Trabalhar com essas 2 profissões pode proteger seu cérebro, diz Harvard

Pesquisa revela menor risco de Alzheimer entre duas profissões

Homem trabalhando no notebook e dirigindo taxi
A principal hipótese dos pesquisadores é que a exigência contínua de habilidades espaciais e navegação em tempo real fortalece o hipocampo, contribuindo para a proteção contra o Alzheimer.Créditos:imagem criada com auxílio de IA via ChatGPT

Guynever Maropo 2 minutos de leitura

Um estudo conduzido por pesquisadores de Harvard revelou que pessoas que têm essas duas profissões apresentam menor risco de morte por Alzheimer (DA) em comparação com diversas outras áreas de atuação. São elas: motoristas de táxi e de ambulância.

A explicação pode estar nas mudanças estruturais desenvolvidas no cérebro desses profissionais durante o exercício de suas atividades, que exigem habilidades espaciais e de navegação constantes.

Nas últimas duas décadas, outras pesquisas (como a Navigation-related structural change in the hippocampi of taxi drivers) já haviam demonstrado que motoristas de táxi londrinos tendem a apresentar um aumento em áreas do hipocampo, região do cérebro ligada à memória espacial, justamente uma das áreas mais afetadas pela doença de Alzheimer.

Essas evidências motivaram um estudo mais abrangente, que analisou dados de quase nove milhões de pessoas falecidas ao longo de três anos, todas com informações sobre suas ocupações registradas nas certidões de óbito.

Os resultados indicaram que motoristas de táxi e ambulância possuem menor incidência de morte relacionada ao Alzheimer. Entre os taxistas, a doença representou 0,91% das mortes, enquanto para motoristas de ambulância, o índice foi de 1,03%. Em comparação, executivos-chefes registraram 1,82%, próximo da média populacional. Mesmo pequenas, essas diferenças representam uma redução superior a 40% nas taxas de mortalidade pela doença entre os motoristas em relação a outras profissões.

A pesquisa também apontou que esse efeito protetor não se estende a outras ocupações de navegação, como pilotos de aeronaves (2,34%) e capitães de navios (2,12%), que apresentaram índices mais elevados de mortalidade por DA. Motoristas de ônibus (1,65%) ficaram próximos à média populacional, sem o mesmo benefício observado em taxistas e motoristas de ambulância.

A principal hipótese dos pesquisadores é que a exigência contínua de habilidades espaciais e navegação em tempo real fortalece o hipocampo, contribuindo para a proteção contra o Alzheimer. Profissões com rotas predeterminadas, como motoristas de ônibus, pilotos e capitães de navios, não demandam o mesmo nível de atividade cerebral em termos de navegação, o que pode explicar a ausência de benefícios semelhantes.

Apesar dos resultados promissores, os pesquisadores destacaram algumas limitações. Entre elas, a possível imprecisão das informações nas certidões de óbito, o fator de autosseleção, em que indivíduos com maior capacidade de navegação se sentem mais atraídos por essas profissões, e a influência de hábitos de vida distintos, como o tabagismo

Além disso, o uso de tecnologia GPS pode reduzir essa demanda cognitiva necessária em tais profissões, o que levanta dúvidas sobre a persistência do efeito protetor no futuro do Alzheimer.


SOBRE A AUTORA

Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais