Resolução de ano novo: ocupe melhor seu tempo deixando de lado o celular

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Steffi Cao e Delia Cai 3 minutos de leitura

Existem certas regras de mídia social com as quais todos podemos concordar: deixar a pessoa falando sozinha no meio de uma conversa é feio e responder uma mensagem com "k" é indelicado. Mas e o resto das regras? Quando podemos lembrar alguém de que aquele Pix ainda não chegou? O que acontece quando tentam flertar com você no LinkedIn?

As escritoras Delia Cai e Steffi Cao estão aqui para responder seus dilemas digitais, grandes ou pequenos. Desta vez, a dupla dá dicas de como se relacionar melhor com as mídias sociais neste ano que se inicia.

Pergunta – Minha resolução de ano novo é ter um melhor relacionamento com a internet e ficar mais off-line. Alguma recomendação sobre como começar?

Delia Cai – Acho que uma grande parte de ficar off-line é... tirar todos os apps agressivos do seu celular. Traga de volta aquela alegria de usar o desktop quando você queria curtir a vida online e mantenha seu celular o mais "limpo" possível de distrações. Você ganha pontos extras se desafiar a si mesmo a passar uma tarde ou noite com seu aparelho desligado.

Meu outro conselho é se engajar em algum tipo de atividade que te mantenha longe do celular. Pense nisso como uma forma de treinar novamente seu cérebro para passar horas sem precisar daquela dose de dopamina liberada a cada like em uma postagem sua.

Eu tentei cerâmica, ioga, cinema e aulas de idiomas – todas elas exigiram foco real, o que parecia muito estranho e difícil no começo. Mas, quando você começa a "desenvolver musculatura" para ficar longe do celular por horas a fio, descobre que é menos dependente dele do que imagina.

Steffi Cao – O fascínio de ser sugado para uma espécie de buraco negro é difícil para qualquer um resistir. A internet é configurada dessa forma – ela te alimenta com conteúdos parecidos com aqueles que você interagiu ou nos quais demonstrou interesse para fazer com que você continue navegando.

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Especialmente quando comecei a escrever sobre a cultura da internet, era muito difícil diferenciar a distração online da pesquisa para trabalho.

Faça coisas como adotar hobbies não digitais e se distrair com projetos que exigem o uso das mãos, do cérebro e tempo longe de telas – por exemplo, ler, escrever, cozinhar, tocar um instrumento, carpintaria, pintura, esportes.

Mas eu também gostaria de fazer algumas recomendações para quando você estiver com seu celular na mão. O fato é que todo mundo passa algum tempo rolando a tela; as empresas de tecnologia sabem como atrair nossa atenção. Porém, há muitos parâmetros que você pode definir para si mesmo para ter certeza de parar em um determinado ponto.

quando você "cria musculatura" para ficar longe do celular, descobre que é menos dependente dele do que imaginava.

Sou uma defensora das contas secundárias e descartáveis, que ajudam a organizar seu conteúdo para que não fique tudo entupido em uma página. Se você quer ver os posts dos seus influenciadores favoritos sem ter que ver também os de seus colegas da escola primária ou do trabalho, tenha contas separadas nas redes sociais.

Eu tenho um TikTok que me mostra mais conteúdos que estão em alta e outro para conteúdo mais baseado em estilo de vida. Usei contas diferentes no Twitter para conteúdo de fandom e para notícias. Descobri que isso ajuda a diminuir a possibilidade de se distrair com outras coisas. Também fico com preguiça de alternar entre todas as contas, então costumo checar só aquela que quero ver.

É importante lembrar que você pode treinar os algoritmos e controlar o tempo que passa na internet. Consumir compulsivamente conteúdo supérfluo é meio caminho andado para a "podridão cerebral". Todo mundo deveria ter como objetivo se tornar um leitor e consumidor crítico. É a única coisa que nos salvará de cair no abismo da loucura algorítmica.


SOBRE A AUTORA

Steffi Cao escreve sobre cultura digital para publicações como Forbes, The Washington Post e Teen Vogue. Delia Cai é autora da newslet... saiba mais