Por que as perucas de Lady Gaga em House of Gucci foram indicadas ao Oscar

Crédito: Fast Company Brasil

Mark Wilson 3 minutos de leitura

Assim que estreou, House of Gucci se tornou um dos favoritos ao Oscar. Dirigido por Ridley Scott, o longa traz todos os elementos que a Academia adora. Ele mostra a ascensão de Patrizia Reggiani (interpretada por Lady Gaga) ao se casar com um membro da família Gucci. Condensando 25 anos de vida em duas horas, ela passa de uma socialite a uma vingativa rainha da moda, quando encomenda o assassinato de seu marido, Maurizio Gucci (Adam Driver).

No entanto, House of Gucci recebeu apenas uma única indicação: Melhor Cabelo e Maquiagem. Mas foi mais do que justa. No filme, o estilista de longa data de Gaga, Frederic Aspiras – que foi indicado junto com sua equipe – conta uma brilhante história através dos cabelos da protagonista.

“A única exigência que [Gaga] me fez foi: ‘Quando eu me vir em tela, não quero ver a Lady Gaga’”, revela Aspiras,  que passou seis meses estudando formas de atender ao pedido da cantora. Ele dissecava o roteiro enquanto vasculhava fotos históricas e, finalmente, criou um guia de referência de 400 páginas com 54 looks distintos para a artista.

Lady Gaga e o hair designer Frederic Aspiras (Créditos: Fabio Lovino/ MGM)

Ele sabia que o tempo total das filmagens seria curto e que Gaga precisaria envelhecer quase três décadas em tela. Fazer e refazer seu cabelo real a cada cena estava fora de questão. Em vez disso, criou uma touca personalizada e extremamente fina para cobrir o cabelo da artista, além de 15 perucas e apliques que ela usaria no set, dos quais dez aparecem na versão final do longa.

A EVOLUÇÃO DO CABELO

“No começo do filme, vemos a personagem muito jovem, com uma aparência inocente. Queria um penteado que transmitisse um ar de jovialidade e frescor”, conta Aspiras. Ele estudou o que mulheres italianas costumavam usar na década de 1970 e descobriu que reproduziam a sensibilidade fashion e estética dos filmes de Fellini dos anos 60.

Reggiani e Gucci, então, se conhecem, se apaixonam e têm um bebê. Movido em grande parte pelas paixões e ambições de Reggiani, Gucci fica encarregado de comandar os negócios da família. Conforme avançamos na década de 1980, o casal abandona as pitorescas ruas da Itália por Manhattan. E o cabelo de Reggiani a segue nessa jornada. Ela começa a usá-lo tingido de preto e com permanente. “Os cabelos volumosos dos anos 80 representavam poder, força”, explica Aspiras.

Em meados dos anos 80, a influência de Reggiani, tanto sobre seu marido quanto nos negócios da família, começa a diminuir. Quando ela entra na casa dos 40, seu cabelo começa a perder volume. Mesmo assim, continua cada vez mais agressivo – maior e mais crespo – refletindo sua inquietação interna.

“O estilo real de Patrizia era exagerado. Ela não reproduzia a beleza clássica. Tingia e mudava com frequência de penteado. Eu queria mostrar isso no filme”, explica Aspiras. “Após a morte de Maurizio, reivindica sua casa de volta e expulsa a amante do ex. Ela entra com seu grande casaco de pele, cabelo preto esvoaçante e a expulsa da casa. Se estivesse usando um coque, por exemplo, a cena teria sido completamente diferente. O penteado que escolhemos exala poder e é o símbolo da iconografia dos anos 80.”

Mas é claro que, a essa altura do filme, já estávamos na verdade nos anos 90. Era de se imaginar que Patrizia estivesse usando outro penteado, que marcou a época e ficou mundialmente conhecido como “Rachel” (o icônico corte de cabelo da personagem de Friends interpretada por Jennifer Aniston, Rachel Green). 


SOBRE O AUTOR

Mark Wilson é redator sênior da Fast Company. Escreve sobre design, tecnologia e cultura há quase 15 anos. saiba mais