Por que a GenZ é menos propensa a reportar má conduta no trabalho?
De acordo com um novo relatório, os trabalhadores mais jovens não confiam nas políticas antirretaliação de seus empregadores
O Ethisphere Institute, uma organização sem fins lucrativos, lançou seu Relatório Anual de Ética Empresarial, que abrange tendências éticas em ambientes de trabalho. Uma das investigações mais importantes do relatório analisou a disposição dos funcionários de relatar mau comportamento no local de trabalho.
A descoberta mais significativa surpreendeu: durante a pandemia, os entrevistados afirmavam que se sentiam mais dispostos a denunciar o mau comportamento no local de trabalho, mas na prática relataram menos. Essa discrepância ficou mais nítida dentre entrevistados da geração Z, que o relatório descreve como trabalhadores de 25 anos ou menos.
Das más condutas relatadas pelos entrevistados após a pandemia, assédio ou discriminação foram as mais citadas.
De acordo com a pesquisa, 38,9% dos entrevistados da geração Z que testemunharam alguma má conduta não a denunciaram, apesar da vontade. Para fins de comparação, os millennials que não tiveram coragem de relatar alguma má conduta observada somaram 31, 8%, enquanto tanto os profissionais da geração X quanto os baby boomers somaram 27,6%.
A pergunta feita aos participantes foi: “quando presenciou um abuso, você denunciou?” É importante ressaltar que uma boa porcentagem de entrevistados de todas as faixas etárias se recusou a responder, – por isso é difícil traçar o quadro completo.
De qualquer forma, a geração Z foi a faixa etária com menor probabilidade de responder “sim” à questão sobre relatar má conduta no local de trabalho: 43,6%, em comparação com 45,5% da geração do milênio, 53,5% da geração X e 50,3% dos boomers.
MEDO DE RETALIAÇÃO
Das más condutas relatadas pelos entrevistados após a pandemia, assédio ou discriminação foram as mais citadas, seguidas por bullying, que foi o tipo de abuso no local de trabalho que mais aumentou antes e depois da pandemia. Retaliações, práticas trabalhistas injustas e conflitos de interesse completam os cinco tipos de problemas mais relatados.
Mas, de todas as gerações que relatam má conduta, por que os zennials tem menos probabilidade de denunciar? O Ethisphere diz que, quanto mais jovem o trabalhador, menos provável que ele confie nas políticas e procedimentos antirretaliação dos empregadores.
Dentre os entrevistados da GenZ:
- 55,5% dos que testemunharam abusos não denunciaram porque não acreditavam que uma atitude corretiva seria tomada.
- 47,1% ficaram com medo de sofrer algum tipo de retaliação.
- 41,2% disseram temer que o anonimato da denúncia não fosse respeitado.
- 40,1% não se sentiam à vontade para acusar funcionários superiores a eles.
- 21% tiveram medo de prejudicar outros membros da equipe caso relatassem o abuso testemunhado.
De acordo com os autores do relatório, as empresas precisam fazer muito mais para convencer os mais jovens de que eles podem confiar nas suas políticas de combate a abusos.
Para a pesquisa foram entrevistados 12.454 membros da geração Z, 84.259 millennials, 116.043 da geração X e 37.569 baby boomers.