Pare de checar tanto o seu e-mail

Estudos descobriram que atualizar compulsivamente sua caixa de entrada pode fazer você se sentir esgotado, frustrado e estressado

Crédito: rawpixel.com

Stephanie Vozza 3 minutos de leitura

Se você anda estressado, tente observar quanto tempo por dia você passa na sua caixa de entrada. Estudos descobriram que ficar abrindo o e-mail pode fazer você se sentir emocionalmente esgotado, frustrado e estressado. Infelizmente, os arranjos de trabalho híbrido e remoto tendem a intensificar esse problema, aumentando o número de e-mails que o trabalhador recebe, devido à falta de conversas cara a cara.

Embora você provavelmente não possa controlar o volume de e-mails que recebe, você tem a capacidade de controlar seu próprio comportamento, diz Kostadin Kushlev, professor assistente de psicologia da Universidade de Georgetown.

“Na pesquisa psicológica, às vezes dizemos que as pesquisas são sobre nós mesmos, o que significa que muitas vezes estamos explorando aspectos que são relevantes para nosso próprio comportamento”, diz Kushlev. “Percebi que estava gastando muito tempo no e-mail e nem sempre sendo muito produtivo. Escrever requer muito foco, e eu estava distraído com minha caixa de entrada, o que me deixava menos produtivo.”

Então, Kushlev conduziu um experimento com dois grupos de pessoas: um que verificava seus e-mails ao longo do dia e outro que verificava de três a cinco vezes por dia. Depois de uma semana, os grupos trocaram de hábitos. O grupo que tinha acesso limitado agora podia verificar seu e-mail a qualquer momento. Já o grupo que não tinha restrições foi instruído a verificar o e-mail apenas de três a cinco vezes por dia.

Ao alternar os grupos, Kushlev pôde investigar como as pessoas se sentem ao limitar (ou não limitar) sua verificação de e-mail. A diferença não estava na personalidade de cada um, mas na manipulação de um comportamento em particular.  

No final da semana, os participantes avaliaram seus níveis de estresse. As pessoas que lidaram com seus e-mails em momentos definidos, verificando de três a cinco vezes por dia, relataram um estresse diário significativamente menor do que durante a semana de uso ilimitado de e-mails. Os participantes que puderam acessar seu e-mail à vontade fizeram em média 15 checagens por dia.

Além de se sentirem menos distraídos com o e-mail ao longo do dia, impor limites resultou em uma gama diversificada de resultados de bem-estar. “Quando as pessoas estão menos estressadas, elas se sentem mais conectadas socialmente”, diz Kushlev. “Eles também perceberam que estavam produtivos. A verificação frequente de e-mail é uma das fontes mais comuns de designação de tarefas para o profissional de informação contemporâneo.”

BUSCANDO O EQUILÍBRIO

A razão pela qual muitas pessoas sofrem com o e-mail geralmente tem a ver com as notificações, que podem interromper o foco no trabalho. “De certa forma, as notificações nos dão pequenos aumentos de dopamina”, diz Kushlev. “Elas indicam que aconteceu algo novo ou algo interessante. É tentador ver o que é essa coisa nova. Se você está tentando se concentrar em uma tarefa, ignorar as notificações dá trabalho.”

O grupo que tinha acesso limitado foi aconselhado a fechar os aplicativos de e-mail e desativar as notificações, para não se distrair com a chegada das mensagens. Essa etapa é importante para reduzir as verificações de e-mail.

Kushlev explica que não há um número ideal de vezes para verificar seu e-mail – três a cinco é uma quantidade arbitrária. O melhor objetivo é criar um limite e encontrar o número equilibrado de vezes que permite equilibrar o trabalho focado e acompanhar as comunicações importantes. Algumas funções precisam ser mais conectadas e responsivas do que outras, e limites rígidos podem causar estresse. Nesse caso, Kushlev recomenda verificar uma vez a cada hora.

“A chave é assumir o controle do seu e-mail”, diz ele. “Seja mais intencional. É você quem decide quando verificar seu e-mail – não deixe que o e-mail recebido lhe diga quando fazê-lo.”


SOBRE A AUTORA

Stephanie Vozza escreve sobre produtividade e carreira na Fast Company. saiba mais