Quer profissionais mais criativos e eficientes? Busque na faixa dos 40+ aos 60+

Claro, tudo depende do tipo de vaga que você quer preencher

pessoas andam entre lâmpadas gigantes
Crédito: Digtial Storm/ Getty Images

Jeff Haden 3 minutos de leitura

Um empresário que conheço costuma contratar apenas pessoas na casa dos 20 anos. Ele acredita que elas trazem mais energia para o negócio – novas ideias, inovações, habilidades atualizadas. Em parte, ele tem razão. Mas a ciência mostra que, na maioria das vezes, essa não é a melhor estratégia.

Uma análise publicada pelo National Bureau of Economic Research, instituto norte-americano de pesquisa econômica, mostra que a idade em que cientistas e inventores atingem o auge da criatividade vem aumentando. Antes, os grandes momentos de genialidade aconteciam mais cedo; hoje, as maiores contribuições costumam surgir depois dos 40.

“As pesquisas mostram, de forma consistente, que o desempenho atinge seu pico na meia-idade. O ciclo começa com um período de aprendizado, em que quase não há produção criativa relevante, seguido por uma rápida ascensão até o auge – geralmente entre o fim dos 30 e os 40 anos”, explicam os pesquisadores.

O mesmo acontece com empreendedores. Um estudo publicado no “Journal of Business Venturing” revelou que os mais bem-sucedidos tendem a estar na meia-idade – inclusive no setor de tecnologia.

Na prática, um fundador de 60 anos tem três vezes mais chances de criar uma startup de sucesso do que um de 30 e quase o dobro de chances de estar entre as 0,1% de empresas com maior faturamento.

Mas por que os grandes momentos de genialidade costumam acontecer mais tarde? É claro que, de vez em quando, ainda surgem talentos precoces – como Isaac Newton, que aos 23 anos formulou a teoria da gravidade (e também o cálculo, disciplina pela qual muitos de nós nunca o perdoamos).

Mas o verdadeiro domínio leva tempo. De acordo com os pesquisadores, “a relação entre criatividade e conhecimento acumulado depende não só do aprendizado, mas também da complexidade dos processos mentais necessários para conectar e expandir esse conhecimento.”

homem mais velho faz expressão de dúvida
Crédito: master1305/ iStock

Em outras palavras: não basta saber, é preciso entender como as coisas se encaixam em um todo. Só assim nascem as grandes ideias e descobertas.

O mesmo vale para empreendedores. Fundadores mais jovens tendem a estar mais familiarizados com a tecnologia e a ser menos avessos ao risco, mas os mais velhos trazem experiência, visão estratégica, boas redes de contato e mais facilidade para acessar capital.

IDADE COMO VANTAGEM

No fim das contas, é difícil traçar uma boa estratégia, tomar as inúmeras decisões que um negócio exige e ser um bom líder sem bagagem. Para quem empreende, a idade não é um obstáculo – é uma vantagem.

Isso também vale para novos funcionários. Profissionais mais jovens, de fato, costumam ter mais domínio sobre ferramentas digitais e uma formação mais recente, adaptada a setores em rápida transformação. Se a vaga exige habilidades muito específicas, um candidato jovem pode ser ideal.

pesquisas mostram, de forma consistente, que o desempenho profissional atinge seu pico na meia idade.

Mas se o cargo pede uma visão mais ampla – ou um conjunto de habilidades interligadas, como liderança e gestão –, vale considerar alguém com mais estrada.

Independentemente da idade, o que realmente importa é contratar a pessoa certa. O segredo é identificar as habilidades e características que você precisa e procurar quem melhor se encaixa nelas, sem se deixar levar por estereótipos – especialmente aquele de que “cachorro velho não aprende truque novo”. Porque, na prática, a genialidade leva tempo para se desenvolver.

Afinal, Steve Jobs pode até ter fundado a Apple aos 21 anos, mas suas maiores inovações comerciais vieram quando ele já estava na casa dos 40 e 50.

Este artigo foi publicado originalmente na “Inc.”, publicação parceira da Fast Company.


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