Todo mundo precisa de um mentor – até o melhor CEO do mundo

Quando se é responsável por uma empresa inteira, é fundamental ter alguém ao seu lado que possa oferecer apoio e conselhos

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Andy Lopata e Ruth Gotian 3 minutos de leitura

Você provavelmente já ouviu a seguinte frase: "quem chega ao topo, se sente sozinho". E, por mais que essa frase soe como um clichê corporativo, há um fundo de verdade nela.  

Quando alguém ascende ao cargo de CEO, não recebe o mesmo nível de apoio que recebia quando fazia parte de uma equipe. E fica menos óbvio a quem recorrer para obter esse apoio.

As pessoas que se tornam líderes tendem a enxergar seu papel como o de um guia para os outros. Nesse processo, os executivos em cargos de chefia acabam se esquecendo do fato de que eles próprios ainda precisam de ajuda e conselhos. 

A verdade é que grandes líderes precisam de grandes mentores. Mas o problema é que encontrar feedback honesto nessa etapa da carreira é como tentar achar uma agulha num palheiro. Críticas construtivas parecem escassas e, às vezes, absolutamente impossíveis de encontrar.

OS DESAFIOS DA LIDERANÇA

Os CEOs enfrentam um cenário repleto de complexidade e incerteza. É claro que, antes de qualquer coisa, eles contam com uma experiência valiosa, que os levou até o topo. Entretanto, a natureza da liderança nesse nível exige uma mudança de atitude.

Quando você é um líder, não se trata mais apenas de executar seu trabalho da melhor forma possível. É preciso garantir que o pensamento estratégico, a definição da perspectiva e o envolvimento das partes interessadas ocupem o centro do palco. 

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Suas decisões e ações também têm um potencial de impacto maior, já que você se torna responsável por mais pessoas e por um orçamento maior. Basta um passo em falso e não será apenas a sua reputação que estará em jogo, mas também o desempenho da empresa.

Nesse ambiente de alto risco, a necessidade de apoio e aconselhamento de confiança se torna ainda mais importante do que nunca.

A IMPORTÂNCIA DE MENTORES ADEQUADOS

Os CEOs, devido à natureza de sua posição, precisam ampliar sua rede de contatos para além da empresa. Ex-colegas, executivos aposentados ou personalidades do setor podem servir como orientadores valiosos, especialmente aqueles que já ocuparam o cargo de CEO.

Um CEO europeu de um banco internacional exemplificou esse problema. Ele desenhou uma pirâmide e explicou: quando tinha muitos colegas ao seu redor, podia recorrer a várias pessoas para obter conselhos e apoio, tanto entre esses colegas quanto acima dele na organização.

Em um ambiente de alto risco, a necessidade de apoio e aconselhamento se torna ainda mais importante do que nunca.

Mas, como CEO, essas opções haviam desaparecido. Havia poucos colegas, cada um deles enfrentando seu próprio problema, e ninguém acima dele. Portanto, ele precisou recorrer a redes fora de sua própria empresa, explicou, enquanto desenhava uma segunda pirâmide.

Fora da organização, os líderes podem encontrar colegas ou amigos que assumem a dupla função de mentores. Também podem ser pessoas que estão liderando empresas e enfrentando desafios e frustrações semelhantes.

Pode valer a pena, ainda, procurar fora de seu próprio setor para encontrar colegas com quem trabalhar. Dessa forma, você pode adquirir uma perspectiva objetiva (e diversificada), sem correr o risco de se deixar levar pelo pensamento dominante do seu próprio setor.

ABRAÇAR O APRENDIZADO CONSTANTE

No auge de suas carreiras, os CEOs precisam resistir ao comodismo e adotar uma postura de aprendizado contínuo. A mentoria oferece uma plataforma dinâmica para o crescimento, permitindo que os CEOs fiquem a par dos desenvolvimentos do setor, refinem sua habilidade de liderança e acompanhem a evolução do cenário de governança corporativa. 

Ao promover uma cultura de curiosidade e receptividade ao feedback, os CEOs podem fortalecer sua capacidade de liderança e impulsionar o sucesso empresarial sustentável.

O IMPACTO DOS MENTORES

Exemplos reais evidenciam o poder transformador da mentoria para CEOs. Desde a formação de alianças estratégicas com veteranos do setor até o aproveitamento do conhecimento sobre a tecnologia digital de colegas mais jovens, a mentoria catalisa a inovação, promove a resiliência e capacita os CEOs a enfrentar os desafios com mais segurança.

Esses exemplos servem como testemunho do valor permanente da mentoria nos mais altos escalões da liderança corporativa. No final das contas, é simples: dê retorno sobre o trabalho dos outros, mas não se esqueça de pedir ajuda quando precisar. E, apesar do que diz o velho clichê corporativo, não é preciso se sentir sozinho quando se está no topo.


SOBRE O AUTOR

Andy Lopata é autor e coautor deseis livros sobre networking e relações profissionais. Ruth Gotian é chief learning officer e profess... saiba mais