Trabalhadores estão dando mais valor ao bem-estar do que ao emprego

Crédito: Fast Company Brasil

Fast Company Brasil 4 minutos de leitura

Embora possam parecer os mesmos, aqueles trabalhadores que deixaram o escritório no início da pandemia tinham prioridades, expectativas e necessidades dramaticamente diferentes daqueles que estão retornando hoje. Ao menos é isso o que sugere Work Trend Index, relatório anual da Microsoft.

A continuação do relatório do ano passado – que rendeu à Microsoft um lugar entre as 10 empresas mais inovadoras na lista de ciência de dados da Fast Company – combina entrevistas de mais de 30 mil trabalhadores de 31 países e trilhões de dados anônimos sobre o local de trabalho dos usuários de seus produtos. As descobertas mostram uma força de trabalho que prioriza sua própria saúde e bem-estar sobre as conquistas profissionais, que exige maior flexibilidade e que está mais disposta a trocar de empregador para obter o que deseja do trabalho.

“Mudamos em alguns aspectos fundamentais em termos de como pensamos sobre a vida, sobre o que é importante para nós e, em particular,  sobre o trabalho”, observa Jared Spataro, vice-presidente corporativo do Microsoft 365 & Teams. A companhia está incorporando essas descobertas em sua cultura de trabalho e políticas híbridas. Por exemplo: permite que a maior parte dos funcionários trabalhe remotamente até 50% do tempo sem precisar solicitar permissão de seu superior. 

Spataro se refere a essa transição como geradora de “grandes expectativas”, conforme demonstrado por cinco grandes insights que saltaram aos olhos no relatório.

O QUE “VALE A PENA”

Como de costume durante períodos de crise sanitária, os trabalhadores fizeram uma pausa temporária para reavaliar suas prioridades. De acordo com o estudo, 53% agora colocam saúde e bem-estar acima da carreira. Entre os 18% dos entrevistados que pediram demissão no ano passado, os principais motivadores foram bem-estar, equilíbrio entre vida profissional e flexibilidade. “Gosto de pensar nisso quase como um ‘novo acordo’ sob o qual os funcionários estão vindo para o escritório”, diz Spataro. “É muito importante que os líderes empresariais entendam isso.”

LIDERANÇA X EXPECTATIVA DOS FUNCIONÁRIOS

De acordo com o relatório, a maioria dos empregadores está se virando para atender às novas expectativas das equipes. O que significa que os gerentes estão sendo mais pressionados do que nunca. Por exemplo: 73% dos funcionários desejam que a flexibilidade do trabalho remoto continue, embora 50% dos líderes de negócios planejem trazê-los de volta ao escritório em tempo integral. Como resultado, 54% dos gerentes sentem que sua liderança está fora de sintonia com as expectativas dos subordinados. “Essencialmente, estamos vivenciando conflitos enquanto os gerentes tentam descobrir como navegar entre a liderança e as demandas dos funcionários”, resume Spataro.

POR QUE IR AO ESCRITÓRIO 

Dois anos de trabalho remoto desafiaram a percepção anterior de que os escritórios seriam o único local onde os funcionários se mostram produtivos. De acordo com o estudo, 38% dos trabalhadores híbridos dizem que sua maior dificuldade é saber quando e por que vão ao escritório, e 51% querem ficar totalmente remotos no próximo ano. Os entrevistados também reclamaram que muitos voltavam apenas para passar o expediente em reuniões virtuais.

“É realmente importante que os líderes empresariais sejam mais explícitos sobre o horário  de entrada, o motivo pelo qual a pessoa está no escritório e sobre como se pode organizar um esquema no qual a ida ao local não impeça o funcionário de realizar as atividades pessoais que importam,” aconselha Spataro, acrescentando que 54% dos líderes estão redesenhando os espaços de trabalho para serem mais compatíveis com o modelo híbrido.

FLEXIBILIDADE NÃO É ESTAR 100% DISPONÍVEL

A duração da jornada média de trabalho tem aumentado exponencialmente nos últimos dois anos. O executivo da Microsoft enfatiza que os empregadores precisam estabelecer limites ao implementar o trabalho flexível. A boa notícia, segundo ele, é que as pessoas estão se tornando mais produtivas (de acordo com os padrões de produtividade no Outlook). Por exemplo, as reuniões começam mais tarde às segundas-feiras, terminam mais cedo às sextas-feiras e os chats “informais” não programados de 15 minutos ou menos agora representam 60% das reuniões do Microsoft Teams.

CAPITAL SOCIAL EM UM MUNDO HÍBRIDO

Durante a pandemia, os laços com os grupos de trabalho mais próximos se fortaleceram e as relações mais casuais ficaram prejudicadas. De acordo com o relatório, 58% dos trabalhadores híbridos têm relacionamentos prósperos com colegas próximos, percentual que cai para 50% no caso dos trabalhadores remotos.

“As pessoas que veem seus colegas presencialmente estão mantendo laços no local de trabalho que são mais fortes tanto com a equipe à qual pertencem quanto com a mais abrangente. Mas quem está em trabalho remoto começa a sofrer no campo social”, conclui Spataro.


SOBRE O(A) AUTOR(A)

Fast Company é a marca líder mundial em mídia de negócios, com foco editorial em inovação, tecnologia, liderança, ideias para mudar o ... saiba mais