O futuro do trabalho depende da saúde mental dos profissionais

O burnout se tornou uma epidemia silenciosa em muitas empresas. Ignorar esses sinais pode comprometer não apenas indivíduos, mas equipes inteiras

Crédito: Rytis Bernotas/ Getty Images

Bruna Infurna 3 minutos de leitura

Como muitas pessoas, cada vez mais sinto que o mundo está acelerado e em constante transformação. Não é apenas uma sensação no competitivo e dinâmico mercado de trabalho – basta considerar que, segundo pesquisas do LinkedIn, 10% dos trabalhadores contratados em 2024 ocupam cargos que não existiam nos anos 2000 e 87% dos brasileiros estão se sentindo sobrecarregados com o ritmo das mudanças no ambiente de trabalho.

Nesse cenário, estar pronto para o futuro não é só uma necessidade, mas também um compromisso com o crescimento profissional contínuo. Essas constantes atualizações exigem muito de nós, então como nos preparar para isso sem deixar a saúde mental de lado?

2024 foi um ano de desafios e aprendizados. Profissionalmente, assumi grandes responsabilidades em meio a transformações na indústria de tecnologia. No âmbito pessoal, passei por mudanças intensas, equilibrando a chegada do meu primeiro filho com os cuidados aos meus pais, que enfrentavam desafios de saúde. Ao mesmo tempo, meu próprio bem-estar foi colocado à prova, e precisei passar por uma cirurgia delicada.

Dividir meu tempo entre essas responsabilidades foi exigente e, com o tempo, os sinais de esgotamento emocional se tornaram evidentes. Reconhecê-los não foi fácil mas, com o apoio da minha família, terapia e acompanhamento psiquiátrico, consegui buscar ajuda – um lembrete de que saúde mental e física caminham juntas.

A pressão por alta performance, a necessidade de se manter atualizado e a linha tênue entre vida pessoal e profissional impactam profundamente a saúde. Por isso, a transparência e o diálogo são fundamentais para construir um ambiente de trabalho mais sustentável.

Essa experiência reforçou a importância de cultivar redes de apoio e normalizar conversas sobre o tema. É essa cultura que queremos fortalecer: um espaço onde ninguém precise esconder o que sente por medo de parecer frágil, mas que enxergue a vulnerabilidade e o pedido de ajuda como sinais de força.

O PODER DA TRANSPARÊNCIA

Desde cedo, aprendi que me expressar com clareza e ser transparente seria um pilar essencial para construir relações saudáveis e produtivas. No entanto, ao ingressar no ambiente profissional, muitas vezes somos incentivados a deixar as emoções de lado, como se demonstrar cansaço ou pedir ajuda fossem sinais de fraqueza. Em alguns contextos, essa visão ainda persiste, mas a realidade é que esconder o que sentimos tem um custo alto.

A pressão para se encaixar em padrões inalcançáveis de produtividade pode ser esmagadora. O burnout se tornou uma epidemia silenciosa em muitas empresas e ignorar esses sinais pode comprometer não apenas indivíduos, mas equipes inteiras. A transparência emocional e a cultura do acolhimento são essenciais para mudar essa realidade e cuidar da saúde mental dos profissionais.

Na prática, isso pode começar com pequenas mudanças no dia a dia: criar espaços para conversas sem julgamentos, normalizar pedidos de ajuda e incentivar lideranças a dar o exemplo ao reconhecer suas próprias vulnerabilidades.

Equipes que contam com políticas de bem-estar mostram que a saúde mental dos profissionais não é um tabu, mas sim um pilar para o desenvolvimento dos negócios de forma humana.

Hoje em dia, as conversas sobre saúde mental estão ganhando a atenção que merecem. Na plataforma do LinkedIn, por exemplo, vemos cada vez mais profissionais compartilhando experiências sobre burnout, pressão por produtividade e desafios do dia a dia.

a transparência e o diálogo são fundamentais para construir um ambiente de trabalho mais sustentável.

Esses diálogos são essenciais para que possamos desconstruir barreiras e melhorar a cultura corporativa. O futuro do trabalho será moldado por ambientes que incentivam o equilíbrio, a transparência e o respeito às individualidades.

Embora o futuro ainda traga incertezas, uma coisa é clara: ele será moldado por nossas escolhas de hoje. Por isso, seja autêntico(a), crie conexões significativas e lembre-se de que cuidar de si também é um ato de coragem. Juntos(as), podemos construir um mundo com mais oportunidades, inclusão e bem-estar para todas as pessoas.


SOBRE A AUTORA

Bruna Infurna é head de contas estratégicas do LinkedIn para a América Latina. saiba mais