O que fazer quando alguém interrompe o que você está dizendo

Ser interrompido pode ser muito irritante e até desmoralizante, mas nem todas as interrupções – ou quem interrompe – são iguais

Créditos: Krakograff Textures/ Unsplash/ drobotdean/ wayhomestudio/ Freepik

Kathleen Davis 2 minutos de leitura

Ser interrompido não é apenas irritante, pode ser desmoralizante. E, infelizmente, isso é muito comum. Pesquisas mostram que mulheres, pessoas negras e funcionários LGBTQIA+ são interrompidos com mais frequência em reuniões.

Além disso, quanto mais alto o cargo da pessoa, maiores são as chances de ela interromper sua fala. O que significa que, provavelmente, há também uma dinâmica de poder envolvida.

Se você sente que está sendo interrompido com frequência em reuniões, saiba que a culpa não é sua. Quem fala mais alto ou mais vezes não necessariamente tem as melhores ideias. Mas mudar essa dinâmica é algo muito mais complicado do que podemos abordar aqui. Então, vamos focar no que é possível fazer. 

Você pode se inspirar no tom firme e direto da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, em seu debate de 2020 com Mike Pence: “se puder me deixar terminar, eu estou falando”. Se isso funcionou para conter o candidato, pode ser que também funcione com quem está tentando roubar sua vez de falar.

Mas se soa muito agressivo para você, uma alternativa é simplesmente retomar sua fala assim que a pessoa que o interrompeu finalizar seu discurso, dizendo algo como: “obrigado. Para concluir o que eu estava dizendo...” ou “um ponto que gostaria de destacar é...”.

Essa estratégia funciona tanto para quando somos interrompidos por alguém que quer contrapor o que estamos dizendo quanto para aqueles que querem reiterar nossas ideias.

Falando nisso, outra maneira de mudar essa cultura de interrupções é apoiar colegas quando eles forem cortados, especialmente se você ocupar um cargo mais alto.

Pesquisas mostram que mulheres, pessoas negras e LGBTQIA+ são interrompidos com mais frequência em reuniões.

Se perceber que alguém foi interrompido, pode simplesmente dizer algo como: “acho que a colega ainda não terminou seu raciocínio. Vamos deixá-la concluir antes de seguirmos em frente”.

Por fim, é importante ter a consciência de que nem toda interrupção é negativa. Há alguns anos, a professora de linguística Deborah Tannen cunhou o termo “sobreposição cooperativa”. Ela descreve pessoas que exibem esse tipo de comportamento como ouvintes altamente engajados, que tendem a demonstrar apoio ou “falar junto” enquanto escutam.

Eu me identifico bastante com isso, já que muitas vezes me empolgo com as ideias dos meus colegas e acabo querendo contribuir para reforçar o pensamento. Tento me controlar para não interromper e nunca tentaria levar o crédito por uma ideia que não fosse minha.

Embora o ideal seja sempre esperar que alguém termine sua fala para demonstrar apoio, às vezes vale a pena considerar se a pessoa que está te interrompendo, na verdade, não está simplesmente tentando mostrar que concorda com você e que está do seu lado.


SOBRE A AUTORA

Kathleen Davis é editora adjunta da Fast Company. saiba mais