Sem passar recibo: um jeito inteligente de fazer perguntas “burras”

Uma pergunta bem-feita pode mostrar que você é atento, colaborativo e estratégico

Crédito: Orla/ Getty Images

Alli Kushner 3 minutos de leitura

Você está em uma reunião. Os slides passam, alguns acenam com a cabeça, outros olham o celular – até que surge aquela dúvida. Para mostrar interesse, você decide perguntar. Abre a boca, começa a falar... e, de repente, silêncio. O clima fica estranho.

Sempre dizem que “não existem perguntas idiotas”. Mas, se você já viu uma sala inteira constrangida enquanto alguém tenta transformar um raciocínio confuso em uma pergunta, você sabe que elas existem, sim.

No fundo, perguntar é um ato de curiosidade. E, se na expressão popular ela matou o gato, no trabalho pode ser um verdadeiro motor de crescimento. Bem-usada, a curiosidade faz você parecer estratégico, colaborativo e perspicaz. Quando mal usada, pode virar um tiro no pé.

Então, como transformar a curiosidade em um diferencial em vez de uma armadilha? Essa é uma ótima pergunta. E este guia em cinco passos traz dicas práticas para acertar na hora de perguntar.

1. DÊ TEMPO AO TEMPO

Quando você começa em um projeto, sua mente se enche de dúvidas. Mas resista ao impulso de perguntar tudo de uma vez. Muitas se resolvem sozinhas com o tempo; outras ficam mais claras depois que amadurecem.

Experimente isso: anote todas as suas perguntas e volte a elas depois de 48 horas. Elimine as que já perderam o sentido e reformule as que ainda valem a pena. Assim, em vez de soltar qualquer coisa, você chega com dúvidas bem elaboradas.

2. FOQUE NO TRABALHO, NÃO EM VOCÊ MESMO

Uma boa pergunta deve ajudar a equipe, não parecer um desabafo pessoal. Há uma grande diferença entre “não entendi o slide sete” e “podemos discutir como o slide sete se conecta ao objetivo do projeto?”. A primeira revela sua dificuldade; a segunda traz clareza ao grupo.

Experimente isso: troque “não entendi” por “podemos revisar juntos?”. A curiosidade é a mesma, mas o efeito é outro: você deixa de parecer perdido e passa a promover o alinhamento do time.

3. TIMING CERTO

Logo depois de uma decisão importante, a equipe costuma relaxar. Esse é o momento ideal: todos estão mais receptivos e menos na defensiva. Perguntar nessa hora soa construtivo.

Experimente isso: faça como um comentário leve. “Ótima reunião hoje! Fiquei pensando: como essa decisão pode impactar daqui a seis meses?”. Não é implicância, é visão de futuro – algo que líderes valorizam.

4. DÊ O EXEMPLO

Se você está conduzindo uma reunião, a melhor forma de estimular perguntas inteligentes é mostrar como se faz. Líderes que formulam questões estratégicas ensinam a equipe a usar a curiosidade para avançar o trabalho, em vez de travá-lo.

Experimente isso: em vez de terminar com “alguma pergunta?” – o que quase sempre gera silêncio –, modele o comportamento que espera. Diga, por exemplo: “foi uma ótima discussão. Que perspectivas ainda podem estar faltando?”. Assim, você mostra que a curiosidade serve para ampliar resultados, não apenas para apontar falhas.

5. BUSQUE QUALIDADE, NÃO QUANTIDADE

Perguntar não é falar por falar. Nem toda dúvida merece espaço. Existe bastante diferença entre refletir e apenas desperdiçar tempo. Nada tira mais rápido a sua credibilidade do que perguntar algo que poderia ser resolvido com uma busca no Google ou que só interessa a você.

Experimente isso: antes de perguntar, reflita: a resposta vai ajudar mais alguém além de você? Dá para pesquisar sozinho? Se sim, guarde. Pesquise por conta própria ou aborde em particular depois. Assim, você preserva o ritmo da equipe e mantém sua reputação.

No fim das contas, perguntas não revelam apenas o que você não sabe, como também a forma como pensa. Quando são feitas com cuidado, você não apenas participa da conversa – ajuda a direcioná-la.


SOBRE A AUTORA

Alli Kushner é escritora, palestrante e influenciadora no LinkedIn, falando sobre a intersecção entre identidade, ambição e parentalid... saiba mais