Empresas concorrentes tornam-se parceiras para reciclar plástico dos oceanos

Crédito: Fast Company Brasil

Talib Visram 2 minutos de leitura

Empenhadas em dar outro destino para o resíduo plástico que poderia poluir os oceanos, muitas empresas estão encontrando maneiras de incorporar o material em seus produtos. Mas como a união faz a força, um consórcio de empresas chamado NextWave Plastics se reuniu para compartilhar aprendizados e alcançar  maior escala de impacto ambiental.

A organização sem fins lucrativos Lonely Whale é responsável por reunir essas empresas. Ela criou a iniciativa NextWave em 2017 com o objetivo de limpar permanentemente 25 mil toneladas métricas de resíduos plásticos até 2025 que iriam parar ou já estavam no oceano. O plástico coletado está sendo usado na fabricação de produtos da Ikea, Dell e Herman Miller, por exemplo. 

Dune Ives, CEO da ONG Lonely Whale (Crédito: cortesia NextWave Plastics)

“Pensamos [no plástico dos oceanos] como lixo, mas não é”, diz Dune Ives, CEO da Lonely Whale. “Na verdade, é uma oportunidade desperdiçada. Estamos perdendo dinheiro e poluindo o oceano e nossas comunidades.”

Ives é uma das convidadas no podcast World Changing Ideas da Fast Company — junto com Jane Abernethy e Ellen Jackowski, diretoras de sustentabilidade da Humanscale e HP, respectivamente  duas das empresas escolhidas a dedo para participar do consórcio. 

Ellen Jackowski, diretora de sustentabilidade da HP (Crédito: cortesia NextWave Plastics)

Além de selecionar empresas que cumprirão as metas ambientais, a ONG deseja impactar as pessoas que estão na linha de frente da crise provocada pela poluição do plástico. Ao redor do mundo, as empresas devem construir cadeias de suprimentos que considerem as necessidades das comunidades locais. A HP, por exemplo, usa o equivalente a um milhão de garrafas pet por dia em seus produtos, e agora recicla o plástico coletado no Haiti em cartuchos de impressora, ventiladores de mesa e até mesmo notebooks inteiros.

(Crédito: HP)

Reutilizar o plástico dessa forma não exige muitas mudanças no projeto ou na fabricação dos produtos, afirma Abernethy. Mas ela reconhece que “é um conjunto muito mais profundo de considerações. Em vez de dizer: ‘Vamos apenas encontrar o melhor preço’, precisamos indagar: é um benefício para essas comunidades? Os colaboradores que fazem a coleta estão recebendo um salário justo?”

Jane Abernethy, diretora de sustentabilidade da Humanscale (Crédito: cortesia NextWave Plastics)

Ives conta que trabalhar com a NextWave permite que as empresas aprendam com outras pessoas — e compartilhem as descobertas de seus sucessos. Por exemplo, a HP pode trocar informações sobre sua cadeia de suprimentos no Haiti com a rival Dell, que trabalha com plástico da Indonésia. “Não é toda empresa que deseja sentar-se à mesa com seus concorrentes”, ela diz. “Reconhecemos que, mesmo se usarmos apenas plástico descartado nos oceanos em todos os nossos produtos, não resolveremos o problema por conta própria”, acrescenta Abernethy.

Além disso, a parceria estimula uma competição positiva — o que Ives espera que possa ajudar a NextWave a superar sua meta para 2025. “Ellen e Jane poderiam dizer: ‘Quero ver as suas 25 mil toneladas, porque nós conseguiremos 150 mil’”, brinca Ives. “Esse grupo topa qualquer desafio. Temos muita energia”.


SOBRE O AUTOR

Talib Visram escreve para a Fast Company e é apresentador do podcast World Changing Ideas. saiba mais