4 tipos de funcionários que podem minar a cultura da empresa

Há funcionários que têm o potencial de minar por dentro a saúde da equipe. Mas existem soluções. 

Crédito: Markus Spiske/ Unsplash

Dom Price 5 minutos de leitura

Sabemos que é mais fácil se sentir feliz no trabalho quando a dinâmica é saudável. A ciência comprova que equipes felizes são mais produtivas, que seus integrantes tendem a permanecer por mais tempo no cargo e que as empresas para as quais trabalham costumam ser mais bem-sucedidas.

Mas isso não é uma tarefa simples. Construir e manter times com alto desempenho é um desafio constante. E ficou ainda mais complexo nos últimos dois anos, já que o estresse e a incerteza de viver uma pandemia agravaram muitos dos problemas que prejudicam a saúde da equipe.

Para qualquer líder que esteja lendo: não dá para solucionar isso com a boa e velha política da empresa. Equipes saudáveis e com alto desempenho não são construídas através de políticas, mas sim por pessoas – pessoas com atitudes saudáveis em relação ao trabalho e aos desafios.

Nos preocupamos bastante com a forma com que nossos times trabalham na Atlassian. Então, decidimos realizar novamente nossa pesquisa State of Teams para avaliar a saúde das equipes e compreender o que as torna e o que as impede de serem eficazes.

Descobrimos quatro tipos de funcionários que têm o potencial de atrapalhar a cultura da empresa e minar por dentro a saúde do time. Mas posso garantir que há soluções. 

A MAÇÃ PODRE

Cerca de 26% dos funcionários apontaram que há uma maçã podre em sua equipe. Apesar de toda a preparação que fazemos para contratar pessoas qualificadas e integrá-las, e de todos os sistemas que implementamos para capacitar nossos funcionários, mais de um em cada quatro deles sente que seu humor, empenho e eficiência estão sendo afetados.

Maçãs podres costumam ter atitudes tóxicas que acabam com a confiança da equipe. Fogem das responsabilidades e violam normas interpessoais, fingindo bancar o advogado do diabo só para se divertir indo contra as ideias dos outros integrantes.

Equipes saudáveis e com alto desempenho não são construídas através de políticas, mas sim por pessoas.

Vale a pena ressaltar que 14% relataram que seu gerente era a maçã podre, o que acaba por criar uma cultura de negatividade e agressividade passiva vinda de cima.

Indivíduos que afirmaram trabalhar com esse tipo de pessoa negativa tendiam a ser menos engajados e tinham uma percepção ruim da cultura da equipe. Também eram mais propensos a deixar a empresa por esta razão.

O que fazer: Primeiro, é hora de avaliar o time. Observe atentamente cada um para entender não apenas com o que eles contribuem, mas como o fazem. Pergunte a si mesmo: “costumo ver meus funcionários trabalhando voluntariamente com outros ou é comum que se evitem sempre que possível?” A partir daí, pode-se criar um conjunto de acordos que definem claramente o que seus colegas esperam uns dos outros. Isso resulta em um ambiente mais coeso e ajuda a impedir que a podridão se instale.

A TOCHA HUMANA

Todos queríamos acreditar que o equilíbrio entre vida profissional e pessoal estava aos poucos voltando ao normal. Mas, apesar de as equipes registrarem níveis mais altos de segurança psicológica e mais disposição para trabalhar em conjunto, o número de relatos de sintomas de esgotamento nos últimos seis meses cresceu consideravelmente.

“Tochas humanas” são pessoas que têm um brilho forte, mas que o perdem facilmente. A maioria de nós saiu ileso da experiência do trabalho híbrido e com uma sensação mais profunda de conexão com nossos colegas, mas conseguimos isso às custas da nossa saúde.

Maçãs podres costumam ter atitudes tóxicas que acabam com a confiança da equipe.

Provavelmente, há mais tochas humanas em sua empresa do que você imagina. Com o estresse das longas jornadas de trabalho e a ansiedade causada pela pandemia ainda sendo um problema para muitos trabalhadores, alguns gerentes estão apenas agravando uma situação que já está ruim. Falando sobre o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, mas esperando que os funcionários trabalhem até tarde da noite e nos finais de semana.

O que fazer: Reflita sobre como a pandemia afetou a vida das pessoas em sua equipe e ajude-as a pensar sobre o que consideram uma semana de trabalho ideal. Isso pode contribuir para que se encontre um equilíbrio entre trabalhar presencialmente e de casa, garantindo que haja tanto espaço para colaboração em equipe quanto foco na vida pessoal.

A FALSA POSITIVIDADE

Ao contrário das maçãs podres, que se esforçam para ser do contra, funcionários que são artificialmente positivos costumam concordar com qualquer coisa que facilite sua vida. Confundem conformidade com coesão, oferecendo sorrisos e aprovação para garantir que tudo está bem.

É através de conversas, debates e até mesmo de discussões que ideias surgem e as melhores decisões são tomadas. Confete, serpentina, harmonia, unanimidade e aplausos podem ser bons, mas não é exatamente o que leva a soluções e inovações.

O que fazer: Incentive ativamente o embate saudável de ideias entre os membros da equipe e crie o hábito de se reunir antes de dar uma tarefa por concluída. Uma pergunta simples para qualquer líder é: você sente que criou uma cultura de dissidência respeitosa e embate saudável de ideias entre seus colaboradores?

O EXAUSTO

Mais de um em cada quatro líderes (28%) considerou recentemente pedir demissão. Muitos estão exaustos por conduzir suas equipes pela constante incerteza da pandemia. Sentem-se subestimados e menos engajados com o trabalho.

funcionários artificialmente positivos costumam concordar com qualquer coisa que facilite sua vida.

Essa falta de energia está começando a afetar as pessoas, criando uma atmosfera desconfortável. Podemos não ter todas as respostas sobre o motivo, mas um líder exausto cria uma cultura de desconforto que se espalha por toda a equipe.

O que fazer: Se você se identifica, é hora de respirar fundo e praticar algum autocuidado antes de jogar tudo para o alto. Reflita sobre o que ama, o que detesta e o que deseja enquanto líder. Se sua rotina estiver excessivamente estressante, faça uma reunião com a equipe para ver o que pode melhorar e o que pode ser deixado de lado.


SOBRE O AUTOR

Dom Price é escritor, palestrante e especialista em futuro do trabalho. saiba mais