de liderança

Novo relatório da Women's Sports Foundation mostra como a prática de esportes afetou gerações de mulheres desde a aprovação de uma lei antidiscriminação

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AJ Hess 3 minutos de leitura

Há mais de 50 anos, os Estados Unidos aprovaram uma legislação proibindo a discriminação com base no sexo em instituições de ensino e exigindo que elas oferecessem oportunidades esportivas iguais para homens e mulheres.

A lei ficou conhecida como Título IX e foi promulgada como parte das Emendas Educacionais de 1972. Hoje, os efeitos dessa mudança se fazem sentir muito além das escolas e quadras: algumas das mulheres mais influentes nos negócios relatam ter praticado esportes na infância.

Uma pesquisa da Deloitte de 2023 constatou que 69% das mulheres que ganham mais de US$ 100 mil por ano e ocupam cargos de liderança praticavam esportes competitivos. Além disso, 85% das que praticavam esportes afirmam que as habilidades que desenvolveram na prática esportiva foram importantes para o sucesso na carreira.

Essa conexão entre o sucesso profissional e o esporte na adolescência tem sido observada há anos. Por exemplo, em 2015, uma pesquisa da EY e da espnW constatou que 94% das mulheres em cargos de diretoria praticavam esportes. Na verdade, 80% das executivas da Fortune 500 pesquisadas disseram que praticaram esportes em seus primeiros anos de vida.

Um novo relatório da Women's Sports Foundation (WSF), detalha como o acesso ao esporte para mulheres e meninas afetaram cada geração nos EUA. A WSF pesquisou 2.886 mulheres com idades entre 20 e 80 anos e descobriu que, entre as que praticavam esportes, 69% exercem pelo menos uma função de liderança formal fora da família.

A pesquisa também mostrou que 71% das que exercem uma função de liderança formal têm cargos de gerente, diretora, presidente ou executiva em nível de diretoria (C-level). O estudo conclui que, quanto mais tempo uma pessoa pratica esportes, maior a probabilidade de ocupar cargos formais de liderança. 

Os pesquisadores descobriram que a participação em esportes tem aumentado constantemente a cada nova geração, com uma exceção: as mulheres na faixa dos 20 anos relataram que jogaram por apenas 7,6 anos – um declínio notável em comparação com as gerações anteriores. 

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“Entre o grupo mais jovem de mulheres (20 a 29 anos), há uma preocupação crescente com as barreiras à participação plena e segura como um componente dos esportes”, diz o relatório, detalhando que as mulheres na faixa dos 20 anos, todas participantes de esportes, são estatisticamente mais propensas a relatar barreiras à participação nos esportes (oito em cada 10) do que qualquer outro grupo.

Os entrevistados na faixa dos 20 anos “têm duas vezes mais probabilidade de relatar preocupações com a questão da segurança em suas experiências esportivas na juventude” do que aqueles na faixa dos 40 anos, diz o relatório, e de três a seis vezes mais do que os grupos mais velhos.

Segundo a pesquisa, quanto mais tempo uma pessoa pratica esportes, maior a probabilidade de ocupar cargos de liderança.

Danette Leighton, CEO da WSF, diz que esses obstáculos são motivo de preocupação nacional. “Para metade da população, que é composta por mulheres, quando elas praticam esportes, há uma correlação com a liderança. Esses conjuntos de habilidades são aprendidos no campo, na piscina e na quadra, e é imperativo que as meninas tenham a oportunidade de competir em todos os níveis.”

Para Leighton, o acesso ao esporte beneficia a todos de muitas maneiras, tanto homens quanto mulheres. Ela argumenta que dar a meninas e mulheres acesso ao esporte, especificamente, "fortalece a economia e cria um circuito de líderes que consideramos essenciais para a sociedade". 

Olhando para o futuro, Leighton continua otimista de que os líderes que observaram os benefícios dos esportes em primeira mão vão proteger a legislação que incentiva o esporte para mulheres e as oportunidades que ela oferece.


SOBRE O AUTOR

AJ Hess e editor da seção Worklife da Fast Company. saiba mais