O conceito de “marca pessoal” está precisando de um rebranding

As pessoas que lutam para criar uma “marca pessoal” estão colocando um fardo muito pesado sobre si mesmas. Que tal mudar essa tática?

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Kim Rittberg 4 minutos de leitura

Quando você ouve a expressão “marca pessoal”, também fica apreensivo? Eu entendo. Já ajudei centenas de profissionais que estão sofrendo para criar sua “marca pessoal”.

São desde empreendedores e executivos até gerentes e profissionais, e todos concordam com a importância da tal marca pessoal. No entanto, eles sempre ficam travados. E eu sei o motivo.

Essa é uma tarefa difícil porque as premissas básicas estão erradas. Não deveríamos estar tentando criar uma “marca pessoal”. É preciso fazer um “rebranding” da expressão “marca pessoal”.  Deveríamos chamá-la de “perspectiva profissional” ou “ponto de vista profissional”. 

1. Por que o termo “marca pessoal” é desnecessário e contraproducente

As identidades de marca, como as entendemos – logotipo, paleta de cores, persona, talvez um jingle - devem ser reconhecidas instantaneamente por um amplo espectro de clientes em potencial e, muitas vezes, são criadas por agências de criação de milhões de dólares.

Mas agora, com a onipresença e a importância da mídia social, colocamos esse desafio de branding em cada profissional e empreendedor, independentemente de sua área de especialização, seja ela vendas, tecnologia ou RH. 

2. A “marca pessoal” exige que nos objetifiquemos e nos comercializemos

Vamos ser realistas: a maioria das pessoas não tem experiência em marketing para criar uma marca própria. E também não temos a capacidade de nos ver na terceira pessoa ou de nos objetificar. A tarefa que estamos dando às pessoas é “trate-se como um tênis Nike ou um pacote de açúcar”.

Tentar nos "vender" seja profundamente desafiador porque somos humanos, não mercadorias. E, mais ainda, não se percebe a diferença entre o que os clientes esperam de uma marca (consistência, conveniência, talvez bom preço) e de uma pessoa (criatividade, relacionamento, perspectivas exclusivas).

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Como veterana da televisão, estou acostumada a dar notas aos editores e produtores nos vídeos. Agora que me apresento nas mídias sociais, estou acostumada a dar notas e falar sobre mim mesma na terceira pessoa. Mas essa não é uma maneira normal de falar sobre si mesmo.

Além de ser difícil, também é contraproducente. Para ser eficaz em seu marketing, você precisa deixar a autoconsciência de lado.  O que vai atrair as pessoas e mantê-las vinculadas a você é ser “real” ou “autêntico”. 

Isso vem de não pensar demais antes de publicar cada post. Dedicar-se a estar “dentro da marca” fará com que você se filtre demais. Se a sua perspectiva autêntica natural for um bom feijão com arroz, pensar demais nessa publicação a transformará em um prato frio e sem sal. 

3. Crie sua “perspectiva profissional” com base em sua paixão

Em vez de tentar se manter distante e se tratar como um produto, adote um processo diferente. Sua nova tarefa é ter uma perspectiva profissional ou um ponto de vista profissional. Não se trata de “criar” algo ou “fazer marketing” de si mesmo; trata-se de apresentar seus pontos de vista e sua personalidade ao mundo. 

Primeira etapa: pense nos assuntos que são de seu interesse dentro de sua área e analise o que você poderia compartilhar em um curso. Mais especificamente: o que te empolga profissionalmente? Sobre o que você poderia falar durante uma hora (sem ficar entediado)? 

Para ser eficaz em seu marketing, você precisa deixar a autoconsciência de lado.

Você também pode abordar um pouco de sua vida pessoal, sua trajetória profissional ou seus hobbies. Isso ajuda os outros a estabelecerem um ponto de conexão. Garanto que existe alguém que também é obcecado por observação de pássaros ou jogar gamão.

Além disso, como uma pessoa completa, todas essas coisas se cruzam para criar a perspectiva e os recursos exclusivos que somente você poderia compartilhar com o mundo.

4. Partilhe seus valores e tenha um ponto de vista sólido

Terry Rice, um coach de alto desempenho para empreendedores, recomenda incorporar a “marca do personagem”, que inclui a forma como você se apresenta ao mundo. 

Ele dá o exemplo de que, se ele escrever uma postagem na mídia social sobre ter perdido uma reunião porque teve que buscar a filha na escola, ele escreveria “veja como eu expliquei isso para meus acionistas e como estou feliz por ter um trabalho flexível”. Isso faz com que as pessoas queiram trabalhar mais com ele, e não menos.

Não deixe que suas metas de carreira e de negócios sejam prejudicadas por um termo que pareça muito pesado. Comece a divulgar sua perspectiva profissional – siga em frente e partilhe seu ponto de vista com o mundo.


SOBRE A AUTORA

Kim Rittberg é uma premiada profissional de marketing digital que auxilia profissionais a se tornarem melhores líderes utilizando recu... saiba mais