Regra nº 1 para empresas que querem adotar agentes de IA: preparar a casa
Um framework centralizado de governança de IA é o que permite à empresa garantir responsabilidade, controle de riscos e conformidade ética

“Agente de IA” virou o termo do momento em 2025. Embora ainda seja considerada uma tecnologia emergente, empresas de todos os tamanhos estão correndo para desenvolver ou adotar agentes de inteligência artificial como forma de se manterem competitivas.
Em maio, por exemplo, a OpenAI lançou uma prévia do Codex, seu agente de engenharia de software em nuvem – e não é difícil entender por que isso vem despertando tanto interesse e empolgação.
Desde áreas como atendimento ao cliente até gestão da cadeia de suprimentos, passando pelo setor jurídico, os agentes de IA prometem transformar diversos segmentos. Eles já estão mostrando que podem atuar tanto em ambientes corporativos quanto no dia a dia do consumidor, ajudando a consolidar de vez a inteligência artificial como uma tecnologia mainstream.
Ao contrário dos chatbots ou geradores de imagem – que respondem a comandos específicos –, os agentes de IA executam tarefas complexas de forma autônoma, em nome do usuário.
Em 2025, esses sistemas devem mudar radicalmente a forma como usamos a tecnologia e como as empresas operam. É o que aponta o mais recente relatório da Forrester, que colocou os agentes de IA no topo da sua lista das 10 Principais Tecnologias Emergentes para 2025.
O estudo destaca o poder e o potencial dessa nova geração de inteligência artificial, mas também traz um alerta: os benefícios vêm acompanhados de grandes riscos e desafios. E é por isso que as empresas precisam priorizar a governança, antes mesmo de pensar em desenvolver ou implementar a tecnologia para se manter à frente da concorrência.
GOVERNANÇA EM PRIMEIRO LUGAR
Nos próximos três anos, pelo menos 15% das decisões do dia a dia dentro das empresas serão tomadas de forma autônoma por agentes de IA – um salto gigantesco em relação aos 0% registrados em 2024.
Essa previsão, feita pela Gartner, mostra o potencial dessa tecnologia. Mas vem acompanhada de outro dado preocupante: 25% das falhas de segurança nas empresas estarão relacionadas ao uso indevido desses agentes.

A rápida adoção da inteligência artificial pode ser empolgante, mas também traz desafios complexos – como o surgimento da chamada “IA sombra”. Por isso, adotar uma abordagem com foco em governança desde o início não é apenas recomendável: é essencial.
Mas por que, afinal, os agentes de IA são tão difíceis de controlar? A resposta curta: por causa da autonomia. A resposta completa: porque esses sistemas tornam muito mais difícil para as empresas terem clareza sobre cinco aspectos fundamentais:
- Quem é responsável por cada agente
- Qual departamento supervisiona suas ações
- Quais dados eles podem acessar
- Que tipo de decisão ou tarefa eles podem executar
- E, principalmente, como garantir a governança de tudo isso
UMA ABORDAGEM COMPLETA
É aí que entra a governança unificada. Com um framework robusto, a empresa pode garantir que seus agentes atuem com responsabilidade e estejam alinhados com as normas e diretrizes internas. Sem isso, os riscos são grandes: uso indevido de dados sensíveis, problemas de compliance e decisões que contrariam os objetivos estratégicos da organização.
Vamos imaginar uma situação prática: você é CEO de uma grande empresa. Sua equipe desenvolve um assistente de IA para automatizar tarefas e economizar tempo. Agora imagine que esse assistente acessa arquivos confidenciais.

Sem diretrizes bem definidas, ele pode, por exemplo, resumir projeções financeiras ou reuniões privadas do conselho de administração e, sem querer, compartilhar essas informações com fornecedores ou colaboradores não autorizados. Pode parecer exagero, mas esse tipo de cenário deixa claro por que é tão importante ter um modelo de governança bem estruturado.
Aqui está uma lista de aspectos importantes a serem observados em questões relativas à governança:
- Estabeleça diretrizes que definam claramente o uso aceitável da IA e atribuam responsabilidades
- Realize revisões regulares para ajudar a identificar e mitigar riscos e ameaças potenciais
- Nomeie o responsável adequado para promover a transparência e construir confiança no uso de agentes de IA, tanto interna quanto externamente
AGENTES DE IA, GOVERNANÇA E INOVAÇÃO
Segundo Sunil Soares, fundador da YDC, os agentes de IA exigem novas formas de governança. À medida que mais sistemas passem a incluir inteligência artificial e agentes autônomos, mais tênue ficará a linha entre aplicativos tradicionais e IA – e eu concordo totalmente com essa visão.
Seja desenvolvendo soluções internamente ou contratando fornecedores, adotar agentes de IA pode gerar muito valor. Mas os desafios não são os mesmos para todos, e eles não vão simplesmente desaparecer com o tempo. Embora a supervisão humana continue sendo essencial, ela sozinha não é suficiente, especialmente em grande escala.
Com um framework robusto, a empresa pode garantir que seus agentes estejam alinhados com as normas e diretrizes internas.
Por isso, ao criar seu modelo de governança, inclua ferramentas automatizadas de monitoramento, que consigam detectar e corrigir violações, registrar decisões para garantir transparência e encaminhar os casos mais complexos para revisão humana.
Um framework centralizado de governança é o que permite garantir responsabilidade, controle de riscos e conformidade ética. Assim como em qualquer outra área da vida, as coisas funcionam melhor quando há regras claras e limites bem definidos.
E não se preocupe: implementar um framework de governança desde o início não vai frear a inovação. Quando se encontra o equilíbrio certo entre inovação e gestão de riscos, a empresa se mantém à frente do mercado e da concorrência, abrindo espaço para agentes de IA de ponta e menos dores de cabeça.
Para uma solução completa, adote uma plataforma unificada de governança de dados e IA. Ela será essencial para garantir que os agentes de IA não se tornem a próxima “TI paralela”.