Quer profissionais mais criativos e eficientes? Busque na faixa dos 40+ aos 60+
Claro, tudo depende do tipo de vaga que você quer preencher

Um empresário que conheço costuma contratar apenas pessoas na casa dos 20 anos. Ele acredita que elas trazem mais energia para o negócio – novas ideias, inovações, habilidades atualizadas. Em parte, ele tem razão. Mas a ciência mostra que, na maioria das vezes, essa não é a melhor estratégia.
Uma análise publicada pelo National Bureau of Economic Research, instituto norte-americano de pesquisa econômica, mostra que a idade em que cientistas e inventores atingem o auge da criatividade vem aumentando. Antes, os grandes momentos de genialidade aconteciam mais cedo; hoje, as maiores contribuições costumam surgir depois dos 40.
“As pesquisas mostram, de forma consistente, que o desempenho atinge seu pico na meia-idade. O ciclo começa com um período de aprendizado, em que quase não há produção criativa relevante, seguido por uma rápida ascensão até o auge – geralmente entre o fim dos 30 e os 40 anos”, explicam os pesquisadores.
O mesmo acontece com empreendedores. Um estudo publicado no “Journal of Business Venturing” revelou que os mais bem-sucedidos tendem a estar na meia-idade – inclusive no setor de tecnologia.
Na prática, um fundador de 60 anos tem três vezes mais chances de criar uma startup de sucesso do que um de 30 e quase o dobro de chances de estar entre as 0,1% de empresas com maior faturamento.
Mas por que os grandes momentos de genialidade costumam acontecer mais tarde? É claro que, de vez em quando, ainda surgem talentos precoces – como Isaac Newton, que aos 23 anos formulou a teoria da gravidade (e também o cálculo, disciplina pela qual muitos de nós nunca o perdoamos).
Mas o verdadeiro domínio leva tempo. De acordo com os pesquisadores, “a relação entre criatividade e conhecimento acumulado depende não só do aprendizado, mas também da complexidade dos processos mentais necessários para conectar e expandir esse conhecimento.”

Em outras palavras: não basta saber, é preciso entender como as coisas se encaixam em um todo. Só assim nascem as grandes ideias e descobertas.
O mesmo vale para empreendedores. Fundadores mais jovens tendem a estar mais familiarizados com a tecnologia e a ser menos avessos ao risco, mas os mais velhos trazem experiência, visão estratégica, boas redes de contato e mais facilidade para acessar capital.
IDADE COMO VANTAGEM
No fim das contas, é difícil traçar uma boa estratégia, tomar as inúmeras decisões que um negócio exige e ser um bom líder sem bagagem. Para quem empreende, a idade não é um obstáculo – é uma vantagem.
Isso também vale para novos funcionários. Profissionais mais jovens, de fato, costumam ter mais domínio sobre ferramentas digitais e uma formação mais recente, adaptada a setores em rápida transformação. Se a vaga exige habilidades muito específicas, um candidato jovem pode ser ideal.
pesquisas mostram, de forma consistente, que o desempenho profissional atinge seu pico na meia idade.
Mas se o cargo pede uma visão mais ampla – ou um conjunto de habilidades interligadas, como liderança e gestão –, vale considerar alguém com mais estrada.
Independentemente da idade, o que realmente importa é contratar a pessoa certa. O segredo é identificar as habilidades e características que você precisa e procurar quem melhor se encaixa nelas, sem se deixar levar por estereótipos – especialmente aquele de que “cachorro velho não aprende truque novo”. Porque, na prática, a genialidade leva tempo para se desenvolver.
Afinal, Steve Jobs pode até ter fundado a Apple aos 21 anos, mas suas maiores inovações comerciais vieram quando ele já estava na casa dos 40 e 50.
Este artigo foi publicado originalmente na “Inc.”, publicação parceira da Fast Company.