Os 3 tipos de medo que travam líderes e como transformá-los em aliados
Da síndrome do impostor à indecisão diante da IA: por que enfrentar o medo é vital para que empresas cresçam e sobrevivam

Muitas vezes, líderes de negócios tomam decisões baseadas em medos infundados, em vez de se aprofundar nessas preocupações e pensar nelas de forma crítica. Uma pesquisa global de 2023 com líderes empresariais sugere que uma série de erros vive se repetindo. Três, em especial, lideram a lista:
- Evasão, falta de iniciativa ou falta de decisão em momentos importantes, por medo de cometer erros.
- Excesso de controle, microgerenciamento ou falta de confiança na equipe, por medo de que outros errem.
- Não dar feedback, não compartilhar opiniões honestas ou evitar confrontos, por medo de gerar conflitos.
Parece familiar? Pois é. Mas, para mudar, crescer e navegar pelos infinitos obstáculos que os negócios enfrentam hoje, é preciso correr riscos, empoderar pessoas e falar com honestidade. Do contrário, não há chance de avançar.
Não surpreende, portanto, que 70% de todas as iniciativas de transformação empresarial fracassem, segundo a McKinsey, sendo o medo o maior responsável por esse índice.
Isso não significa que o medo seja um inimigo. A verdade é que o medo é um professor, e aprender a escutá-lo pode ajudar a aumentar suas chances de sucesso onde tantos falham.
A seguir, veremos como três medos comuns, cada vez mais presentes no ambiente de trabalho, podem ser um convite para você examinar melhor suas decisões e superar os verdadeiros desafios culturais que impedem as empresas de se adaptar e prosperar.
MEDO DE FICAR DE FORA (FOMO)
Quando não é explorado, o FOMO ( sigla em inglês, fear of missing out) leva a decisões prematuras, sem considerar as consequências. Um exemplo é a corrida pela adoção da inteligência artificial: muitas empresas se jogaram rápido demais, sem pensar com clareza.
Um estudo global recente com executivos de alto escalão revelou que mais da metade se arrependeu de ter demitido funcionários cedo demais, motivados por expectativas irreais em torno da IA.

Esses líderes se concentraram mais no medo de perder a onda da IA do que em manter o foco no propósito e na missão. O resultado? Muitas consequências indesejadas.
O FOMO é um excelente lembrete de que o que não pode ser perdido é o que realmente importa. A IA é uma ferramenta, um “como”. Decisões não devem ser tomadas com base em níveis de ansiedade, mas no que é essencial para a organização.
MEDO DE ESTRAGAR TUDO
Na outra ponta, o medo de estragar tudo pode levar à indecisão, paralisia e até à perda da vantagem de ser o primeiro a agir.
Uma pesquisa de 2023 com mais de 14 mil funcionários e líderes em 17 países mostrou que o excesso de dados e informações está alimentando uma verdadeira epidemia de indecisão.
Quando você sentir que o medo de estragar tudo está paralisando sua tomada de decisão e aumentando a ansiedade, faça uma pausa. Respire. Pergunte-se do que realmente tem medo. Explore as consequências de não agir. E procure ajuda das pessoas ao seu redor para pensar com clareza.
MEDO DE SER INADEQUADO
Esse é um dos medos mais comuns. Quando mal administrado, ele leva ao microgerenciamento, ao exagero e ao que alguns chamam de “narcisismo acidental” – um foco maior nas aparências do que nos resultados.
Talvez você tenha uma revisão de resultados trimestrais pela frente, com pontos desagradáveis a discutir. Talvez se sinta sobrecarregado no trabalho, mas tenha medo de pedir ajuda. Ou talvez não tenha certeza da estratégia geral da empresa, mas, por sofrer de síndrome do impostor, tenha medo de levantar a questão.

Quando perceber sua energia voltada para dentro de si, quando sentir que está prestes a se fechar em copas, veja isso como um sinal. Esse é o momento de olhar para o medo e entender o que ele está tentando mostrar.
O medo de ser inadequado nos pede que façamos uma escolha consciente: o que importa mais, a insegurança ou o impacto que podemos causar? Ele oferece a chance de optar por se levantar e agir, porque o momento importa mais do que o risco de parecer bobo.
Nossos medos não foram feitos para nos derrotar. Eles pedem nossa atenção e nos ajudam a envergar o que realmente importa. Líderes de sucesso não são os que fogem do medo, mas os que aprendem a escutá-lo e a transformá-lo em ação.
Adaptado do livro "Unmasking Fear: How Fears Are Our Gateways to Freedom" (Medo desmascarado: o medo como uma porta para a liberdade, em tradução livre), da Health Communications.