Quiet cracking: o desgaste invisível que ameaça equipes e resultados

Novo estudo identifica o quiet cracking, desgaste invisível que corrói a satisfação no trabalho e desafia empresas a agir antes que a queda de desempenho apareça

Quiet cracking: o desgaste invisível que ameaça equipes e resultados
Créditos: master1305 via Getty images

Inc. Magazine 3 minutos de leitura

Líderes sempre precisaram prestar atenção a mudanças sutis, mas significativas, que afetam o desempenho das equipes. Desde a pandemia, sinais como burnout, falta de engajamento e a chamada “demissão silenciosa” ficaram mais frequentes. Agora, uma nova preocupação começa a aparecer: o quiet cracking.

O termo, usado pela empresa de gestão de aprendizagem TalentLMS, descreve uma situação que fica entre o burnout e o quiet quitting. O burnout atinge profissionais ambiciosos, mas sobrecarregados. O quiet quitting acontece quando a pessoa cumpre apenas o mínimo e se afasta de um trabalho que já não quer. 

No “quiet cracking”, o profissional continua gostando da função, mas passa a se sentir desvalorizado

No “quiet cracking”, o profissional continua gostando da função, mas passa a se sentir desvalorizado e sem perspectivas de crescimento. Aos poucos, a frustração e a desmotivação se acumulam. A atenção e a produtividade caem, mesmo sem que haja sinais imediatos de queda de desempenho.

Segundo a TalentLMS, o quiet cracking é uma erosão silenciosa da satisfação no trabalho. Não é tão visível quanto o burnout, que costuma vir acompanhado de exaustão, nem como o quiet quitting, que aparece rapidamente nas métricas. Mas pode ser tão prejudicial quanto.

UM PROBLEMA DIFÍCIL DE DETECTAR

A pesquisa feita com mil trabalhadores nos Estados Unidos mostra que 54% já viveram um ou mais sinais dessa condição recentemente. Um em cada cinco afirmou enfrentar esses desafios com frequência ou o tempo todo. Para a empresa, é preocupante porque esse estado de infelicidade persistente leva ao desengajamento, ao baixo desempenho e ao desejo crescente de deixar o emprego.

O quiet cracking é difícil de identificar, inclusive para o próprio funcionário

O quiet cracking é difícil de identificar, inclusive para o próprio funcionário. No início, as insatisfações parecem passageiras. Com o tempo, tornam-se profundas e difíceis de ignorar. Nessa fase, a pessoa tende a guardar os problemas para si, mantendo-se no emprego mais por medo de não conseguir outro do que por motivação.

Mesmo chegando no horário e tentando cumprir as tarefas, a apatia reduz a eficácia e o foco. É um tipo de desengajamento que, segundo um estudo da Gallup, custa às empresas no mundo todo cerca de US$ 8,8 trilhões por ano em produtividade perdida.

COMO PREVENIR E REVERTER

Há, porém, caminhos para prevenir ou reverter o problema. As respostas coletadas pela pesquisa indicam que as causas mais comuns são falta de reconhecimento, líderes que não ouvem ou não prestam atenção e ausência de oportunidades de crescimento. Resolver esses pontos é a melhor forma de evitar que evoluam para o quiet cracking.

A recomendação da TalentLMS é investir mais em aprendizagem e desenvolvimento, tratando o treinamento não apenas como capacitação, mas como incentivo à confiança. Funcionários que relataram o problema disseram ter recebido menos orientação no último ano. O estudo sugere criar trilhas de aprendizado contínuas, nas quais os próprios profissionais possam ajudar a definir os temas, e reservar tempo no expediente para que participem.

Também é importante treinar líderes para buscar feedback de forma regular. Sempre que possível, essas conversas devem acontecer individualmente, para que a pessoa se sinta mais à vontade para falar sobre preocupações e dificuldades.

Outro ponto que faz diferença é reconhecer publicamente o trabalho e as conquistas das equipes. Não precisa ser algo grandioso ou formal, e pode valorizar até esforços de rotina, desde que tragam benefícios claros para a empresa.

UM DESAFIO DE NEGÓCIOS

Essas ações podem parecer mais uma tarefa para quem já lida com problemas como burnout e falta de engajamento. Mas a TalentLMS afirma que o retorno em satisfação e produtividade compensa.

O estudo conclui que o quiet cracking não é apenas uma questão de bem-estar. É também um desafio de negócios. Quando um funcionário começa a “trincar” silenciosamente, leva embora produtividade, criatividade e lealdade. Combater o problema não exige mudar toda a estratégia, mas pede escuta, ação e investimento.


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