Ninguém é realmente adulto até completar 36 anos de idade
Certa vez, quando eu estava conduzindo um workshop sobre fases da vida na cidade de Darwin, na Austrália, uma anciã indígena me disse: “Você não saberá que está pegando fogo até os 30 anos e não terá ideia de como apagá-lo até os 36.” Eu apenas concordei com a cabeça tentando aparentar saber exatamente do que ela estava falando, mas levei cinco anos e mais de 500 mil entrevistas para entender o que ela realmente quis dizer.
Meu livro, Your Best Life At Any Age, narra as experiências de 500 mil pessoas em um ensaio sobre a vida humana. O que ficou claro para mim durante as entrevistas foi que diferentes fases da vida nos exigem coisas diferentes, e que para se viver uma vida plena precisamos nos adaptar. Resiliência é a arte do improviso de lidar com tudo o que a vida coloca em nosso caminho. Mas um dos principais desafios, embora pouco reconhecido, é o nosso próprio desenvolvimento. Somos pessoas completamente diferentes em cada estágio das nossas vidas.
Em geral, a maioria das pessoas passa boa parte de seus 20 e poucos anos tentando compreender a vida, mas com uma ideia errada sobre quem são e sobre sua função no mundo. Embora alguns sortudos descubram isso cedo, geralmente é apenas perto dos 30 que tudo fica mais claro. Então, finalmente, surge um novo caminho, um que parece diferente o suficiente do que seus pais seguiram, mas não totalmente irracional e irresponsável. Encontrar significado e propósito nessa idade é raro, mas quando acontece, pode ser incrível.
Se os 20 e poucos podem ser considerados uma “bicicleta com rodinhas” da idade adulta, o início dos 30 é um período de certezas. Da mesma forma que nos sentimos obstinados e prontos para encarar o mundo aos 30, nos apaixonamos perdidamente pelo caminho que optamos. Seja por nossa vida afetiva, por filhos, por crescimento profissional ou, até mesmo por ter uma vida financeira estável. Seja o que for, isso se torna uma devoção obstinada e intensa.
Infelizmente, a vida às vezes encontra formas de arruinar nossos planos. E isso é mais frequente quando estamos absolutamente certos do caminho que escolhemos. Por isso, há sempre coisas em que precisamos trabalhar em nós mesmos até que nos tornemos totalmente adultos.
É claro que sucesso profissional e nossas realizações são importantes aspectos da vida, mas se nos deixarmos levar apenas por esses objetivos, podemos nos perder pelo caminho. Isso nos move tanto nesta fase, que nem damos ouvidos a opiniões alheias, nem mesmo a nossas próprias dúvidas e indecisões. E essa perda de intimidade com a gente mesmo tende a ser ofuscada por nossas conquistas neste período.
Quase inevitavelmente, depois desse longo período de determinação e força inabaláveis, tendemos a perder o sentido de propósito. O que parecia uma ideia ótima aos 29, parece um pouco duvidoso aos 35 e estranhamente antiquado e ingênuo aos 36. Esta, então, é a idade em que temos a oportunidade de repensar nossas crenças fundamentais, expandir nossos horizontes e nos sentirmos seguros em relação ao nosso futuro. Algo que parece tirar completamente nosso chão e referência, mas na verdade é um convite para nos abrirmos a novas possibilidades. Os 36 anos são a idade ideal para focarmos no futuro e construirmos a vida que queremos para nós mesmos. É quando verdadeiramente damos nossos primeiros passos na vida adulta.