Empresa transforma gases expelidos por vacas em plástico reciclável

Crédito: Fast Company Brasil

Talib Visram 2 minutos de leitura

No que diz respeito aos gases de efeito estufa, o dióxido de carbono costuma receber muita atenção. E com razão: ele permanece na atmosfera por até mil anos. Mas outro gás nocivo, o metano, embora tenha permanência relativamente curta, é 25 vezes mais eficiente que o CO2 na retenção de calor. A EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) recomenda que “atingir reduções significativas de metano teria um efeito rápido e significativo no potencial de aquecimento atmosférico”.

No episódio desta semana do podcast World Changing Ideas (Ideias que Mudam o Mundo, em tradução livre) exploramos o conceito de remoção de metano e conversamos com uma empresa que faz isso, a Newlight Technologies. Seu cofundador e CEO, Mark Herrema, mostra como a Newlight não apenas está removendo o metano da atmosfera, mas simultaneamente gerando um produto diário, chamado AirCarbon, com potencial de reduzir o uso de plástico.

Tudo começou com a simples constatação de que… vacas arrotam! É óbvio, o gado é um dos maiores emissores de metano na atmosfera. Mas, ao contrário da crença popular, os arrotos são mais responsáveis por emissões tóxicas do que as flatulências ou o esterco. Ler sobre arrotos de bovinos estimulou Herrema a descobrir uma maneira de reduzir os gases de efeito estufa.

Mark Herrema (Crédito: AirCarbon/ Divulgação)

O mercado também deu um empurrãozinho: “Fiz algumas contas rápidas em um guardanapo e descobri que cada vaca estava arrotando cerca de US $ 20 no ar todos os anos. Se você tem uma fazenda com mil vacas, isso representa US$ 20 mil perdidos no ar. Ora, isso é muito dinheiro”, calcula.

Depois de uma década testando a tecnologia, a Newlight alcançou o sucesso. O metano é obtido, principalmente, de aterros sanitários, minas de carvão e digestores agrícolas, que capturam o gás a partir de fezes de vaca. Em síntese: a empresa bombeia metano através de um biorreator cheio de microrganismos que se alimentam do gás. “Eles crescem. Fazem uma festa. Também começam a construir esse ‘músculo’ AirCarbon dentro de suas células”, explica Herrema.

Esse “músculo” é uma molécula que a Newlight consegue extrair, purificar em forma de pó e depois derreter no formato de pellets (pequenos cilindros). “Uma vez que temos os pellets, essa é, basicamente, a moeda da antiga indústria de plásticos”, diz Herrema.

Eles formam a base para um polímero natural, que pode substituir os plásticos à base de óleo, ainda usados ​​em muitos de nossos produtos. “O mesmo pode ser feito em todos os ecossistemas da Terra, pois se trata de um material ambientalmente degradável, semelhante a uma casca de banana ou uma folha de árvore”, explica.

Os produtos AirCarbon estão disponíveis em itens de moda, como óculos de sol e carteiras, além de utensílios de cozinha, como canudos e talheres. Os talheres são vendidos pela Target e estão sendo testados pela rede de fast-food Shake Shack. Como se você precisasse de mais um motivo para fazer um lanche lá.

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SOBRE O AUTOR

Talib Visram escreve para a Fast Company e é apresentador do podcast World Changing Ideas. saiba mais