Repense seus hábitos para não ficar a vida toda fazendo a mesma coisa

Se quiser ser feliz a longo prazo, talvez seja preciso refletir e reconsiderar alguns dos seus hábitos diários

Crédito: Peter Hansen/ iStock

Stephanie Vozza 4 minutos de leitura

Os hábitos são os tijolos fundamentais na construção da produtividade. Eles ajudam você a atravessar o dia sem grandes esforços, realizando o que deseja fazer sem precisar reinventar a roda a cada passo. Porém, confiar demais nos hábitos pode custar caro.  

"Os hábitos e as rotinas são muito eficientes para criar conforto em uma existência caótica. Ficar muito ocupado com o 'agora' nos afasta da dura realidade de que, mais tarde, as coisas podem não sair como esperávamos," observa Jodi Wellman, autora de "You Only Die Once: How to Make it to the End with No Regrets" (Você só morre uma vez: como chegar ao fim sem arrependimentos, em tradução livre).

Concentrar-se na melhoria dos hábitos faz você se sentir bem porque será produtivo no curto prazo. E é aí que entram em cena vários dos riscos no médio e longo prazo. "As rotinas às quais nos acostumamos acabam por roteirizar a vida a ponto de torná-la repetitiva e sem espontaneidade."

COMO SABER SE É HORA DE SE LIVRAR DE ALGUNS HÁBITOS

Procure sinais de alerta, como aquela sensação persistente de que uma outra versão de sua vida seria mais interessante ou empolgante. "Às vezes, isso aparece nos detalhes", diz Wellman.

"Costumamos nos comparar com outras pessoas, principalmente nas redes sociais, o que geralmente é desanimador. Mas isso pode ter um efeito construtivo. Talvez você veja seu amigo indo a um show no parque, mas fique arrependido porque preferiu ficar em casa, já que era dia de lavar roupa."

Crédito: stanciuc/ iStock

Outro indício de que é hora de abandonar um hábito é quando as pessoas que convivem com você sugerem isso. "Às vezes a gente não percebe que não está vivendo plenamente. Talvez você tenha um amigo que diga: 'ei, você precisa sacudir um pouco as coisas'", ela exemplifica. Isso pode ser uma indicação de que outras pessoas enxergam em você o potencial para mais vivacidade.

Um terceiro indicador é uma forte dependência de permanecer em sua zona de conforto. Wellman recomenda ser inquisitivo. Pergunte a si mesmo: "esse conforto está acrescentando algo à minha vida ou tirando oportunidades?" 

"Talvez não hoje, mas se fizer uma projeção e se imaginar fazendo a mesma coisa daqui a sete meses, isso fará com que você sinta que esteve presente, que viveu sua vida e teve experiências das quais se orgulha? Ou fará com que se sinta um pouco arrependido? Será que você está preferindo não fazer nada?", questiona Wellman.

QUESTIONANDO SEUS HÁBITOS

Abandonar completamente os hábitos tornaria sua vida desnecessariamente complicada e desordenada. Por outro lado, o excesso de estrutura e organização pode criar uma vida que lembra o filme "Feitiço do Tempo", no qual o protagonista revive o mesmo dia todos os dias. Wellman diz que é preciso haver um continuum de como os hábitos podem existir. 

As rotinas às quais nos acostumamos acabam por roteirizar a vida a ponto de torná-la repetitiva e sem espontaneidade.

"Quando sentimos que os hábitos estão funcionando para nós, é nosso trabalho perceber em que aspectos eles nos servem e onde nos sufocam. Sempre que você cria um hábito, ele tem o risco de sufocá-lo." 

A novidade é uma necessidade psicológica básica à qual não damos a devida atenção ao tentarmos controlar nossa vida e nos sentirmos bem hoje. 

"Você recebe uma dose rápida de dopamina quando administra sua rotina diária. Mas não está olhando para o panorama geral: eu aproveitei a vida esta semana? Me senti vivo no último mês? Senti que tive alguma experiência interessante ou fascinante? É o embotamento das fronteiras da nossa vida que nos rouba a vitalidade."

POR QUE É IMPORTANTE MUDAR AS COISAS

Abandonar hábitos pode ser desconfortável porque nos obriga a mudar. Mas a confusão que sentimos pode ser o limite que nos leva a uma existência mais ampla e vital.

não viva o mesmo ano 75 vezes e chame isso de vida.

Uma vida de hábitos nos remete à famosa frase de Robin Sharma: "não viva o mesmo ano 75 vezes e chame isso de vida". Se você mantiver o status quo de seus hábitos, talvez olhe para trás e perceba que era um zumbi altamente funcional preso no piloto automático, alerta Wellman. 

"Você pode acabar com a sensação de que perdeu muitas oportunidades interessantes que só a novidade e a espontaneidade são capazes de proporcionar. Que negligenciou os momentos de acaso, os quais, de forma irônica, podem torná-lo ainda mais produtivo. Inserir novidades na rotina é a resposta, "ensina Wellman.

"Um dos arrependimentos mais comuns que as pessoas têm quando se aproximam do fim da vida é: será que aproveitei minha vida o suficiente?"


SOBRE A AUTORA

Stephanie Vozza escreve sobre produtividade e carreira na Fast Company. saiba mais