Investimento em energia limpa ultrapassa os gastos com combustíveis fósseis

Pela primeira vez, os investimentos em energia solar devem ultrapassar os da produção de petróleo

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Kristin Toussaint 2 minutos de leitura

Evitar o pior da crise climática requer mudar drasticamente o tipo de energia no qual investimos: menos para projetos de combustíveis fósseis e mais para as fontes de energia limpa.

Embora os investimentos em combustíveis fósseis ainda sejam altos – com bancos, fundos de aposentadoria e instituições acadêmicas continuando a canalizar dinheiro para petróleo e gás – os investimentos em energia renovável estão começando a assumir o controle.

Agora, para cada US$ 1 investido em combustíveis fósseis, cerca de US$ 1,70 vai para energia limpa, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

Cinco anos atrás, essa proporção era de 1 para 1, comparou o diretor-executivo da IEA, Fatih Birol, em comunicado, observando que o destaque vai para a energia solar, “que deve superar pela primeira vez o volume de investimento na produção de petróleo.”

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Os números vêm de um relatório da IEA sobre investimentos mundiais em energia, que analisou o cenário de investimentos em 2022 e o cenário para 2023. No total, cerca de US$ 2,8 trilhões devem ser investidos em energia em todo o mundo até o final deste ano.

Espera-se que mais de US$ 1,7 trilhão desse total vá para “tecnologias limpas”, incluindo não apenas usinas de energia renovável e redes de energia, mas também veículos elétricos, soluções de armazenamento, combustíveis de baixa emissão e bombas de calor.

O restante – mais de US$ 1 trilhão – deve ir para carvão, gás e petróleo. Ainda é uma quantia enorme, embora um movimento para desinvestir nos combustíveis fósseis tenha ganhado força nos últimos anos, tirando trilhões de projetos nesse tipo de fonte energética.

REDUÇÃO DE CUSTOS

A IEA observa que eventos como a invasão da Ucrânia e a aprovação da Lei de Redução da Inflação nos EUA aumentaram as preocupações com a segurança energética e o uso de combustíveis fósseis, ao mesmo tempo em que aumentaram o apoio à energia limpa.

Ainda assim, o investimento em combustíveis fósseis – e seu uso – é maior do que os objetivos climáticos permitem:

Atualmente, para cada US$ 1 investido em combustíveis fósseis, cerca de US$ 1,70 vai para energia limpa.

a demanda por carvão atingiu um recorde histórico em 2022. O investimento em carvão este ano está prestes a atingir quase seis vezes os níveis planejados para 2030, de acordo com o Cenário Net Zero Emissions by 2050 da IEA.

Uma razão para o aumento dos investimentos em energia limpa pode estar ligada à redução dos custos. Entre 2009 e 2019, o preço da energia solar caiu 89% e o da eólica onshore, 70%. Já a eletricidade gerada por uma nova usina de carvão tornou-se 177% mais cara do que a gerada por novos painéis solares.

Espera-se que os preços da energia limpa continuem caindo. No entanto, a IEA alerta que as taxas de juros mais altas, o custo de capital e “serviços públicos com dificuldades financeiras” estão atrasando os investimentos em energia limpa em vários países.

“Muito mais ainda precisa ser feito pela comunidade internacional”, escreve a agência, “especialmente para impulsionar o investimento em economias de baixa renda, onde o setor privado tem relutado em se aventurar”.


SOBRE A AUTORA

Kristin Toussaint é editora assistente da editoria de Impacto da Fast Company. saiba mais