O que é comportamento passivo-agressivo e como lidar com isso
Quando as pessoas se sentem apoiadas e incentivadas a falar o que pensam, têm menos chance de recorrer a formas indiretas de expressar frustração
Lidar com comportamentos passivo-agressivos no ambiente de trabalho pode ser complicado, ainda mais quando eles surgem de formas sutis – como quando alguém revira os olhos, é sarcástico ou te "dá um gelo".
Gerenciar isso como líder pode parecer um desafio ainda maior. Como lidar com esse comportamento de forma a manter um ambiente de trabalho positivo e estimular uma comunicação aberta?
A agressividade passiva geralmente tem origem em conflitos internos ou frustrações não expressas. Embora cada pessoa seja única, alguns motivos comuns pelos quais alguém acaba recorrendo a esse tipo de comportamento são:
- Medo de conflito: algumas pessoas acham que enfrentar uma situação diretamente é intimidador e acabam usando formas indiretas de expressar a frustração.
- Dificuldade em expressar sentimentos: isso pode acontecer se a pessoa passou por ambientes onde o diálogo aberto não era bem aceito.
- Baixa autoestima: pessoas com dificuldades de autoconfiança podem ter dificuldade em afirmar suas necessidades diretamente e, por isso, optam por formas mais sutis de mostrar insatisfação.
- Dificuldade em ser assertivo: pode ser que a pessoa simplesmente não tenha as habilidades ou a confiança necessárias para expressar suas preocupações de maneira aberta e construtiva.
Entender algumas das causas comuns desse comportamento me ajudou a ter mais empatia pela pessoa com quem eu estava lidando – mas, para deixar claro, ter maior consciência e empatia não significa desculpar o comportamento. É preciso lidar com o problema, especialmente se você for um líder.
Mas é fundamental fazer isso de um lugar de empatia, para minimizar qualquer reação negativa que você possa ter. Isso porque, quando você reage negativamente ao comportamento passivo-agressivo, é muito fácil a conversa acabar sendo sobre a sua reação, em vez de focar no comportamento original que você quer corrigir.
ABORDE O PROBLEMA DIRETA E CALMAMENTE
Uma das formas mais eficazes de lidar com comportamento passivo-agressivo é abordá-lo rapidamente, mas com gentileza. Mencionar de modo calmo o que você percebeu pode fazer uma grande diferença. Tente usar uma linguagem neutra e focada na observação, e não no tom acusatório.
Esse tipo de linguagem dá à pessoa a oportunidade de falar sobre o que a está incomodando. Pode também fazer com que ela compartilhe preocupações que, de outra forma, manteria escondidas, o que pode evitar mais episódios de agressividade passiva.
Porém, se ela optar por ficar calada, resista à tentação de pressionar. Nem todo mundo está pronto para se abrir de imediato. Reconhecer o comportamento de forma gentil planta uma semente para futuras conversas.
O QUE FAZER SE O COMPORTAMENTO CONTINUAR
Se o comportamento persistir, talvez seja necessário ter uma conversa mais profunda. Nesse caso, pode ser útil se conectar com a pessoa de maneira pessoal, compartilhando uma experiência que a faça sentir que está sendo vista e compreendida.
Por exemplo, você poderia dizer: "lembro de momentos, em cargos anteriores, quando sentia que não podia expressar minhas preocupações abertamente, e era difícil. Não quero que você se sinta assim aqui."
Ao sugerir o que você acha que pode estar acontecendo e direcionar a conversa de forma a mostrar que quer ajudar, em vez de repreender, você aumenta as chances de a outra pessoa se abrir.
CRIE UMA CULTURA DE ABERTURA E APOIO
Em última análise, a melhor maneira de lidar com comportamentos passivo-agressivos é criar uma cultura na qual as pessoas se sintam à vontade para compartilhar seus pensamentos abertamente. Praticar o diálogo construtivo com a equipe pode reduzir bastante a probabilidade de comportamentos passivo-agressivos.
Há uma atividade específica que realizei com várias organizações com as quais trabalhei, e os resultados foram excelentes. Ela começa trazendo uma ideia para a equipe criticar, como um conceito ou um projeto. As pessoas são incentivadas a apontar possíveis falhas e depois cada uma é convidada a compartilhar seus pensamentos. É importante que todos falem, um de cada vez, e não apenas uma discussão aberta onde as pessoas que participam são sempre as mesmas.
Repita essa prática semanalmente e convide todos a apresentar suas ideias, permitindo que o grupo as critique. Depois que a equipe se sentir confortável em compartilhar quando percebe um problema, divida-a em dois grupos: metade destaca os aspectos positivos e a outra metade, os negativos. Assim, o time vai praticar a discordância respeitosa em uma situação de baixo risco.
OFEREÇA ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS
Não hesite em fornecer orientações sobre a linguagem específica. Pense em uma forma positiva de se expressar quando for dar feedback. Por exemplo: "acho que você trouxe um argumento importante quando disse X. Eu acrescentaria Y a essa questão." Essa abordagem mostra que discordâncias fazem parte de uma discussão saudável, e não um desafio pessoal.
Ao praticar esse tratamento de forma consistente, os membros da equipe desenvolvem confiança para compartilhar seus pensamentos reais, o que, no fim das contas, reduz a probabilidade de comportamentos passivo-agressivos.
Quando as pessoas se sentem ouvidas, apoiadas e incentivadas a falar o que pensam, têm muito menos chance de recorrer a formas indiretas de expressar frustração. Com as estratégias certas e o compromisso com uma comunicação aberta, é possível criar um espaço positivo e produtivo onde todos se sintam valorizados e engajados.