Se você quer crescer na carreira, é melhor mudar de emprego

Uma nova pesquisa da McKinsey revela os fatores por trás dos aumentos salariais ao longo da vida profissional

Crédito: Phototalker/ GettyImages

Sven Smit, Anu Madgavkar e Bill Schaninger 4 minutos de leitura

Nossas habilidades são moldadas através da nossa criação e educação formal e isso faz com que sigamos determinados caminhos. Extensas pesquisas confirmam que pessoas sem diploma universitário têm perspectivas mais limitadas e ganham menos, em média.

Mas nossos destinos não são selados aos 18 ou 21 anos. O capital humano de um indivíduo não para de se desenvolver quando conquista um diploma. Na verdade, continuamos aprendendo ao longo de toda nossa vida profissional – e aqueles que ampliam ainda mais suas habilidades se destacam.

Essas possibilidades apareceram consistentemente em nossa nova pesquisa. Analisamos a progressão na carreira de cerca de quatro milhões de trabalhadores ao longo de uma década, combinando-a com milhões de ofertas de emprego detalhadas para ver quais habilidades as pessoas adquiriam ou começavam a desenvolver ao longo do tempo, e como esse processo afeta seus salários.

Um grupo se destacou entre os pesquisados. Aproximadamente um terço dos trabalhadores norte-americanos, alemães e britânicos, e quase um quarto dos indianos, estão caminhando para um aumento de, pelo menos, 20% de ganho estimado, em relação ao início de suas carreiras. Outro se destaca ainda mais. Pouco mais de 6% dos trabalhadores norte-americanos podem passar a ganhar até cinco vezes mais.

O FATOR HABILIDADE

Como exatamente esse grupo está caminhando para isso? Concentramo-nos em pessoas que mudaram de função, medindo os requisitos da vaga em relação às habilidades exigidas em sua posição anterior. Quanto mais habilidades novas são necessárias, mais “ousada” consideramos a mudança de função.

continuamos aprendendo ao longo de toda nossa vida profissional, e aqueles que ampliam ainda mais suas habilidades se destacam.

Além de mudar de emprego com mais frequência do que outros grupos, trabalhadores com margens maiores de ascensão tomaram decisões mais ousadas, assumindo posições que requerem saltos substantivos em habilidades e responsabilidades.

Nossa amostra aponta que as habilidades adquiridas a partir da experiência no trabalho representam de 60% a 80% dos ganhos para pessoas que passam para faixas de renda mais altas; enquanto o número para aqueles que perma- necem estáveis ou caem de faixa é de apenas 35% a 55% 

O crescimento da renda de um lavador de pratos que se torna auxiliar de cozinha, depois cozinheiro, sous chef e, por fim, abre uma empresa de catering é quase inteiramente atribuído às técnicas aprendidas no trabalho.

Para todos na amostra, as mudanças de emprego envolvendo aumentos salariais exigiam, principalmente, mais habilidades do que qualquer outro fator. Mudanças que requerem as mesmas habilidades, mesmo que outros fatores sejam necessários, não têm o mesmo impacto. 

Mudar de empresa para realizar basicamente as mesmas tarefas pode resultar em aumento salarial no curto prazo, mas não em crescimento real. Se você já aprendeu tudo o que poderia no seu emprego atual, é hora de seguir em frente; de corajosamente sair em busca de oportunidades de aprendizado em outros lugares.

HABILIDADES X EDUCAÇÃO FORMAL

A pesquisa estima que as habilidades ligadas à experiência no trabalho representam metade dos ganhos médios ao longo da vida do trabalhador. Isso não quer dizer que a educação formal não importa. Na verdade, ela é fundamental, pois prepara as pessoas para continuar aprendendo ao longo da vida.

Se você já aprendeu tudo o que poderia no seu emprego atual, é hora de seguir em frente.

Aprender e desenvolver novas habilidades no trabalho também tem um enorme impacto. Para pessoas que não têm diploma, a experiência é um fator ainda mais relevante para seus ganhos. Fazer mudanças direcionadas de emprego para desenvolver novas habilidades é uma das únicas possibilidades de obter maior ganho.

Mas nem sempre é possível fazer movimentos tão ousados, a menos que vejam seu potencial e estejam dispostos a contratá-lo. Os empregadores precisam desenvolver formas de avaliar o potencial das pessoas, em vez de esperar por candidatos que se encaixam perfeitamente em um determinado modelo.

Habilidades técnicas sempre podem ser ensinadas, e faz sentido que gerentes de contratação analisem de forma ampla as características e habilidades sociais dos candidatos. Demonstram uma mente analítica, atenção a detalhes ou boa gestão em projetos anteriores? São bons comunicadores?

As empresas também costumam ignorar o fato de que seus

A possibilidade de mobilidade interna permite que as pessoas continuem aprendendo e se reinventando.

funcionários têm aspirações e potenciais inexplorados. Trazer um talento externo geralmente é caro e não há a garantia de que se adequará à cultura da empresa. Talvez devêssemos avaliar as capacidades que já estão disponíveis internamente.

A possibilidade de mobilidade interna permite que as pessoas continuem aprendendo e se reinventando. Isso pode fazer com que os funcionários se sintam mais engajados, o que, por sua vez, aumenta a retenção.

Em uma pesquisa realizada pela Gallup, em junho de 2021, com 15 mil trabalhadores norte-americanos, 61% disseram que a oportunidade de aprender novas habilidades é um fator muito ou extremamente importante para decidir se devem permanecer em seu emprego atual.

A mobilidade é uma dinâmica saudável, especialmente se for impulsionada pelo crescimento profissional e se incentivar as pessoas a atingirem seu potencial. O papel dos empregadores como incubadoras de habilidades e motores de mobilidade é ainda bastante subestimado. Há muito espaço para expandi-lo e melhorá-lo, oferecendo novos caminhos para uma parcela maior da força de trabalho.


SOBRE O AUTOR

Sven Smit é presidente do McKinsey Global Institute, Anu Madgavkar é sua sócia e Bill Schaninger é sócio sênior da People and Organiza... saiba mais