Você está só estressado ou já chegou no nível do burnout? Saiba a diferença

Controlar o nível de estresse e prevenir o esgotamento é um processo contínuo que requer autoconsciência e esforço consistente

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Melo Calarco 4 minutos de leitura

Não é nenhuma surpresa que muita gente anda sentindo sobrecarga e exaustão. Temos acompanhado casos seguidos de burnout, inclusive entre celebridades, treinadores esportivos e executivos do alto escalão. Não é preciso fazer muito esforço para encontrar à sua volta algum conhecido que esteja passando por um período de esgotamento no trabalho. Talvez você mesmo esteja se sentindo exausto.

Mas estresse e burnout são dois lados de uma mesma moeda? Ou são experiências distintas, com implicações diferentes? Compreender as diferenças entre estresse e o chamado “burnout” é crucial para o seu bem-estar geral – e para saber qual atitude  precisa tomar.

COMO DISTINGUIR ENTRE OS DOIS?

O estresse é uma parte normal da vida, pela qual todo mundo passa em algum momento. É a resposta natural do corpo a pressões ou demandas externas. O estresse pode surgir de várias fontes, como prazos de trabalho, questões financeiras, problemas de relacionamento ou de saúde.

Embora a angústia possa ser desagradável, o estresse também pode servir como um motivador, levando a pessoa a atingir seus objetivos e a vencer desafios. No entanto, a resposta humana ao estresse é projetada apenas para estímulos de curto prazo. Ela não foi projetada para ser ativada o tempo todo.

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O esgotamento, ou burnout, por outro lado, se refere a um estado crônico de exaustão física, emocional e mental. Geralmente, é causado pela exposição prolongada ao estresse excessivo e se reflete em uma sensação constante de estar sobrecarregado e sem suporte. O burnout costuma ser associado a situações relacionadas ao trabalho, principalmente aqueles com altos níveis de responsabilidade e longas jornadas.

Mas ele também pode aparecer em outras áreas da vida, como cuidados ou relacionamentos interpessoais. Ao contrário do estresse, o burnout não desaparece depois das férias ou após um tempo longe dos fatores desencadeantes.

SINAIS DE ALERTA

Uma distinção fundamental entre estresse e burnout está na intensidade e duração. O estresse é frequentemente caracterizado por uma sensação temporária de pressão, acompanhada de sintomas como irritabilidade, dificuldade de concentração e distúrbios do sono.

O estresse pode ser controlado adotando-se práticas de autocuidado, como exercícios, alimentação saudável, técnicas de relaxamento e busca de apoio social. Quando você está estressado e faz algo para controlar a situação, consegue renovar sua energia. Basta tirar o descanso necessário.

Por outro lado, o esgotamento do burnout se caracteriza por uma sensação persistente de exaustão emocional e física. Não importa o quanto a pessoa descanse, ela ainda se sentirá cansada e terá problemas para funcionar, mesmo ao realizar tarefas simples.

a resposta humana ao estresse é projetada apenas para estímulos de curto prazo. Ela não foi projetada para ser ativada o tempo todo.

É importante observar que o estresse crônico não tratado pode levar ao burnout. 

A exposição prolongada a fatores de estresse sem tempo para recuperação e sem apoio suficiente pode levar a pessoa além de seus limites, resultando no esgotamento de recursos físicos, emocionais e mentais. Reconhecer os sinais de alerta e tomar medidas proativas para lidar com o estresse é crucial para evitar que o esgotamento mais grave se instale.

Ninguém consegue mudar aquilo que não percebe. Por isso, o primeiro passo é o autoconhecimento. Prestar atenção aos seus pensamentos, emoções e bem-estar físico pode fornecer pistas preciosas sobre como você está se sentindo. Se notar sentimentos persistentes de exaustão, apatia e diminuição do desempenho por um período prolongado, isso pode indicar burnout.

TRÊS DICAS PARA EVITAR O BURNOUT

Estresse e burnout são duas experiências distintas, com diferentes consequências. Se você suspeita que seu estresse está levando ao esgotamento crônico, aqui estão três dicas simples para seguir:

1. Estabeleça limites claros

Fazer uma divisão clara entre trabalho e vida pessoal é essencial para evitar o esgotamento. Defina os horários de

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trabalho e mantenha-os da maneira mais organizada possível. Evite verificar e-mails ou se envolver em tarefas relacionadas ao trabalho fora desses horários. Aprenda a dizer “não” quando se sentir sobrecarregado ou quando responsabilidades adicionais comprometerem seu bem-estar.

Definir limites permite que você mantenha um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal e evite o acúmulo de estresse. Fazer pausas ao longo do dia, mesmo que curtas, também pode ser bom para controlar o estresse e reabastecer as energias.

2. Pratique o autocuidado regularmente

Engajar-se em atividades regulares de autocuidado é vital para sua saúde e bem-estar. Reserve um tempo para atividades que ajudem a relaxar e recarregar as energias, como exercícios, sono, meditação, passar tempo com entes queridos ou praticar hobbies. Priorize o autocuidado como parte essencial de sua rotina, e não como algo que você faz só quando tem algum tempo livre.

3. Procure ajuda

Não hesite em buscar apoio e falar abertamente sobre seus sentimentos com amigos, familiares ou colegas de confiança. Compartilhar suas preocupações, desafios e frustrações pode proporcionar alívio emocional. Isso ajuda a enxergar a luz no fim do túnel.

Procure orientação de pessoas que te inspiram, orientadores ou profissionais que possam oferecer conselhos e apoio para lidar com situações estressantes. Lembre-se: você não tem que enfrentar o burnout sozinho. Buscar ajuda é um sinal de força, não de fraqueza.


SOBRE O AUTOR

Melo Calarco, é coach de mindfulness e alta performance, consultor e palestrante. saiba mais