O que marcas e pessoas podem aprender com o “efeito Taylor Swift”
Poucas celebridades têm o poder de gerar um impacto econômico significativo com cada movimento que fazem
Quando foi divulgada a notícia de que Taylor Swift estava namorando o jogador de futebol americano Travis Kelce, o impacto foi imediato e estrondoso.
A partida entre o Kansas City Chiefs e o Chicago Bears, que assistiram juntos, atraiu uma audiência de mais de 27 milhões de telespectadores, tornando-se o jogo da NFL mais assistido desde o Super Bowl de 2022. Além disso, o site StubHub registrou um aumento de 175% nas vendas de ingressos para o próximo jogo dos Chiefs contra os Jets.
Nas redes sociais, as menções a Kelce e à NFL dispararam, com as hashtags #traviskelce e #nfl gerando 2,27 milhões e 1,02 milhão de engajamentos, respectivamente, nas duas semanas após a partida, de acordo com dados compilados pela plataforma Captiv8.
Tudo isso aconteceu, claro, depois que Taylor Swift já havia demonstrado seu imenso poder e impacto cultural durante a “The Eras Tour”, que pode arrecadar mais de US$ 2,2 bilhões, e quebrado recordes de bilheteria com o filme da turnê. O documentário estreou nos cinemas neste mês, após um acordo de distribuição inovador negociado diretamente pela equipe da artista com a rede AMC.
Embora existam muitas estrelas capazes de lotar estádios ou atrair multidões para os cinemas, poucas têm o poder de gerar um impacto econômico a praticamente cada passo que dão. Os fãs veem Swift como referência e seguem seu estilo, desde as roupas que ela veste até seus salgadinhos preferidos.
CONSTRUINDO UMA CONEXÃO
Esse nível de influência não é acidental. Taylor Swift é especialista em cultivar a lealdade e o engajamento entre seus fãs, de acordo com Ashley Graham, fundadora da empresa de relações públicas The Conscious Publicist.
“Seus fãs sentem uma conexão profunda com ela, e isso não é por acaso. Taylor dominou a arte de abrir sua vida para o público, compartilhando momentos glamorosos e suas vulnerabilidades. Essa transparência cria um forte vínculo emocional”, explica Graham.
Jordan McAuley, especialista em relações públicas e fundador do ContactAnyCelebrity.com, destaca que Taylor Swift é “uma das celebridades mais acessíveis e fáceis de simpatizar de sua estatura”, dada a sua relação com os fãs.
“Desde o início, quando era uma cantora country, ela os abraçava, tirava selfies com eles, deixava pistas sobre projetos para decifrarem e enviava presentes pelo correio”, afirma McAuley. A mãe de Taylor até mesmo convida alguns fãs para conhecê-la nos bastidores dos shows.
“Ao contrário de outros influenciadores que compartilham apenas detalhes triviais, como o que estão comendo no café da manhã ou quais produtos recomendam, Swift dá aos fãs uma visão mais profunda de sua vida pessoal e até de vulnerabilidades e pensamentos por meio de suas músicas, presença nas redes sociais e outras interações”, observa Sarah Saffari, CEO da agência de marketing de influenciadores InfluencerNexus.
A cantora é conhecida por responder mensagens e comentar publicamente em posts de fãs nas redes sociais. Ela pode postar um vídeo com seu pai em um minuto e um vídeo bobo de um gato no outro. Tudo isso cria uma sensação de familiaridade e carinho. “Ela faz com que seus fãs sintam ‘nossa, eu a conheço pessoalmente’”, diz Saffi. “É como se ela fosse sua melhor amiga.”
UMA CONEXÃO QUE ECOA
Mas o que torna sua influência tão poderosa? É um processo, de acordo com Marcus Collins, especialista em contágio cultural e professor assistente de marketing na Universidade de Michigan. Para explicar, ele se baseia no trabalho de Elihu Katz, Paul Lazarsfeld e outros que identificaram o modelo de influência pessoal de duas etapas.
Costumamos pensar que a influência se dá de forma direta: a mídia compartilha uma mensagem e convence as pessoas por meio de seu poder e alcance. Mas a maneira como ela realmente funciona é através de um sistema de rede, no qual líderes de pensamento expressam suas opiniões. Essas opiniões repercutem e afetam as ações e decisões de outras pessoas dentro de comunidades menores que, coletivamente, têm um impacto.
Collins entende bastante sobre o assunto, tendo trabalhado com marketing digital para Beyoncé, que também tem grande influência sobre seus fãs, conhecidos como “BeyHive”. Ele afirma que marcas e indivíduos que desejam criar comunidades leais podem aprender lições valiosas com Swift. Tudo começa com uma análise honesta de valores e prioridades.
“Além de ser um artista, de vender tênis, de fabricar lâminas de barbear, quais são os pontos de vista – sua ideologia, características culturais – que moldam a maneira como você enxerga o mundo e o que faz?” questiona.
Depois de definir esses aspectos, é hora de começar a procurar pessoas e clientes “que veem o mundo da mesma maneira e ‘pregar o evangelho’ para eles”, diz Collins. Esses indivíduos compartilham uma ideologia e são mais propensos a se conectar com sua marca como expressão de sua identidade.
“Não há nada que atraia mais uma multidão do que uma multidão. As pessoas agem de uma determinada maneira, e isso cria um sinal de que é assim que também devemos agir”, acrescenta. E, embora nem todos alcancem o nível de influência de Taylor Swift, até mesmo um influenciador menor pode causar impacto.