Conheça o recife de corais gigante das profundezas da costa do Taiti

Crédito: Fast Company Brasil

Talib Visram 2 minutos de leitura

Em 2019, um evento de branqueamento de corais (fenômeno ecológico em que se observa a expulsão ou a destruição do pigmento de algas que vivem em simbiose com o coral) ocorreu nas águas da Polinésia Francesa. Em questão de dias, atingiu entre 50% e 60% dos recifes de corais próximos às ilhas do Taiti e Moorea, resultando na perda de algas – que servem de alimento e habitat para várias criaturas marinhas.

(Crédito: @Alexis.Rosenfeld)

No entanto, um recife de coral recém-descoberto na costa do Taiti parece ter escapado ileso deste episódio. Em uma missão de pesquisa, mergulhadores descobriram que ele se mantém intacto, possivelmente por estar localizado em uma região mais profunda em relação a outros que conhecemos e, portanto, ficando menos vulnerável ao aquecimento da água e à atividade humana. A descoberta, resultado de avanços tecnológicos, nos traz a esperança de que existam recifes de corais mais saudáveis em águas profundas. Mas também reforça o fato de que precisamos mapear mais os oceanos para que possamos desenvolver um sistema com melhores diretrizes de gerenciamento sustentável.

(Crédito: @Alexis.Rosenfeld)

Uma equipe de mergulhadores, liderada pelo explorador e fotógrafo francês Alexis Rosenfeld, descobriu que este extraordinário recife tem cerca de 3 quilômetros de comprimento e é composto por estruturas de corais em forma de rosa que permanecem completamente intactas. A equipe passou 200 horas estudando e registrando imagens do recife e até testemunhou sua desova. “Este recife foi uma descoberta e tanto”, diz Julian Barbière, chefe de política marinha e coordenação regional da UNESCO. Ao contrário de outros, ele está localizado em uma região mais profunda do oceano, conhecida como “zona crepuscular”, o que é incomum devido ao seu tamanho.

(Crédito: @Alexis.Rosenfeld)

Além disso, ele está em condições melhores do que aqueles encontrados em áreas mais próximas da superfície, o que sugere aos cientistas que a profundidade o protege de perigos e, inclusive, de atividades humanas, como pesca predatória e poluição, bem como do aquecimento das águas causado pelas mudanças climáticas; cerca de metade de todos os recifes do planeta perderam sua cobertura desde a década de 1950 devido a frequentes episódios de branqueamento. É imprescindível que eles permaneçam intactos, pois são responsáveis por sustentar mais de 25% da biodiversidade marinha; além de serem essenciais para a subsistência das comunidades costeiras, protegerem contra tempestades e tsunamis e servirem, inclusive, de matéria-prima para a indústria farmacêutica.


SOBRE O AUTOR

Talib Visram escreve para a Fast Company e é apresentador do podcast World Changing Ideas. saiba mais