Por que a forma como você define metas importa mais do que a meta em si

Estudos mostram que focar no que fazer — e não no que evitar — aumenta as chances de sucesso

metas de aproximação e metas de interrupção
Créditos: Deagreez/a Getty Images/ Daryl Han/ Unsplash

Jeff Haden 3 minutos de leitura

Todos nós temos metas. Mas ao menos parte da diferença entre conseguir ou não alcançar essas metas está em como elas são formuladas.

Em um estudo publicado na "PLOS One", pesquisadores dividiram os objetivos dos participantes em duas categorias básicas:

  • Metas de interrupção: focadas em interromper ou evitar um comportamento indesejado, por exemplo, parar de ignorar problemas interpessoais entre funcionários, parar de adiar tarefas importantes ou parar de assistir tanta TV. Entra nessa categoria tudo aquilo que você quer deixar de fazer ou que ou gostaria de fazer com menos frequência.
  • Metas de aproximação: voltadas para a adoção de um novo comportamento, como concluir a tarefa mais importante da sua lista todos os dias, elogiar pelo menos um funcionário por dia ou comer ao menos uma porção de vegetais no almoço e no jantar.

Por que essa diferença importa? Em comparação com pessoas que definem metas de interrupção, aquelas que estabelecem metas de aproximação têm muito mais chance de manter o plano.

Parte disso se explica pelo fato de ser mais satisfatório fazer algo que você quer do que tentar evitar algo que você não quer.

Por exemplo, por muitos anos, bebi grandes quantidades de refrigerante. Quando decidi reduzir o consumo, estabeleci uma meta de aproximação. Em vez de definir algo como “parar de beber refrigerante de manhã", minha meta passou a ser “beber água no café da manhã, junto com minha barra de proteína e uma banana”.

Depois, estendi a regra da água para o almoço, o jantar e os lanches. O resultado, claro, foi beber menos refrigerante. Mas eu não estava evitando refrigerante; estava “me aproximando” da água.

mãos fazendo sinal de positivo e negativo
Crédito: Freepik

O mesmo vale para qualquer hábito que se queira mudar. Se você tende a evitar se envolver em conflitos interpessoais entre funcionários, não diga que vai parar de ignorar esses problemas. Faça da sua meta construir um ambiente de camaradagem e trabalho em equipe e escolha atividades ou comportamentos que apoiem esse objetivo.

Você pode, por exemplo, passar um pouco de tempo todos os dias trabalhando no setor onde dois funcionários não se dão bem. Ou criar situações em que as pessoas possam colaborar em algo positivo.

Um ex-chefe meu, certa vez, designou a mim e a um funcionário com quem eu vivia em conflito para um projeto com uma recompensa muito boa. Trabalhando juntos, resolvemos rapidamente nossas diferenças.

Interromper um hábito é mais fácil quando você não tem tanto tempo ou espaço para praticá-lo.

Praticamente toda meta de interrupção pode ser transformada em uma meta de aproximação. Basta identificar o comporta- mento ou hábito positivo que você quer que fique no lugar daquilo que deseja deixar de fazer – e se esforçar para praticá-lo.

Se você quer assistir menos TV, estabeleça como meta ler 20 páginas todas as noites. Se quer passar menos tempo no escritório, faça da sua meta caminhar pelo chão de fábrica ou pelos corredores logo no início do dia. Se quer reduzir o tempo nas redes sociais, inicie uma atividade que dificulte o uso dessas redes.

Se a meta for caminhar todas as noites com um parceiro ou amigo e vocês deixarem os celulares para trás, voilà: mais interação real e muito menos rede social.

Em resumo, se você quer parar de fazer algo, ou fazer menos, escolha outra coisa que você queira ou precise fazer. Transforme essa outra coisa em sua meta: faça isso e, naturalmente, terá menos tempo e oportunidade para fazer aquilo.

Essa é a beleza das metas de aproximação. Interromper um hábito é mais fácil quando você não tem tanto tempo ou espaço para praticá-lo. Além disso, é muito mais divertido começar a fazer algo que você realmente quer do que tentar parar de fazer algo que decidiu que não deveria.


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